Eu fecho os meus
olhos,
Apenas por um
momento e ele já se foi
Todos os meus
sonhos
Passam por meus
olhos cheios de curiosidade
Poeira ao vento, tudo
o que eles são é poeira ao vento
A mesma história de
sempre
Apenas uma gota de
água num mar sem fim
Tudo o que fazemos
Desaba sobre a
terra, embora nos recusemos a ver
Poeira ao vento,
tudo o que somos é poeira ao vento
Não fique esperando
Nada dura para
sempre a não ser a terra e o céu
O tempo passará
E todo o seu
dinheiro não poderá comprar outro minuto.
Poeira ao vento,
tudo o que somos é poeira ao vento.
Poeira ao vento, tudo é poeira ao vento.
Nos idos do ano de 1.700 na cidade de Liverpool um senhor
chamado Isaac Leopold dirigiu-se a um cartório e tirou um documento que
chamamos de atestado de bons antecedentes. Que época! Partilhavam dela Isaac
Newton, Voltaire, Benjamin Franklin e tantos outros.
Dele veio um descendente chamado Jakob Leopold (nascido
em 14/01/1799 – Hannover/Alemanha) que se casou com a senhora Henriette Hirsch.
Deste casal nasceu Salomo Siegfried Leopold (nascido 23/06/1843
em Hannover e falecido em 26/03/1903 em Magdeburg) casado com Rebecka Romann.
Salomo Siegfried Leopold |
Estes são os filhos deste casal:
Beate Leopold Landsberg nascida em 07/09/1888. Teve uma
filha chamada Gerda Landsberg De Preux.
Johannes Leopold (apelido conhecido: Hans, por nós Opa)
nascido em 31/08/1892 em Magdeburg, falecido em 26/09/1962 em Curitiba.
Johannes Leopold |
Albert Leopold nascido em 21/10/1893.
Friedrich Leopold (apelido conhecido: Fritz) nascido em
31/01/1896, falecido em 1970 em Savyon/Israel. Casado com a senhora Joanna Leopold.
Friedrich (Tio Fritz) e Joanna Leopold em Johannesburg por volta de 1958 |
Margarethe Leopold (apelido conhecido: Grete) nascida em
29/05/1897.
__________________________________________________________
Em 22/02/1821 nasceu Johann Eduard Valentin Bernard Grube
e se tornou relojoeiro na cidade de Egeln. Filho de um professor do ensino
primário chamado Heinrich Grube casou-se com Johanna Catharina Henriette Lücke
filha de Zacharias Lücke. O filho chamou-se Conrad (abaixo)
Em 02/08/1824 nasceu Friedrich Wilhelm Otto em Hermerode,
professor do ensino primário, faleceu em 19/11/1893. Foi casado com Auguste
Emilie Siebenhüner nascida em 01/08/1829 em Pölsfeld. Friedrich era filho de um
ferrador chamado Johann Wilhelm Friedrich Otto e ela filha de Christoph Siebenhüner
de profissão “Anspänner” cujo significado é principal tratador de cavalos. Sua filha
chamou-se Minna Luise Anna Otto (abaixo).
Conrad Heinrich
Friedrich Grube nascido em 14/07/1858 em Egeln cidade que fica perto
Halberstadt que é capital do distrito de Harz no Estado da Baixa Saxônia na
Alemanha era ourives e relojoeiro. Faleceu em 09/05/1904 em Blankenburg. Foi
casado com Minna Luise Anna Otto nascida em 27/07/1868 em Hermerode e falecida
em 1942 em Magdeburg. Eles tiveram cinco filhos:
Da direita para a esquerda e retornando da esquerda para a direita - Minna Luise Anna Otto Grube / Erna Grube / Elisabeth Grube / Margarete Anna Grube / Franz Grube e Charlotte Grube. |
Elisabeth Grube nascida em 24/04/1895 em Gernrode e falecida em
26/10/1923 em Berlin-Charlottenburg distrito de Berlim.
Margarete Anna Grube e Elisabeth Grube |
Margarete Anna Grube (chamada por Grete, por nós Oma) nascida em
24/08/1898 na cidade de Gernrode e falecida em Curitiba em 30 de julho de 1964.
