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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lençóis Maranhenses

Este relato faz parte da viagem relatada em “Viajando Brasil – 2008 e Viajando Brasil – 2008 - II

23 de maio de 2008

Saí de madrugada próximo às quatro da manhã até para dar tempo de secar a lambança que fiz no chão. Mansamente fui deixando São Luis e vejam que grata surpresa, uma caboclo na beira da estrada vendendo café da manhã! E um ótimo café com leite e uns bijus para completar. Como uma terra com pessoas assim podem escolher um Sarney para governá-los?

Virei para Barreirinha e desanimei, a estrada é boa, mas forrada de lombadas, incrível basta uma casinha de terra batida que lá vêm lombadas inclusive duas que podem ser consideradas as maiores do Brasil senão quiçá do mundo, na volta irei fotografá-la. Onde podia errar o caminho errei nada grave e mais gente errava junto.

A emoção me pegou forte quando:

Na cidade parei no posto BR logo na entrada para abastecer e colocar água e novamente a sorte minha de ter exigido um bocal grande para ela, novamente a mangueira era de uma bitola larga e a água impulsionada por motor, vapt-vupt e a caixa estava cheia. Parada chave esta porque conversando com o pessoal para saber meus próximos passos já chamaram um menino que é guia oficial e tudo se resolveu. Tenho dois passeios marcados para os próximos dias e sou residente temporário de Barreirinhas com direito a conta de luz:

Já almocei o meu camarãozinho básico e escrevo enquanto estou aguardando o pessoal Cemar vir ligar a luz. Meu endereço em Barreirinhas aqui ó:

Tudo instalado enquanto esperava meu guia aproveitei uma gráfica próxima e mandei confeccionar uns cartões de visita atualizados e já com esta foto acima, por doze reais evito um monte de me empresta caneta e papel.

Neste ínterim conheci o Senhor Washington que estava com um quadriciclo igual ao meu e aí a coisa rendeu um monte, ele visita Lençóis há dezoito anos e mora aqui a nove, conhece tudo. Quase certo que nós iremos fazer umas trilhas juntos embora ele tenha me convidado para este domingo e aí tem F1 Mônaco além de eu ter fechado um pacote para de tarde ver a Lagoa Azul e o pôr de sol. De qualquer maneira a trilha vai dar certa porque tem uma outra pessoa que aluga quadriciclos e faz trilhas todos os dias então é só uma questão de combinação.

Mais tarde sai com o Julio meu guia para conhecer as melhores pousadas e restaurantes da cidade e já sei em que pizzaria eu irei jantar. Amanhã passo o dia nas dunas e por lancha irei até o mar, volta programada à tarde.

24 de maio de 2008
Tchan, tchan, tchan, fiz café no motor-home, um cappuccino em pó é verdade, mas tive que esquentar água. Aproveitei antes que me viesse buscar de lancha (Por sinal estaciona a uns dez metros do motor-home no rio Preguiça) levar a roupa suja na lavanderia esta era mais longe uns vinte metros e descobri uma panificadora que serve café da manhã desde a madrugada. 

O passeio de lancha vai pelo rio Preguiças até a praia de Caburé onde se divide por uma faixa de areia mar e rio. Paramos antes nas famosas dunas que é realmente uma visão impressionante, subi à primeira delas e voltei porque a minha língua ficou muita de fora e com isto ela raspava na areia. Fiquei na sombra com minha água de coco vendo uns macaquinhos fazerem arte ou ao contrário os turistas fazendo arte e os macacos assistindo hehehe. 

Na praia do Caburé almocei uns camarões fabulosos e depois sai para ir à praia, quando eu vi que ela era a mais de cem metros de distância quase desisti, por sorte alugavam quadriciclos ao lado do restaurante então... 

O resto da tarde soneca na rede e a volta por este belo rio. Noite uma pizza grande que sumiu inteira. 

25 de maio de 2008

À noite tive umas quedas de energia, depois vi que era mau contato na minha tomada interna, mexendo um pouco ela ligava novamente, como é dia de F1 a primeira coisa depois de tomar café (hehehe segunda vez que eu faço) foi tentar dar um jeito nisto, despuglei a tomada só que troquei as bolas, a que desliguei desconectava a casa e não a rede. Conclusão eu tomei um choque que me deixou iluminado. Deixei meia boca e amanhã vou desmontar o sistema e depois de foder com tudo eu chamo um eletricista. 

