Piedra Del Aquila 03/07/2000 – Esta é a data em que a Iara enviou uma carta desta cidade da Argentina para a minha mãe. Recentemente minha irmã que ficou com parte da documentação e lembranças dela me mostrou.
Explode as lembranças e aí vai este relato desta odisseia ampliado a outros momentos passados lá.
“...Rio de la Plata
Florida, Corrientes, Nueve de Julio
Tudo que eu quero saber...”
Florida, Corrientes, Nueve de Julio
Tudo que eu quero saber...”
Argentina – Foi paixão a primeira vista e o tempo a
transformou em sólido amor.
Antes
de 1998 (Primeira vez)
O
relato está neste endereço:
Este motorhome Iveco foi construído na Vettura e a estreia foi na Argentina.
Estreia em termos, acredito que os dez mil quilômetros iniciais foram idas e vindas até a fábrica para correções de erros grosseiros de montagem e em todos, o Sr. Natalin Pasa se eximia de responsabilidade. O aquecedor nunca foi testado porque no primeiro banho ele não funcionou, não havia ar para o queimador. Mais uns dias fim das bombas de água, desmontado o sistema estavam entupidos de uma massa branca viscosa e ele me acusou que era minha culpa e que ele não usava este material. Fui no setor que ele fabricava as caixas e banheiros e mostrei o material para ele. Dei um pulo até São Paulo e fiquei preso nas sapatas hidráulicas por erro de montagem e detalhe, a tampa que a recobria o motor atrás do armário de roupas tinha sessenta e quatro parafusos de fixação! Quando me entregou o motorhome foi com ele me buscar no aeroporto e sofreu um acidente amassando a lateral. Levei para consertar em São José dos Pinhais e nunca ele me perguntou o custo independente que eu não iria cobrar.
Tirando a Turiscar (tive dois - Vogue e Riviera) que tinha um catarinense que mexia na casa posso dizer que eu estou autorizado a falar mal destes gaúchos! Destes? Sim, o Sr. Guilherme Fröhlich da Industreiler e o Sr. Marcos da Euro Home pertencem ao time do Sr. Natalin Pasa.
A estreia efetiva com a Iara do meu lado foi a Argentina. E mais uma desgraça, ainda distante de Rio Cuarto caiu nossa caixa de água. Lentamente, muito lentamente nos arrastamos até a cidade chegando a noite. Todas as oficinas fechadas menos: Taller Don Mariano. Tudo combinado com o Don dormimos em seu taller para ele trabalhar no dia seguinte.
A caixa caída encostou no chão em uma parte de metal o que evitou danos a fibra, Don Mariano a desmontou totalmente fazendo uma nova estrutura. E de quebra ainda fez uma vareta regulável para manter o giro do motor um pouco mais alto quando usávamos o nosso ar condicionado parado.
Conhecemos sua família.
Problemas geram soluções e dão lucro quando a amizade é o resultado final! |
Nesta viagem inicial subíamos em direção ao Aconcágua quando falei com a Iara como a chuva estava estranha, pesada e viscosa.
Com muita alegria estávamos vendo iniciar a primeira nevasca na estrada! Congelamos fora da casa e aí uma foto rara já que não usávamos máquina fotográfica nas viagens.
Não era ainda a neve que iria branquear os Andes e já em seguida descemos em direção ao Ushuaia.
O Iveco tem uma autonomia pequena de combustível então encontrar os postos marcados era obrigatório. Na Patagônia quando passava um carro ou um caminhão eram trocados sinais de luz e acenos tal a raridade disto acontecer. No caminho para Comodoro estávamos passando uma comunidade a noite e nada do posto, decidindo retornar um carro nos alcança e pede para pararmos o que fizemos e ele desceu a nossa janela e perguntou – Vocês estão procurando o posto certo? Sim respondemos e ele indicou que ficava dentro daquela pequena cidade. Uma pequena gentileza que mostra a grandeza deste povo!