Margarete Grube Leopold |
Erna Grube nascida em 21/08/1900 e falecida em 14/12/1974 em Magdeburg.
Erna Grube e seu marido – Magdeburg/Germany 1.950 |
Franz Grube nascido em 06/04/1897.
Charlotte Grube (Lotte) nascida em 04/06/1902 e falecida em 05/08/1977 em
Simmern.
Charlotte Grube (Lotte) 17/07/1927 |
_________________________________________________________________
Elisabeth Grube casou-se com Max Wolf e nasceu daí o personagem deste
relato chamado Max Joaquim Wolf (Max Wolf abaixo) em 22/02/1917 na cidade de Kaltennordheim
no distrito de Wartburgkreis na Turíngia/Alemanha.
Max Joaquim Wolf casou-se com Gerda Krueger nascida em 11/11/1930 em
Chicago/USA e tiveram cinco filhos: Max-Joachim Wolf nascido 10/05/1956 em
Chicago, Manfred Wolf nascido em 07/12/1960 em Heppenheim, Christian Wolf
nascido em 10/04/1964, Martin Wolf nascido em 01/01/1966 e Bettina Wolf Müller
nascida em 10/01/1967, estes últimos nascidos em Aachen.
Da esquerda para a direita e voltando da direita para a esquerda – Manfred, Martin, Christian, Max-Joachim, Gerda Krueger Wolf, Max Wolf e Bettina Wolf Müller. Natal 1988 |
________________________________________________________________
Johannes Leopold e Margarete Grube casaram-se e tiveram um filho chamado Hans
Ferdinand Leopold nascido em 21/12/1914 em Magdeburg, falecido em
29/06/1990 em São José dos Pinhais. Casou-se com Norma Cardoso Oliveira nascida
em 26/02/1921 em 20/07/1946 na cidade de São Paulo.
Hans Ferdinand Leopold |
_________________________________________________________________
Max Wolf e Hans Leopold tiveram uma ligação maior do que o parentesco –
Eles foram amigos! E para agradecer esta maravilhosa amizade fui até Aachen há
mais de vinte anos, mas as fortes lembranças me permitem fazer o relato a
seguir.
_________________________________________________________________
Os anos 90 (século XX) foram pródigos em emoções, Fernando Collor, por
exemplo, sequestrou todas as poupanças do Brasil em um assalto surpreendentemente
rápido. Esse filme de horror hoje volta a se projetar muito pior com uma
quadrilha mais organizada chamado PT com seus integrantes que nominam-se
petistas, o Fernando Collor já faz parte deste staff.
Foi nos anos 90 que surgiu Fernando Henrique Cardoso que fez este Brasil
maravilhoso! Durante anos do meu trabalho eu comentava que todo ele era
centrado em uma possibilidade, a do Brasil dar certo e a inflação acabar.
Nesta década 90 a Alemanha ocidental comprou a sua terra oriental de
volta da União soviética e a cidade natal do meu pai Magdeburg volta a
pertencer a um país único.
De fato a década de 90 marcou o fracasso e o fim do regime totalitário em
muitos lugares do mundo com um saldo de mortos que deixa o holocausto e as
guerras no jardim de infância perante a universidade de horror que o socialismo
proporcionou.
Mas estamos em 1999 e já faz nove anos que meu pai faleceu. Neste tempo
mantive uma correspondência ativa com Tio Max. Tio é uma forma carinhosa, de
fato ele é primo do meu pai, filho da irmã da minha avó. Ele estava com 82 anos
e como eu desejava revê-lo era um bom momento.
Sem muito planejamento avisei a família Wolf a possibilidade desta visita,
a resposta foi animadíssima e só pediram a data correta.
Convidei o meu amigo Franz Benedik, um alemão radicado aqui em São José
dos Pinhais para ir junto, assim ele tornaria uma conversa possível e clara com
o Tio Max. Juntos fomos a um escritório da Vasp e compramos as passagens. A
trupe se formou com a Iara, o Dennis (filho), Franz e eu.
O motivo do
agradecimento:
Papai e Max eram amigos assim como cada um de nós tem um amigo especial.