A corrida foi um show e para entendê-la teria que assistir mais um par de vezes tais as variáveis que ocorreram. Já no final dela sem eu ter feito nada a televisão perdeu o sinal. Nem pensei muito e corri no vizinho perguntando se ele tinha televisão e se estava ligada, ufa ele também estava assistindo a corrida. Na volta tentei achar o defeito e neca. Isto significa sem televisão comum até a volta a base.

Logo após o almoço fiz a excursão programada para os Grandes Lençóis, o Toyota veio me buscar em casa e junto com um grupo muito legal de gente de vários estados do Brasil. O carro tem uma plataforma atrás que o transforma em uma jardineira e vai para lá por trilhas dificílimas com trechos alagados que ele supera muito bem. Um ótimo passeio com um visual que para variar a fotografia massacra. 

Ficamos até o pôr do sol e na volta quando paramos para esperar a balsa comemos uns beijus com coco e leite condensado deliciosos. 

Amanhã além da lavanderia não tenho mais compromissos marcados e a trilha com quadriciclo acredito que deixarei para outra oportunidade. Como terei que fazer negociações em Belém com a balsa é melhor pegar dias úteis para poder acertar com tranqüilidade aquilo que é o objetivo número um da viagem.

26 de maio de 2008
Rotina matinal e saí para procurar uma tomada fêmea com dois buracos grandes para substituir na entrada da eletricidade na casa. Já está sendo um prazer andar na cidade, é olá para todos os lados e nem bem andei um pouco já encontrei o Didi que eu tinha conhecido no passeio de ontem e fomos nós revirarmos em todas as lojas, só uma tinha uma caixa próxima do que eu precisava, infelizmente era só de machos. Na lavanderia minha roupa ainda não estava pronta então voltei em casa a fim de ajeitar as coisas e eis que chega o Washington me convidando para ir para a trilha YES! Vapt-vupt sacola pronta, quadriciclo fora, casa fechada e se mandamos para o posto completar combustível e óleo. Por uma sorte imensa o posto não tinha óleo para os quadriciclos então fomos procurar o Alfonso, uma pessoa que mantém doze quadriciclos de aluguel e na cidade já tinha me falado que ele era um guia excelente. Aí começa uma história excepcional, são quase nove horas da noite e acabei de chegar da viagem que começou ontem e se transformou no melhor passeio ou aventura da minha vida e digo, também deve ter sido para todos que já o fizeram. Então sem banho ainda passo a descrevê-la.

Os personagens são: 

Alfonso Henrique Leal – Proprietário da Tropical Adventure, Lençóis sem ele passa a ser um guardanapo bonitinho, com ele uma aventura para nunca esquecer. Altamente motivador nos parecia como também fosse sua primeira vez neste paraíso tal o seu amor pelo local e pela sua profissão. Na foto à esquerda. http://www.tropical-adventure-expedicoes.com/

Marcos – Guia da empresa, rapaz simpático e prestativo, fica sempre atrás para ajudar a quem tiver alguma dificuldade. Também é guia líder na falta do Alfonso. 

Danilo e Sandra – Ambos médicos com especialidade em otorrinolaringologia, nunca andaram em um quadriciclo ou motocicleta apesar do Danilo confessar que em tenra idade ganhou um triciclo de pedal. A Sandra foi fundamental para que esta viagem ocorresse, foi ela que veio com desejo de conhecer Santo Amaro e assim o Alfonso preparou esta viagem para eles. Tem a sua base em Belo Horizonte e comem pouco queijo. 

Eduardo – Advogado em São Paulo, já conhecia os Lençóis e venho para cá desta vez unicamente para fazer esta expedição de quadriciclo. Tem como hobby a pilotagem de motocicletas em corridas de enduro e MotoCross. 

Washington de Sousa Fragoso – Quis o destino que o nosso encontro fortuito desencadeasse a série de coincidências que possibilitaram esta bela aventura. Ele é dono da pousada Parknáutico e tem um excelente suporte para motor-home de qualquer tamanho.

Seu endereço eletrônico é http://www.parknautico.com.br/intro.html e o e-mail parknautico@hotmail.com

Tal como eu nós temos o seu próprio quadriciclo. 

