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segunda-feira, 12 de março de 2007

F1 1999 – No paddock de Interlagos.

Para um apaixonado pela Fórmula 1 de tão longa data a não presença em um Grande Prêmio oficial pode parecer no mínimo esquisita, mas a cobertura na televisão, revistas, internet e o uso intensivo de simuladores me deixaram bastante atualizados e nunca senti a necessidade de estar fisicamente presente e até pelo contrário me arrepia a idéia de dividir uma arquibancada com tantas pessoas. Até um dia em 1999...

Meu amigo Chico Maia, piloto de reconhecidas qualidades, várias vezes campeão no automobilismo e muito ligado ao Joanir Zonta e seu filho Ricardo perguntou-me se interessava ir a Interlagos ver a segunda corrida do Ricardo na F1 e a primeira no Brasil. O Ricardo estreava neste ano pela equipe BAR tendo como companheiro o Jacques Villeneuve e na Austrália seu começo foi relativamente promissor porque mesmo tendo uma má qualificação em corrida chegou a andar na zona de pontuação até quebrar. Aceitei e fomos.

Quinta-feira – 08/04/1999
Viagem tranqüila a São Paulo a bordo de um Golf, como curiosidade desta viagem fomos pegos em velocidade acima da permitida e quando eu conversava com o guarda o Chico deu-lhe uma carteirada de fiscal federal e disse que estávamos a serviço desmantelando uma gangue que roubava palmitos na Barra do Turvo, com isto reduziu a multa para direção perigosa.

Chegando a São Paulo fomos diretos ao hotel Meliá nos encontramos com o Joanir para pegar as credenciais e aí começou a série de coisas maravilhosas que me levam a recordar e a escrever para poder viver várias vezes as enormes emoções vividas neste GP. Já no hall de entrada encontramos o Jean Alesi, muito gentil retribuiu nosso cumprimento e no balcão ficamos lado a lado com o Jackie Steward. Só ele e por este momento de estar ao seu lado já justificaria a viagem, igualmente gentil soube entender que meus olhares não eram de bichisse e sim de uma admiração por estar lado a lado de um ícone desta categoria que eu tanto admiro. Os atendentes do hotel avisaram ao Joanir que estávamos lá e ele veio nos encontrar.

Subimos ao seu apartamento aonde logo mais o Ricardo veio para conversar e era a primeira vez que eu o via. Bah chê só olhando um piloto de F1 para entender, transpirando energia em um corpo triangular é uma figura que impressionou. A conversa foi amena e era visível a tensão e me adianto a esta situação, todos os pilotos que encontramos estavam assim e foi notável a diferença que ocorreu depois que eles foram para a pista no primeiro treino, foi como uma barreira se quebrasse e a maioria deles mudou radicalmente.

Fomos jantar juntos e a grande surpresa, ao nosso lado senta-se o Mika Häkkinen e sua esposa Erja que para deixar a ocasião perturbada ficou dando uns sorrisos extras ao amigo Chico o que provavelmente deve ter incomodado o Mika mesmo que ele não deixou transparecer. O Mika é uma exceção em se tratando de um piloto de F1, a enorme quantidade de fraturas que este caboclo já teve em acidentes monstruosos o deixou esquisito de se olhar impressão esta que mudou completamente quando o encontramos no dia seguinte já de macacão onde aí sim ele fica com a imagem de um atleta de alto desempenho.

Sexta-Feira – 09/04/1999
Fomos cedo para o autódromo onde fizemos o reconhecimento do local e a nossa instalação no paddock da equipe. Em breve o Joanir juntou-se a nós e tivemos as primeiras experiências do que é ser vip neste ambiente, paparicados assume uma nova maneira de interpretação desta palavra, basta dizer que eu tinha dificuldades em escolher qual marca de charuto iria fumar. Vimos e fomos vistos por muitos, mas era sexta-feira e todos estavam se ambientando e havia um nervoso generalizado para os treinos que logo iriam começar. Nossa credencial dava direito a visitar os boxes em qualquer horário, mas o fato é que este ambiente é de trabalho intenso e a nossa própria equipe reserva um espaço de menos de um metro quadrado em canto e de lá não se pode se mexer. Não deixou de ser curioso de ver que o Jacques Villeneuve não tirou o capacete em nenhum momento daqueles que eu o vi inclusive ao banheiro ele foi de capacete.
Para nossa infelicidade o Ricardo Zonta bateu forte na curva ao final da descida do lago pondo fim a nossa torcida especifica, os danos eu mencionarei mais adiante. Assim sendo o resto do dia ficou nebuloso até literalmente, pois choveu à tarde. Demos carona para o Joanir e de presente ele deixou um guarda-chuva da Bridgestone. Jantamos e cama cedo.