A guerra os separou, nas palavras do Max – A
última vez que nos vimos e nos despedimos foi na estação ferroviária de
Magdeburg. Eu estava partindo para a guerra na frente oriental... (De fato
a guerra não havia começado, o exército se mobilizava para a invasão da
Polônia)
Papai tinha outros problemas: Seu pai estava preso em um campo de
concentração de políticos contrários ao regime (Documento gentilmente traduzido
por Gerhard Martini) e a sua libertação deu-se por intervenção do seu irmão Friedrich
Leopold que voltou a Alemanha (Muitos mudaram de país, tio Fritz morava em Johannesburgo
na África do Sul). Não havendo mais ambiente possível na Alemanha imigraram
para o Brasil no dia 29/03/1939 no navio inglês Royal Mail “Highland” Vessel.
Hans Leopold e Johannes Leopold a bordo do RMS Vessel – 1.939 |
Durante todo o tempo ambos trocaram muitas
correspondências (todas arquivadas na casa do Tio Max e na casa do meu pai).
O favor prestado pelo Tio Max foi uma intervenção a favor
do meu pai com o governo alemão para que se renumerasse com aposentadoria o
período que ele serviu ao exército e mais o tempo que ele trabalhou na loja
C&A como decorador (filial Magdeburg). Esta aposentadoria unida com a do
INSS do Brasil possibilitou a eles uma vida digna!
Louvor o cuidado do meu pai com o futuro, ele iniciou o
processo em 1958 na Alemanha (No Brasil também recolhendo para a nossa
previdência) e em 1977 o Max assume com procuração a incumbência do
reconhecimento e em 1980 se confirma meu pai fazer parte dos pensionistas e aí
era só esperar o tempo.
Um adendo – No falecimento do meu pai eu cuidei da transferência
de pensão para a minha mãe, menos de cinco minutos no INSS para efetivar isto,
a alemã foi um pouco mais de tempo.
Meu processo de aposentadoria também foi muito ágil então
louve-se a quem merece ser louvado. Surpreende-me o descaso que algumas pessoas
têm em relação a isto, vi carteiras de trabalho de pouco tempo de uso
massacradas e quase irreconhecíveis, um descaso muito grande no recolhimento.
São estas mesmas pessoas que no futuro chiarão por suas pensões.
Dia 06/11/1999
(sábado)
Descemos no aeroporto de Frankfurt e quem estava a nos esperar era o
jovem Jürgen Müller marido da Bettina, filha do Max. Pegamos o carro e fomos em
direção a Aachen.
Ainda no aeroporto a mala do Dennis passou na esteira e não voltou, foi a
nossa primeira experiência com a língua alemã profissionalmente que mesmo
falando apaixonadamente parece uma briga. Uma comparação, a flor margarida em
inglês é daisy, em francês marguerite e em alemão gänseblümechen! Uma
caneta, em inglês pen, em alemão kugelschreiber, até um nome doce como
Cinderela se escreve assim: Aschenputtel!
Confesso que as emoções futuras se esconderam quando trafegávamos pela autobahn para serem substituídas por delírios de vontade de voar
em um daqueles Porsches, BMWs, Mercedes e outros enquanto pedalando
todo o possível no Opel Zafira alugado tinha a sensação de estar parado!
Não havia desconhecimento da minha parte sobre a família Wolf, Tio Max já
tinha passado um bom período nos visitando no Brasil, bem como seus filhos
Manfred e Martin. Meus pais também já tinham ido a Alemanha.
Hans Leopold, Max Wolf e Gerda Krueger Wolf – Residência dos Wolf em Aachen – 1989 |
Como é importante uma recepção! A alegria era visível nos olhos de todos
e nos sentimos benvindos! Para nos acomodarmos melhor foi providenciado
apartamentos em um hotel próximo (Hotel Buschhausen). Depois de muito bem
instalados retornamos a casa.
Hotel Buschhausen |
Como tínhamos combinado por correspondência além do prazer da convivência
e da oportunidade de agradecer eu gostaria de saber a história deles com o meu
pai e digo que o Tio Max é um historiador fabuloso e um arquivista melhor
ainda, para cada informação um documento comprovando!
Com o seu Franz Benedik fazendo praticamente uma tradução simultânea as
conversas fluíram perfeitamente...