 João Leopold – Profissão anterior comerciante aposentado e a partir de agora propagandista oficial dos Lençóis Maranhenses, melhor propagandista oficial da Tropical Adventure e do Alfonso. 

 Chegando à base do Alfonso que têm uma boa estrutura com posto de combustível, oficina, loja de conveniência, etc. lá nós encontramos o mesmo e os outros em preparos finais para saírem de viagem e daí nos convidaram para irmos juntos. Como Santo Amaro já fazia parte das viagens que o Washington queria fazer aceitamos prontamente e chispamos para a minha casa para eu completar o resto de material da viagem assim como o Washington também. Combinamos se encontrar na balsa como de fato ocorreu. 

O começo efetivo são trilhas através de um mangue gigantesco que por ser temporada das águas ficam alagadas. Primeira vez na vida de chapéu. 

 

Muita água depois entramos efetivamente nos Lençóis Maranhenses. 

Uma explicação para estas fotos – Elas são os resultados do enorme profissionalismo do Alfonso, são setecentos e oito fotos, enquanto ele lidera a expedição é comum ficar de pé no seu quadriciclo andando e se virar para fotografar. Importante dizer que ele é piloto profissional de quadriciclo e tem excelentes classificações no Rali dos Sertões. Na mesma noite da nossa chegada ele nos entregou os dois cds com elas como presente. Eu mesmo bati uma única foto que é justamente aquela que está em cima mostrando o Alfonso e o Marcos. 

Já nas dunas: 

Primeiro banho. Um sonho, água translúcida por cima esverdeada e por baixo de um azul cristalino em uma temperatura ideal. Calculamos que poderíamos escolher entre as sete mil piscinas aquelas que melhor nos conviesse.

 

Não se desassociem do tempo, são horas de viagem e nada se repete. Em cada trecho são tantas emoções que não é incomum a quem faz este passeio derramar lágrimas perante a tanta beleza e por estar participando dela. Eu mesmo enquanto escrevo é comum elas escorrerem. Ter vivido isto é como uma expiação, o tribunal da vida me julgou inocente e a sentença fui eu poder usufruir a magnitude destes Lençóis Maranhenses.

 

Uma das cascatas (Tudo água doce) a beira do mar, é tanta água nos Lençóis que ocorre estas situações curiosas.

 

Constantemente atravessando água, Lençóis têm duas estações definidas que são inverno e verão, a primeira é porque chove e gera este tipo de espetáculo, a segunda é caracterizada por nenhuma chuva, as piscinas ficam raras e em troca as dunas ficam completamente brancas fazendo um outro tipo de espetáculo. Abaixo com o mar fazendo o fundo.

 

Paramos para o almoço em uma cabana de pescadores nômades, eles se estabelecem no inverno próximo à praia e longe de tudo e vivem da pesca salgando os peixes. No verão como o mar e o vento ficam muito fortes também eles se locomovem para a terra e cuidam de lavouras. Uma vida muito simples e preciosa. 

Ninguém de nós levou coisas para comer então eles fritaram uns peixes para nós. A situação virou motiva de risadas por um longo tempo porque os peixes servidos estavam salgados absurdamente e daí em diante tudo que íamos comer em outros lugares brincávamos que queríamos com bastante sal. A rapaziada acabou fritando uns peixes frescos que usam para eles obviamente e estes estavam deliciosos. 

E a viagem continua e muita água no caminho para a nossa alegria hehehe. Se observarem o Marcos está a pé, afinal alguém tinha que ver o quanto fundo a coisa ficava. 

E a viagem continua: 

Aja água embora isto não impedisse de eu manter meu cigarrinho aceso. 

Chegamos a Queimadas dos Britos, Dona Joana que aparece na foto abaixo é artista de cinema internacional, uma grande companhia fez um documentário sobre os Lençóis e ela apareceu. Também estamos no meio deste imenso santuário e depois de todo aquele peixe salgado a Coca que ela vende fica com um sabor inesquecível. 

E a viagem a Santo Amaro continua. 

As dunas voltaram. 

Abaixo uma tartaruga que o Alfonso diz ser comum por aqui embora tenha sido a única que vimos. O curioso nesta cena não está registrado, o Marcos que estava segurando a tartaruga avisou – Olhem o quadriciclo descendo! Era o do Eduardo que tinha deixado ele desengatado e sem freio de mão e estava disparando pela encosta da duna em direção a lagoa. O surreal da situação foi que ninguém se mexeu até porque ele já estava inalcançável e ficamos dividindo o olhar para a tartaruga e para o quadriciclo esperando o momento que ele entrasse na água. O fato é que eles são tão estáveis que nem sozinho conseguiu fazer alguma coisa errada, quando já próximo à água o guidão virou e ele acabou parando na beirada sem nenhum dano. 