Mais uma – Descendo ao sul quebrou o suporte do motor que fazia ar para manter os pneus calibrados. Made Vettura! Fomos a cidade de Neuquén onde chegamos a noite e dormimos na frente da concessionária Fiat. De manhã fomos prontamente atendidos. O Luís, mecânico que trabalhou no carro levou aproximadamente seis horas para desmanchar a frente do carro, fazer um novo suporte e montar novamente. Fomos acertar as contas e qual o quê! Uma cortesia pelo prazer de verem pela primeira vez uma Daily com aquela finalidade e não ficou só nisto, deram uma dúzia de camisetas da empresa e mais mapas da região atualizados com previsões de tempo.
A noite ninguém trafegava e nós para dormir saíamos da estrada e pelo solo firme do pampa parávamos distante para criar o maior clima de solidão possível.
Numa parada desta com um vento estrondoso e nós ainda aprendendo fui tomar banho e a água não estava aquecendo ao meu gosto. O aquecedor ficava atrás do carro e para acessa-lo eu tinha que abrir as portas traseiras. Na primeira abertura o vento a completou sem que eu a largasse. Fui impulsionado a uns quatro ou cinco metros caindo sobre umas pedras com o joelho deslocado. Tentei chamar a Iara para me socorrer, mas o vento deixava minha voz inaudível e além disto ela estava jogando vídeo game. Somente quando ela se irritou com a porta aberta e foi reclamar é que percebeu o ocorrido. Como meu ligamento cruzado é rompido a coisa ficou esquisita, como não era a primeira vez só pedi que a Iara puxasse a perna e depois trouxesse uma faixa para firmar. As costelas e o resto não iriam impedir o resto da viagem, mas os quatro pneus traseiros destruídos sim.
No dia seguinte a talvez uns cinquenta quilômetros de Comodoro estoura um pneu com o rodo ar avisando imediatamente. Um choque! Um pneu tinha estourado e os outros estavam com a lona a vista! Imaginei imediatamente que era problema da marca Pirelli, mas isto não atenuava a gravidade do problema. Lentamente, muito lentamente fomos até Comodoro Rivadavia. O pino que segura e alinha o eixo traseiro tinha escapado então o carro arrastava e triturava a borracha. Com todo aquele vento doido não foi possível perceber isto. Mais uma experiência ótima com o nível de atendimento prestado, mesmo que tenha sido um parto arrumar os pneus para substituir porque as medidas eram pouco usadas. O nome do mágico foi Miguel. Facilidade de lembrar nomes dos mecânicos que me atendem e não me recordo o nome daquela loira em Búzios que deseja-me levar para a França.
Caminho de volta ao Brasil para cicatrizar as feridas. Voltamos por Buenos Aires e passaríamos pelo buquebus para o Uruguai. Nesta fronteira aconteceu algo curioso e muito importante para a viagem seguinte que trata a carta da Iara.
Chegamos ao porto de manhã cedo e compramos a passagem da balsa. Fizemos os trâmites aduaneiros e na hora de embarcar um oficial responsável veio a nossa janela e perguntou o peso do motorhome. Ele excedia o permitido para aquela balsa. Aparentemente um grande problema para nós e não foi. Atenciosamente nos encaminharam para um estacionamento na sombra e nos conduziram a um restaurante. Tomando nossos cafezinhos os agentes da imigração foram lá e levaram nossos passaportes para cancelar a saída. Devolveram rapidamente e para nós o dia livre, o embarque seria tarde da noite.
Foi aí que no centro da cidade encontramos uma loja de produtos para alta montanha e compramos todo o material para esta viagem que a carta fala.
Aconcágua
ao fundo com uma longa grinalda.
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Em
nossos planos estaríamos juntos a ela nos próximos dias.
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A estimativa de tempo para usuários de trekking é em torno de nove horas de caminhada partindo do lago Horcones a Plaza Francia. Até Confluência quatro horas. Isto no verão, no inverno ainda iria saber.