Franz Benedik e Max Wolf |
Parecia trabalho duro? Não, tudo fluía naturalmente |
A noite recebemos a visita de um amigo do Jürgen,
curiosamente um brasileiro que trabalha na Ford alemã e veio com sua família.
Muita conversa agora com dois tradutores.
07/11/1999
(Domingo)
O frio era dolorido, mas em todos os locais havia calefação.
Continuávamos a troca de informações pois o Franz e o Dennis partiriam em breve
para a cidade de Fallingbostel. O filho dele cuidava de onde seria analisado se
o Dennis ficaria trabalhando na Alemanha.
Chegaram Christian e sua esposa Sabine com seus filhos e o Martin com sua
namorada Alexandra. Tudo fácil para nós com o Franz traduzindo. Infelizmente o
Manfred que fala português está com uma querela na família e não apareceu.
Continuamos a pesquisa mesclando convivência familiar:
Chiara filha do Christian e Sabine, Iara e Christine filha do Jürgen e Bettina |
Martin Wolf, atrás Jürgen Müller, Alexandra (namorada Martin) e no colo Christine, Bettina com o Alexander e atrás Dennis Leopold |
A casa é muito grande e tem dois andares, no segundo morava
a Bettina e o Jürgen e os três filhos.
Max Joachim Wolf e eu |
Algo extraordinário aconteceu neste domingo, Max ligou
para o México e falei por telefone com a Gerda (Gerda Landsberg De Preux) que é
filha da irmã do meu avô.
Beate Leopold Landsberg tem uma história muito próxima
pois ela acompanhou os estudos do meu irmão Frederico que eram pagos pelo outro
irmão do meu avô o Tio Fritz (Friedrich Leopold). Ela queria leva-lo para a
DuPont que era e ainda é uma das maiores empresas do mundo, mas não aconteceu e
aí algo que só ele pode responder e ainda mais, também abandonou o curso
próximo ao final. Ces’t la vie diria madame De Preux.
À noite fomos todos, com exceção do Max e Gerda a um pub,
nem me lembro como voltamos. Deve ser efeito daqueles chopes miúdos.
08/11/1999
(segunda-feira)
Fomos de ônibus para a
cidade, Tia Gerda, Dennis, Iara e eu. Mais uma surpresa, entramos no ônibus e
nada de pagar! O conceito é que você usando o ônibus presume-se que pagou como
de fato a tia Gerda tinha feito em outro lugar que não observamos. Agora,
explicar isto levou o tempo do trajeto.
Aachen é uma cidade
extremamente aprazível e não notei em nenhum lugar a devastação da guerra, mesmo
tendo destruição de dois terços. A impressão é que ela foi intocada pelo tempo.
A história desta cidade
também é monumental e só consultando no Google é possível entender a sua
importância.
Passeamos o dia inteiro e
faço uma menção especial a sua Catedral. De uma beleza única a presença de
Carlos Magno é ativa. Imaginar que estamos falando do século 8 e o seu trono
está lá como recordação.
Catedral de Aachen |
Todo este passeio fizemos sem máquina fotográfica, então
as fotos foram copiadas na internet.
Em uma loja de lembranças compramos algumas coisas para
presentear as pessoas de que gostamos e para a nossa casa também, pouca coisa
não mais que 4.896 peças.
Em outras lojas a Iara comprou um puzzle segundo ela,
extraordinário, no Brasil vimos que faltava um presente para a Margareth (Filha
do meu irmão Frederico e Viviane) e lá se foi o quebra-cabeças. Mais luvas de
couro que os alemães são especialistas, uma sorte grande o CD Ópera Rock Tommy.
Nesta época para o turista a Alemanha era um gigantesco Duty Free Fomos
orientados para na volta entregar na fiscalização aduaneira as notas de compra
que seriamos reembolsados dos impostos e assim eu o fiz levando os
comprovantes. Infelizmente além da nota o produto tinha que ser apresentado e
as malas já tinham ido para embarque. Como uma luva estava comigo recebi em
espécie o imposto embutido nela.
O padrão de vida e a tranquilidade se atestam como, por
exemplo, fomos a um restaurante e na entrada todos penduram seus casacos sem
nenhum controle, se espera que eles estejam lá na saída.