Anoitecendo e ainda tinha chão até Santo Amaro. 

Chegamos a Santo Amaro a noite e fomos direto para a pousada, todos com o espírito em alta e diria que até ansiosos pelo dia seguinte. O Eduardo e o Alfonso que sabiam lidar bem com suas máquinas fotográficas já arrumaram uma televisão para assistirmos as fotos. Deslumbramento geral e muitas conversas, fato é que fomos dormir bem depois da meia noite. 

27 de maio de 2008 

Seis horas eu já estava de pé, o Washington já tinha saído para fazer compras e logo em seguida o Alfonso e o Marcos apareceram e de saída botamos gasolina nos quadriciclos. Um ótimo café da manhã com uma parada em um mercado para repor água e outras coisinhas e iniciamos a volta por outro caminho. 

Em alguns lugares passamos por areias movediças e isto me impressionava, até porque recentemente tinha relido Papillon e estava viva na memória a morte do seu companheiro de fuga em uma delas na costa da Venezuela que fica um pouco acima daqui. Senti várias delas e com o quadriciclo não tem problemas maiores agora a pé à coisa impressiona. 

Uma paradinha básica para ver a paisagem, trocarmos figurinhas, tomarmos água e fumar um cigarrinho. Os quadriciclos são muito estáveis então efetivamente fazíamos isto andando e a paisagem nós podemos curtir ela tranquilamente porque uma regra implícita é seguir os rastros do líder, as dunas pregam peças e elas podem machucar de verdade, por uma ilusão de ótica não se percebe que ela de repente cai quase noventa graus em uma altura que às vezes chega a mais de cinqüenta metros. 

E a jornada de retorno continua este tipo de alagamento que estamos passando na foto abaixo é o mais propício para areia movediça. 

Mais uma parada para banho. 

Algumas cenas me lembravam o filme Dersu Uzala que se passa nas estepes siberianas. 

Tudo feito com segurança, cada vez que a cabeça do Marcos sumia na água mudávamos o trajeto. 

A travessia nas piscinas era ótima, areia firme embaixo e água transparente. 

Chegando para almoço na Dona Luzia. 

A Dona Luzia tem este restaurante e pousada longe de tudo, porém a sua fama diga-se totalmente justificada de ótimos camarões na brasa já atingiu o mundo inteiro, todas as grandes companhias internacionais que filmaram os Lençóis almoçaram aqui e do Brasil o pessoal da Rede Globo também quando além dos documentários fizeram uma novela (?) chamada Casa de Areia, aliás, nem entendi o titulo, será porque só os Grandes Lençóis tem 155.000 hectares de areia? 

Abaixo já comidos e reiniciando a viagem. 

O visual mudou novamente, agora estamos passando por lugares com dunas imensas, alucinante o que vemos e que tão pouco a fotografia mostra. 

 

Começa o anoitecer. 

No mangue à noite, delicioso trajeto! 

Na balsa cruzando o Rio Preguiça.

 Ainda deu tempo de visitarem minha casa. 

A noite ainda não tinha terminado, além de ficarmos um longo tempo batendo papo quando todos se dispersaram eu comecei a escrever este relato e ainda excitado decidi sair para jantar e não deu outra logo em seguida encontrei a Sandra e o Danilo onde comemos umas pizzas juntos. Não demorou muito e apareceu o Alfonso com os cds de fotografias, infelizmente ele não podia ficar, pois já estava indo para São Luis porque a vida dele continua e amanhã serão novos privilegiados na trilha. Então fomos ao hotel onde estava o Eduardo e se despedimos novamente. 

28 de maio de 2008

Rotina matinal seguida de ir para a base do Alfonso para lavar o quadriciclo e trocar o óleo. Chegando lá o Marcos já estava quase pronto para levar um outro grupo para o Canto dos Atins percurso de um dia. Conversei com o grupo que ia e descobri que eles já tinham feito à trilha e apenas voltaram para repeti-la. Que vontade de ir junto! Não fui porque senti que era necessário escrever e de qualquer maneira irei fazer este passeio outro dia. 