Sábado – 10/04/1999Novamente bem cedo para o autódromo e ainda bem que bem cedo, o Joãozinho deu uma errada e quando estávamos chegando ao Rio de Janeiro corrigimos a rota. Deixamos à bolsa no paddock e fomos circular até chegarmos à entrada de Interlagos para quem vem de carro ou helicóptero, estando aí o Chico perguntou se eu estava com a máquina fotográfica e eu comentei que não e isto não era importante, importante era a fotografia que teríamos em nossas cabeças. O Chico não se conformou e voluntariamente foi até o paddock buscá-la. Isto não é brincadeira, o caminho era super longo em subida além das escadarias e neste gesto aumentou meu entendimento do quanto à amizade dele me é preciosa.Lá embaixo estávamos em poucos e os outros eram cinegrafistas que filmavam as entradas dos famosos e aí uma coisa bastante engraçada aconteceu, entre eles havia um que dizia - filme este - ou - aquele é o fulano - in english of course. Aí o pessoal corria e mandava bala. Estávamos íntimos já e trocávamos risadas embora eu me pergunte como se o inglês do Chico e o meu juntos não pesava mais que meia grama, sei que uma hora este caboclo apontou um cara e foi àquela correria para filmar e daí sim a coisa ficou muito engraçada porque o mencionado não era ninguém especial e sim um conhecido do apontador. Mais um tempo e eu desci até a entrada que ficava a uns cem metros de onde estavam este pessoal e eis que acontece algo fantástico, eu sozinho lá na frente e eis que entra o Michael Schumacher também sozinho, pus todo meu inglês para funcionar e o cumprimentei usando-o integralmente “Hi” de resto nem português sairia pela minha boca tal a intensidade do momento. O fato é que ele foi muito agradável e não ligou que eu continuasse com o braço na suas costas e assim subimos em direção a entrada dos boxes. Quando o pessoal das câmaras o viram foi um frenesi e todos correram para cima dele e para acompanhar aquele clima descontraído ele se jogou para trás e se amparou no meu braço. E logo em seguida este meu grande amigo Chico Maia armado com a nossa câmara bateu a foto abaixo:



As emoções estavam sobrando, logo em seguida começaram a chegar mais pilotos e com exceção do David Coulthard e o Eddie Irvine que foram muito arrogantes o restante foi maravilhoso, o Rubens Barrichello pode ser um falador confuso nas entrevistas, mas pessoalmente é de uma gentileza extrema e de todos quem leva o troféu simpatia é o Alessandro Zanardi mesmo que o Michael seja também um sério concorrente só que neste caso é mais fácil ter sorrisos a postos com um bicampeonato na bagagem hehehe.



Voltamos ao paddock para acompanhar a qualificação e continuarmos a receber toda a atenção tanto que até hoje quando espirro ainda fica saindo caviar do meu nariz. O Mika foi pole.

Uma fofoca do Gazetinha aqui, meia hora antes da qualificação começar eu sentei sozinho em uma escadaria que leva ao paddock e fiquei assistindo ao movimento na rua detrás dos boxes, eis que o Rubens Barrichello está com a Silvana e mais um grupo de amigos. Só que ele estava dando um malho na menina que depois seria a sua esposa. Incrível que com todo aglomerado ele conseguiu ficar excitado ao ponto de estufar o macacão, não faz meu gosto este exibicionismo explicito, porém como curiosidade é interessante e mostra que ele devia estar bem relaxado a até porque ele conseguiu um brilhante terceiro posto na qualificação.

Domingo – 11/04/1999
Novamente muito cedo para o autódromo e aí impressionou a quantidade de gente na fila, não era o nosso caso e entramos facilmente.

Agora todo o paddock estava tomado embora isto não diminuísse nem um pouco a atenção que prestavam a nós. Uma curiosidade é que eu devia estar sendo confundido com alguém, pois estavam ficando comum as pessoas me cumprimentarem sendo que o máximo fui eu em determinado momento entrar no espaço da Jordan quando o Eddie Jordan estava dando uma entrevista para a televisão junto com os seus pilotos o Heinz-Harald Frentzen e o Damon Hill, me encostei à parede para assistir a eles quando o Eddie olhou para mim e me cumprimentou acenando e logo em seguida o Frentzen e o Damon também o fizeram para mim sorrindo e com gestos largos.
E tem mais, que tal o Nelson Piquet perguntando se a sua esposa podia ficar conosco enquanto ele tinha que resolver alguma coisa em outro lugar, obviamente nós ficamos felizes em atendê-lo e infelizmente não acho a foto que iria ilustrar este acontecimento então só digo que ela é uma mulher belíssima e bastante agradável.

Terminada a corrida (Mika venceu) o Chico e eu fomos para o hospital São Luis onde o Ricardo estava internado onde conversamos bastante e conferimos à gravidade do acidente. O Zonta teve seu pé perfurado por algum pedaço do carro e fraturou alguns ossos do pé que o deixou fora de várias corridas. Do hospital voltamos a Curitiba e só me recordo acordando no Pinheirinho porque o Chico veio dirigindo.

Para dar uma cor a este diário vai uma fofoca sobre a Viviane Senna, não vi pessoalmente e sim esta situação apareceu depois. A moça que antes era irmã do Ayrton e agora mãe do Bruno Senna (Vocês queriam saber qual a criança que a Fundação Ayrton Senna ajuda, pois é está aí é o próprio filho com sua carreira automobilística que custa alguns milhões de dólares hehehe) estava meio galinha no autódromo chegando a quem desse mole, provavelmente a partir de um determinado nível de poder o que por engano eu poderia ser incluído hehehe e uma das vitimas foi o Jackie Steward e se ficarem incrédulos olhem a foto abaixo:

Léozinho boca de caçapa ou Gazetinha fala e mostra hehehe, se o Jackie baixasse o olhar ia ver o umbigo da dona.

2 comentários:

  1. Fui eu quem postou a outra mensagem, eu tinha nome de guerra e nem sabia, que coisa!

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  2. Adorei João, obrigado por compartilhar suas aventuras automobilíticas.

    PS: Ainda não consegui ler a viagem ao Ushuaia até o final mas nem por isso seu relato é menos interessante.
    Edenilson Penco
    22 de março de 2007 06:55

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