Tem
muito sentido a anedota:
O paraíso é aquele lugar onde o humor é
britânico, os cozinheiros são franceses, os mecânicos são alemães, os amantes
são brasileiros e tudo é organizado pelos suíços.O
inferno é aquele lugar onde o humor é alemão, os cozinheiros são britânicos, os
mecânicos são franceses, os amantes são suíços e tudo é organizado pelos
brasileiros.
Um
dia delicioso e a Gerda uma companhia maravilhosa!
Jantar - Gerda Krueger Wolf e Max-Joaquim Wolf |
09/11/1999
(terça-feira)
O Franz e o Dennis estavam indo para a casa do Harry
(filho do Franz) em Fallingbostel uma cidade entre Hamburg e Hannover e depois iriam
para a casa de Ângela (filha do Franz) na cidade de Rotkreuz/Suíça. Só
voltaremos a nos encontrar em Frankfurt para o retorno.
Neste dia só dependia de nós! Como a tia Gerda é
americana e todos falam inglês este passou a ser o idioma oficial. Para provar
que eu conhecia perfeitamente este idioma passei sempre a deixar uma caneta na
mesa caso alguém pedisse seria imediato - the pen is
on the table.
Combinamos algumas viagens curtas e expressei meu desejo
de ir a Magdeburg. Infelizmente meu tio me dissuadiu argumentando que seria
muito triste porque os soviéticos tinham mudado demais a cidade. Não quis
importuna-lo com isto, era a imagem que ele tinha. Minha irmã esteve lá
recentemente inclusive onde nosso pai nasceu e achou a cidade muito agradável,
embora evidentemente os alemães devam ter consertado muitas coisas neste
período.
Quarta-feira com o Max-Joaquim nos ciceroneando a ideia é
ir a Bélgica, ao circuito de Spa-Francorchamps.
Dia comum: a Bettina saindo para buscar os filhos, comum
no sentido dos afazeres porque emoções transbordavam.
Bettina Wolf Müller |
De noite a Iara e eu fomos passear a pé e praticamente
por onde andamos as luzes se acendiam somente na nossa passagem, duas coisas
marcaram e chatearam – Um frio muito forte e algumas pichações.
10/11/1999
(quarta-feira)
Dia de Spa, com o Max-Joaquim ao volante fomos para a
Bélgica. A curiosidade é que quando parávamos para o café, o idioma era francês
que o Max fala com relativa fluência. Sobre isto ele comentou que na primeira
guerra os generais alemães quando se encontravam (norte e sul) falavam em
francês para se entenderem tal a diferença dos dialetos. Hoje a língua alemã é
a que tem o maior número de falantes na União Europeia sinal que cuspir na cara
lá não tem problemas ja,ja,ja...
Saindo para a Bélgica - Iara Ribas e Max-Joaquim Wolf |
De repente não mais que de repente... A Bus Stop! Eu, um fã e conhecedor profundo da F1 estava
em um dos seus reinos! A identificação foi imediata, tenho milhares de voltas
nesta pista através dos simuladores.
Este circuito é completamente aberto e boa parte dele são
estradas da região e eu sei cada detalhe desta longa pista.
Troquei de lugar com o Max e já saindo da chicane Bus
Stop paramos para esta foto abaixo:
Iara Ribas e João Leopold em Spa-Francorchamps 1999 |
Depois destas fotos de recordação, fomos dar uma volta e
como eu estava em casa pedalei forte a coisa na descida em direção a curva Les
Combes e aí veio o primeiro murmúrio do Max, very fast, very
fast... A
Combes é uma direita, esquerda, direita de velocidade média e termina em uma
pequena reta que leva a curva Rivage que é muito difícil, de fato o simulador
não indicava o quando o seu raio é negativo e isto bastou que de murmúrios a
coisa subisse algo um pouco acima e quando terminei a Pouhon veio o pedido para
ele descer. Completei a volta e os deixei no alto da Eau, a Iara lhe fez companhia enquanto eu ia endireitar as curvas. Perderam
a oportunidade de colocar uma nova virgindade porque a Eau Rouge é arrepiante
e nas tentativas de faze-la flat na entrada acabava aliviando o pé. Divertindo-me
muito cada vez que passava via eles encolhidos no frio terrível e aí minha
consciência falou e parei, até também porque não gosto muito de comida
congelada e a Iara era a minha melhor refeição!