Almocei na casa do Washington e de tarde voltei para escrever e selecionar as fotos. 

29 de maio de 2008

Rotina matinal e arrepios de ver a casa bagunçada, quando eu a varrer irei levar a areia para fazer uma nova duna que batizarei de Minon que é meu patrocinador oficial. 

Escrevi pela manhã e depois fui procurar o Marcos que já tinha saído para a trilha novamente então fui resolver outras coisas como prorrogar minha conta de luz, comprar cigarros, etc. Almoço e soneca. 

À tarde visitei meu amigo Washington na pousada Parknáutico enquanto esperava o Marquinhos voltar da trilha. Quando ele chegou já combinamos uma nova trilha no sábado até porque antes eu fui ao escritório principal para saber se havia agenda marcada para turistas e tinham dois encomendados. Explico porque isto, como eu tenho quadriciclo eles me deixam acompanhar sem custos. Amanhã uma turista alugou todos os quadriciclos apenas com o intuito de fazer uma viagem solo com o guia, me confirmaram que isto é comum de acontecer. 

Jantei com o Washington seguido de cinema. 

30 de maio de 2008

Continua a faina de escrever este blog e também aproveitando que a internet está camarada enviando algumas fotografias aos amigos. No resto rotina de morador de uma cidade pequena. 

 

 

E faço isto tudo com Jesus me refrescando.

 

À noite o Alfonso e o Marcos vieram me visitar recém chegados da trilha onde foram levar a turista que mencionei acima, não tenho a liberdade de dar detalhes, pois trata-se de uma princesa e fez parte do acordo deles o sigilo. Uma interessante estrutura foi montada porque ela foi para as dunas de Land Rover e somente lá usou o quadriciclo. Como o Alfonso confirmou a nossa viagem amanhã (Iremos com seis quadriciclos) é quase certo que terei mais alguns detalhes de quais foram às impressões dela. 

31 de maio de 2008


Eu seria capaz de fazer todos os dias estes passeios pelas dunas, que sensação fantástica de aventura e belezas sembra una cartolina! 

O percurso até o Canto do Atins é diferente do que realizamos a Santo Amaro e o ponto final da expedição é no Rancho do Buna. Nesta pousada almoçamos e a tarde volta. Confesso que o primeiro grupo para Santo Amaro foi uma companhia bastante melhor por dois fatores, o primeiro era o Alfonso batendo as fotos então o ritmo de todos era muito legal e hoje ao contrário as duas jovens senhoras que foram queriam bater as fotos elas mesmas e aí a coisa fica mais esquisita. E segundo um senhor que não entendi qual o relacionamento familiar se marido ou pai porque uma delas o chamava de pai, mas como já vi em outros casais este tratamento entre marido e mulher eu fiquei na dúvida, aliás, gostaria que Freud explicasse o uso destes termos, imagina na cama - vem aqui paizinho e meta este trabuco! Aí mãe! Mais rápido... Bom o fato é que ele mesmo que isto seja inimaginável não estava gostando da aventura ces’t la vie. 

Como já tenho em mente um retorno em breve para cá planejo combinar com o Alfonso esta expedição que visa dissecar de ponta a ponta os Grandes Lençóis e os Pequenos e escolher bem os parceiros. É muito interessante ter um pessoal prestativo junto, hoje mesmo por duas vezes eu socorri companheiros que encalharam e quando foi minha vez aconteceu de estar sozinho e último da fila. Pior ainda avisei o da frente que iria parar para dar uma colaboração às águas dos Lençóis. Então quando fui alcançá-los tinha um rio e eu não sabia o lugar onde eles tinham passado, optei pelo canto lógico e por algum erro escorreguei para o centro afundando demais o quadriciclo. Nisto também inexplicavelmente o motor morreu (Pensei imediatamente que havia entrado água no respiro do motor dando calço hidráulico), sem perder a cabeça pulei fora dele e isto o fez imediatamente flutuar comigo apenas o segurando, tentei um grito pedindo ajuda só por desencargo, pois nem ouvia o barulho dos motores. O negócio então era o empurrar até alguma coisa sólida coisa que fiz lentamente naquele mundaréu de água. Por uma sorte que me beneficia inúmeras vezes e até para passar tempo dei na partida e ele rodou o motor, ufa daí foi só encontrar um lugar mais raso e monta-lo. 