Lago Horcones congelado. |
Andamos muito inclusive fazendo pequenas corridas em subida e o mais importante, estávamos inteiros no dia seguinte, mas haveria pagamento.
Encontramos o guarda parque Sérgio e ele nos avisou que estava vindo uma tempestade de neve e logo que chegasse teríamos no máximo meia hora para sairmos de lá. O nosso motorhome estava estacionado perto do abrigo deles e eles mesmo estavam se aprontando para sair.
Arrumamos tudo e descemos ao Hotel Puente dos Los Incas, alguns quilômetros abaixo onde estacionamos atrás. Gentilmente nos cederam uma ligação elétrica para o motorhome. Com a tempestade vinda com muita força acabamos optando em alugar um apartamento dentro do hotel.
Início da tempestade. |
Cadê o motorhome? |
Todos os dias munidos de pá mantínhamos um caminho livre até ele e também ajudávamos o pessoal do hotel a manter pelo menos uma entrada possível.
O frio girou em torno dos dezoito graus negativos e algo comum a todos foi uma dor de cabeça constante por falta de oxigênio. Próximo ao fim da tempestade o exército nos enviou uma medicação que sanou este problema.
Seis dias de nevasca! A calefação no hotel junto com o gerador nos dava um conforto acolhedor e fomos fazendo amizades, dividindo experiências, compartilhando refeições e vai aí uma amostra de como o povo argentino tem algo que nos surpreende. Uma noite iria jogar pela decisão da Copa Libertadores Palmeiras x Boca e lá para cada dez argentinos oitenta e sete torcem pelo Boca estrondosamente como vemos na Bombonera. A Iara e eu os únicos brasileiros na sala de televisão e ninguém torceu em voz alta e sabíamos que não o faziam respeitando a gente. Coincidência? Momento único? Não, na continuação do relato verão que esta situação se repetiu. A partida terminou 2 x 2.
Fim da longa tempestade! Todos se reencontramos fora e a alegria nos inundava! Não que a tempestade nos abatia, pelo contrário, existe uma beleza e um prazer nesta manifestação. Tinha ainda trabalho, mesmo que todos os dias nós cavoucássemos, ainda tinha neve para tirar. Os limpa-neves já estavam trabalhando a todo vapor na estrada. Para o motorhome não seria possível livra-lo na pá e a rapaziada iria providenciar um trator de esteira para saca-lo.
A Beatriz foi com quem mais convivemos, uma apaixonada por montanhas e aventuras. Viajava sozinha e morava em Buenos Aires. |
Carregávamos uma montanha de neve no teto e por isto e por ser o primeiro carro a passar vindo de cima quando chegamos em Uspallata as centenas de caminhoneiros parados nos aplaudiam. Mal sabiam eles da nova tempestade e que a estrada permaneceria bloqueada ainda por muito tempo.
Neste rodar chegamos em Malargüe, enquanto o motorhome continuava descongelando fomos a uma pequena agência turística que infelizmente o nome do seu dono não ficou gravado. Ele nos arrumou um lugar para estacionar e nós o contratamos como guia Sua promessa? Nos levar para um lugar que iriamos gostar muito. Era a cachoeira de Manqui-Malal e só o trajeto que fizemos em seu Land Rover e mais a caminhada para chegar deixando a sua promessa pequena pelo que de fato recebemos em beleza e aventura! De presente ganhamos uma pedra com fóssil embutido já que toda esta formação desta área tem origem marinha. De noite jantamos trutas com ele.
Em uma das cavernas dentro da cachoeira congelada. |
No sem rumo fomos a Las Leñas, linda estrada e o primeiro confronto com gelo na pista. Consegui parar a casa ainda no início, descemos e descobrimos que andar a pé no gelo já era muito difícil. Mesmo com correntes no carro a ideia de instala-las...
Tinha um pequeno vazamento no encanamento resultado do congelamento então nós decidimos ir a Rio Cuarto para conserta-lo e terminar o processo de descongelamento da casa.