Para finalizar e induzir a você que leu esta aventura fazer ela eu coloco o que eu acho importante: 

- Nestas duas viagens seis companheiros (Três homens e três mulheres) nunca tinham andado de quadriciclo e isto não impediu em nada deles usufruírem bastante porque o aprendizado é muito rápido. 

- Todas as situações são muito bem administradas pelo Alfonso, só arrisca se machucar quem desobedece às regras e mesmo assim é difícil tal a estabilidade do quadriciclo e de seu poder de frenagem. 

- Poderia se temer o sol equatoriano e a grande exposição que somos submetidos, bom eu sou branco e para competir comigo só sendo albino e cá estou eu feliz e sorridente sem ainda ter descascado um pedacinho de pele durante toda esta viagem. Aqui efetivamente usei protetor solar fator 30 e foi mais que suficiente para eu estar protegido e intacto. 

- Preparo físico. Neste item eu sou campeão de levantamento de cigarro, de arremesso de xepa não mais porque o amor pela natureza impede este vandalismo. Eu levo uma vida sedentária ao extremo e músculos eu conheço só na sopa e mesmo assim afirmo que nenhuma dor ou cansaço eu senti e posso falar isto também dos companheiros que chegaram todos absolutamente intactos. 

- Ninguém teve nenhum tipo de machucado, arranhão ou indisposição. Só uma quase tentativa de assassinato de uma garota que nem era do nosso grupo. O que aconteceu é que a amiga dela derrubou a câmera fotográfica no rio Preguiças. Segundo o balseiro aquela era septuagésima câmara que caiu lá e foi se juntar com os 4.280 óculos escuros perdidos da mesma maneira. 

Amanhã sigo em direção a Belém.

6 comentários:

  1. Que aventura! Já ouvi falar do Alfonso e estamos indo para lá dia 17 de abril próximo. Vamos fazer o passeio de quadriciclo mas voltaremos no mesmo dia para Barreirinhas. Lindas as fotos!

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    1. Caro anonimo você não postou seu endereço, conte-me como foi a sua aventura!

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  2. Caro João, tenho lido suas viagens, em especial as da argentina e chile, (pois estamos, eu e minha esposa, montando nosso 1º MH, um iveco igual ao que você teve) e tenho pesquisado bastante estes roteiros. Fiquei muito emocionado com seus relatos, dedicados a sua Iara, na viagem que seria em comboio.
    Imagino que seria realmente assim, como você relatou, por isso sempre viajamos a sós. Mas os lugares são lindos e inspiradores e sentimos uma necessidade enorme de conhece-los e de carro claro. Nossos familiares acham loucura, pois são muito comodistas, mas eu mesmo não acho graça nenhuma em subir em avião aqui e descer em barriloche por exemplo... Gostaria de, como você diz, "trocar umas figurinhas" sobre ushuaia e outros destinos, se possível claro.
    Abraço,
    Lucas Alves (Marechal Deodoro-AL)
    cgdemelo@ig.com.br

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  3. Caro Lucas – Muito, muito obrigado pelo seu comentário! Em um domingo estranho em que o frio de fora combina com o meu espírito seu comentário me dá o calor das lembranças!
    Já agende nesta sua viagem uma parada aqui em São José dos Pinhais, um estacionamento especial com luz e água e uma última manutenção na Trailemar te aguardam.
    Aqui você poderá conversar com o Laranjeira que junto com a sua esposa Rosaura que também tem uma quilometragem gigantesca de viagens com o motorhome. Eles e a fotografia da casa rodante estão na revista Quatro Rodas edição 654, de março de 2014 na página 22.
    Vai ser um prazer conversarmos Lucas. Estou enviando via e-mail uma cópia deste.
    Pelas suas palavras nossos sentimentos sobre viagens combinam.
    Cordiais saudações

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  4. João. Linda viagem. Vou usar toda sua experiência para nossa ida a Lençois em 2015. Grande abraço de Carlos e Gleidys de nasestradasdoplaneta.com.br

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    1. Valeu Carlos e Gleidys - Passeei no blog de vocês e depois o lerei com mais tranquilidade, a cozinha rápida de vocês foi de dar água na boca!
      Fico na torcida de uma boa experiencia e lembrem-se do Alfonso, foi ele que demarcou o parque e ama tudo aquilo.

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