E nosso também! |
O rever desta pessoa combina com um ritual da igreja católica, somos batizados sem nada saber, no caso Don Mariano era a única igreja aberta, voltando lá fizemos a primeira comunhão e ao sair estávamos crismados na amizade!
Don Mariano exigiu que ficássemos parados dentro da sua casa e assim passamos uns dias.
Parrilhada, festa de aniversário do filho e mais um episódio do padrão de valor e respeito dos argentinos aos seus convidados. Neste período teria o segundo jogo decisivo da Copa Libertadores e muitos foram assistir lá, novamente a mesma situação do hotel Puente dos Los Incas, nenhum grito esfuziante, nenhum gemido aterrador e o jogo foi cabeludo terminando em 0x0 com o Boca ganhando nos pênaltis por 4x2.
A caminho do Ushuaia, casa toda acertada e corações quentes de excesso de carinho.
Jogamos âncora em Puerto Madryn. Que cidade agradável e moderna! Se divertimos fazendo compras, postais satirizando o vento doido que bate por lá, meias de lã cashmere e lembranças. Para pernoite fomos a uma praia fora onde encostamos próximos a beira-mar (a praia é de seixos) e da nossa janela víamos as baleias se esfregarem nestas pedras pondo grande parte do corpo para fora.
Visão de dentro do motorhome, não existia GPS, a direita do volante é uma bussola. |
Dia seguinte, amanhecer – Península Valdés!
Pagamos o ingresso e junto veio um mapa. Nem entramos na primeira cidade da península, já tomamos a estrada rumo a Ponta Norte para dar um giro completo na ilha. Todo o piso era de rípio só que ele estava amolecido fazendo uma camada de lama de poucos centímetros, não encalhava, mas deixava o piso muito escorregadio. O que era para ser aventura começou a arrepiar, mas sem nenhuma desventura chegamos ao território dos lobos e elefantes marinhos, pinguins e um guarda-parque. Ele se aproximou de nós já avisando para retornarmos da cerca que tínhamos pulado e conversando mencionou nós éramos os únicos visitantes da ilha. Blablabá e tchau porque eu já não estava sentindo-me bem.
A dificuldade de chegar até lá se acontecesse alguma coisa ia ser uma longa caminhada a pé para voltar. Fomos em direção a Ponta Sul e a estrada continuava na mesma lama. No caminho chequei o combustível e estávamos torrando ele, o peso da lama mais a marcha curta que usava deixou a situação alarmante. Em um ponto relativamente confiável paramos e ficamos a analisar o mapa da ilha. A distância mais curta era cortando a península pelo meio e assim o fizemos. Já noite e com a luz de alerta de falta de combustível acesa cada metro que vencíamos, um a menos para caminhar. Chegamos a Puerto Pirámides!
A frase do guarda-parque da península refletiu o que víamos, em nenhum momento tínhamos cruzado com turistas, outro motorhome ou semelhantes e não só na península e sim na Patagônia.
Na aproximação de Comodoro Rivadavia atravessa-se o Cerro Salamanca, em situação normal colinas com altitude abaixo, por exemplo, de São José dos Pinhais de onde escrevo.
Mas é inverno e de repente nos pegamos trafegando em gelo e diferente de Las Leñas que deu tempo de encontrar um pedaço seco para manobra aqui nada vimos a não ser acidentes. Todos sem gravidade, escorregões de quem tentou parar, o acostamento e o declive que acompanham a estrada permitem isto, o incomodo de esperar socorro é o inconveniente.
Terceira marcha, ponta dos dedos no volante, sem nenhuma opção. Uma cerração alguns metros acima da estrada deixava o ambiente todo monocromático em um branco fosco. São mais de cem quilômetros neste cerro e na metade acendeu o alerta da falta de combustível. Nada absolutamente podíamos fazer e finalmente começou a descida e sumiu o gelo do asfalto, deixamos a casa rolar até que no fim dela havia um posto de serviço.
Desistimos em Comodoro de continuar descendo, viramos em direção ao Chile esperando novas aventuras com mais possibilidades de êxito. E aí termina a carta escrita na cidade Piedra Del Aquila.
Pelo desejo de ver como estavam os amigos no Aconcágua e o resultado da continuação das nevascas voltamos a subir e a surpresa! Aparentemente ninguém tinha atravessado o Paso Libertadores. As filas já estavam distantes de Uspallata e em um lugar de parada conversamos com três motoristas de ônibus que fazem a linha Rio de Janeiro/Buenos Aires/Santiago/Caracas e eles com muitos passageiros já estavam a dez dias esperando a abertura. Estavam decidindo descer em direção a Bariloche para fazer a passagem para o Chile no Paso Puyehue – Samoré que é habilitado o ano inteiro. Uns 1.300 quilômetros costeando os Andes.
Em algum momento... |
Descemos nós. Muita neve no Paso de Osorno, mas com o piso em rípio congelado e os limpa-neve trabalhando direto foi só prazer a passagem.
Em Puerto Montt fizemos câmbio, comemos no mercado e passeamos por esta cidade agradável.
Em Puerto Varas outra bela cidade que divide o vulcão Osorno com Montt entramos no parque nacional do mesmo. Tudo úmido. Não encontramos ninguém para dar alguma referência. O que fizemos foi começar a subi-lo por uma estrada trilha até o ponto que o erro estava assumindo uma proporção inaceitável. Não tinha como dar meia-volta e consequentemente tivemos que voltar de ré por alguns quilômetros. Na saída encontramos o guarda-parque que pirou vendo o que tínhamos feito dizendo que estava proibido o ingresso de visitantes nesta época.
Outra situação que agora tem fotografias embora nós não saibamos colocar onde foi. Do relato “ Do not cry for me Argentina! I’m back” tirei “...Nesta época era inverno e inúmeras vezes em variados lugares as pessoas diziam que nós devíamos ser os únicos turistas na região, assim foi na península Valdez e em outro lugar onde com um doido que cuidava de uma fábrica de processamento de peixe nos acompanhou até um parque que havia uma pinguineira e quando chegamos lá depois de um rali doido terminamos com o motorhome desaparecido no meio de tanta lama grudada e o guarda parque surpreendido conosco falou que naquela época ele nunca ia para a cidade por causa da dificuldade da estrada e arf! tínhamos que voltar!...”
Não havia pinguins a vista então o Pedro! (Arf, anos tentando me lembrar o nome dele – Pedro) nos deu estas da sua coleção.
Quando se viaja o recebimento de favores é mais contínuo e uma maneira de nós mostrarmos o reconhecimento é dando um presente em dinheiro. Para um frentista, borracheiro, mecânico isto é ótimo, mas o que fazer quando estes são favores são feitos pelo desprendimento? Tornaria algo delicado do convívio humano em uma operação mercantilista. Exemplo – Encalhamos um par de vezes no deserto, e sempre uns caminhoneiros ajudaram. Eles não o fizeram visando lucro. O Pedro nos servindo de guia, o fez com prazer e para nós foi uma ótima oportunidade de viver uma pequena aventura. Copiando um costume do Tibete antes de sairmos a estrada comprei uma boa quantidade de mantas (Xales) muito bonitas e sempre a Iara e eu estávamos com uma no pescoço. Na hora das despedidas e dos agradecimentos eu ou ela tirávamos a manta e o púnhamos no pescoço do novo amigo ou da amiga.
Em uma cidade próxima paramos para organizar a casa:
Subindo o Chile vimos as placas indicativas para Chillán uma estação de esqui nas encostas do vulcão do mesmo nome. Por uma bela estrada vicinal asfaltada fomos e logo estávamos cercados pela neve e sem asfalto em uma ascendente forte. Para uma grata satisfação uma rapaziada estava fazendo bico pondo correntes nos pneus dos visitantes e aí veio a única vez que usei as minhas.
Virou um trator nossa casinha e muito mais acima com a neve e o gelo dominando tudo podia manobrar o motorhome com tranquilidade.
Viajar nas montanhas rodeadas de neve é maravilhoso, mas ficar no motorhome difícil porque as aguas congelam, então fizemos um sacrifício e se hospedamos no Gran Hotel Termas de Chillán.
Nosso apartamento, este sorriso... |
Na volta a rapaziada estava lá e sacaram as correntes para nós, continuamos subindo ao norte do Chile.
Todos os dias coisas novas aconteciam. O Chile é muito fácil, você está subindo os Andes estão a direita e o Pacífico a esquerda.
Parados no deserto do Atacama eu estava assistindo a televisão chilena em uma reportagem sobre o turismo na região e as flores do deserto quando...
Chamei a atenção imediatamente da Iara, nós estávamos na televisão, eles tinham filmado nós estacionados no deserto!
Deve ter sido um achado para a televisão porque a sensação de estarmos sozinhos era grande. Quanto as flores não as vímos, mas não é incomum elas floresceram fora de época, acho que tem mais a ver com a umidade.
Voltamos a van onde todos estavam lá dentro tomando chá quente com as portas fechadas. Um tempo depois com o amanhecer deixamos a van para umas fotos de lembrança.
Descemos a Iquique, um Oásis no norte do Chile e zona franca que abastece o Paraguai.
Não fomos a zona franca e ficamos só no litoral residencial. Padrão de primeiro mundo, a água, por exemplo, tinha com facilidade em qualquer lugar através das mangueiras de irrigação.
Iquique |
De Iquique seguimos para Arica, para daí cruzarmos a fronteira para o Peru que segundo nosso amigo Tiaraju diz são os Andes mais bonitos da América.
Ficamos muito desconfortáveis em Arica, muita gente mal-encarada, um posto fronteiriço estilo Puerto Stroessner muito piorado e com a Iara a bordo eu não quis arriscar. Meia volta volver!
Acho que não teve dia morno, as paisagens são gigantescas e como uma rotina de cada lugar levávamos uma pedra.
Iara embaixo no canto esquerdo |
Em Antofagasta aconteceu uma situação bastante curiosa. Muitas vezes me perguntam sobre segurança nestas viagens e digo que nunca tive problemas e paro onde me aprouver, próximo a esta cidade a história parecia que ia mudar.
Antes da cidade de Antofagasta encontramos um platô limpo com um visual incrível. Embaixo de suas escarpas um pequeno porto de pesca, cartão postal! Nivelamos a casa nos hidráulicos, curtimos o pôr do sol, jantamos e...
A Iara Ribas – Porque ela estava lá fisicamente.
Surpreende a enorme diferença que estes poucos anos fizeram nestas regiões, Tilcara hoje é uma cidade acolhedora com um excelente Camping e recebe muitos turistas. Paso de Jama é um asfalto tapete é uma estrada inesquecível. El Chálten e arredores asfaltos de primeiro mundo. O pedaço chileno do Ushuaia é o único que piorou pelo total abandono e vingança dos Chilenos que vivem uma guerra fria contra os argentinos vide a quantidade de locais interditados por serem campos minados.
ResponderExcluirA Patagônia tem tráfego 24 horas por dia e tudo são filas constantes.
Uma coisa não mudou, o clima é mandatário!
Fantastica narrativa da sua viagem ao Chile,Peru e Argentina. Um grupo de São Jose dos Pinhais,organizada pela Bela Turismo/Ferraro esteve recentemente na Patagonia chilena e argentina, que mesmo estando no começo do outono, mostrou ainda que parcialmente a beleza que voce com tanto maestria nos conta, durante o periodo com tanta neve.. Um forte abraço Mário Shiroma
ResponderExcluirQuerido amigo Shiroma, acompanhei a aventura do pessoal nesta viagem que você mencionou, eles aproveitaram muito! Mas prazer mesmo sinto eu com você me lendo!
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