Sentando a pua - Minha afinidade com a esquadrilha da fumaça. |
Emoções se acalmando, cafezinhos tomado fomos a uma loja
de souvenires todos ligados ao automobilismo de competição. Um delírio de
variedades todas de bom gosto, comprei alguma coisa (2.947 peças) e me deleitei
muito!
Max-Joaquim Wolf e João Leopold - loja de souvenires – Spa-Francorchamps 1999 |
Alguns são obras de arte retratando pilotos
extraordinários em corridas memoráveis e hoje fazem parte da decoração do meu
escritório.
A noite iríamos nos se encontrar com o Manfred no hotel,
mas quando chegamos havia um fax avisando que não viria. Fiquei muito triste
por gostar muito dele. Quando ele nos visitou no Brasil passamos excelentes
dias até porque o seu volume de conhecimento em português possibilitava
diálogos profundos.
Viviane Liegel Leopold, Frederico Oliveira Leopold e Manfred Wolf em São José dos Pinhais |
No pé do Manfred está a sandália Birkenstock, muito famosa pelo anatômico da
sua palmilha, foi o seu presente para mim quando voltou para a Alemanha.
Martin Wolf e Manfred Wolf em Vila Velha |
11/11/1999
(quinta-feira)
Começamos o dia com o constrangimento dos Wolf pelo furo
do Manfred. Nós compreendemos perfeitamente o que levou o Manfred tomar esta
decisão, como ele não frequentava mais a casa dos pais não seria justo ele
estar tão próximo e não ir lá. (Atualmente a paz reina e ela aconteceu antes do
falecimento do tio)
Era aniversário da Gerda e fomos todos almoçar juntos no
restaurante do Novotel. Um belo dia de comemoração!
Durante todo o resto do tempo eu passava com o tio Max só
que agora as coisas iam lentamente sem a tradução. Mesmo assim impressiona como
com um linguajar tão rudimentar conseguíamos o entendimento.
No dia seguinte seria Holanda, o melhor país da Europa!
12/11/1999
(sexta-feira)
Nosso cicerone e motorista era o Martin e o caminho é uma
estrada de primeiro mundo só que lotada e o que era para fazer em menos de uma
hora foi cumprida em quase cinco horas! Enfim Amsterdã!
Belíssima cidade num país em que o nome liberdade tem o
seu real significado. Passeamos, fomos na feira, compramos lembranças e fomos a
uma cafeteria para comprar seus biscoitos famosos. Nela pudemos provar diversas
variedades na hora e com diferentes composições. Escolhemos um biscoito que
tinha 14% de substância psicoativa produzido no Afeganistão ou Marrocos. Compramos
o estoque deste biscoito que coube exatamente numa lata de biscoitos.
Saindo de lá compramos ingressos para navegar nos canais
em um belo barco, nem bem adentramos e uma placa – Proibido fumar, arf! Meia
volta volver e hasta la vista Amsterdã, saímos e iniciamos a volta para Aachen.
13/11/1999
(sábado)
Voltamos a convivência com muita conversa e constantes
saídas para o jardim já que dentro da casa é proibido fumar. A foto abaixo é
onde fumamos, mas o casal está tão bonitinho que me lembra uma frase da minha
grande amiga Lurdinha – Me dê a mão para a gente fazer de conta que está tudo
bem (Para o seu marido Bira antes da separação). De fato estava tudo bem nas
páginas do meu livro, mas cada um escreveu o seu.
Max Wolf dentro, Iara Ribas e João Leopold |
Nos últimos passos deste baile monumental meu querido tio
Max cuidou de embalar todas as lembranças.
Max Wolf acondicionando nossos souvenires para viagem. |
14/11/1999
(Domingo)
Dia da volta e rico de coisas diferentes.
O Jürgen veio nos buscar com a companhia da sua adorável Christine e
enquanto nos esperava ela vomitou no saguão do hotel, nada demais se não fosse
a curiosidade que ele providenciou a limpeza com a gerente apenas indicando
onde ficava o material. Malas ou qualquer coisa é tudo por conta do cliente.
Não há mão de obra, uma situação bem diferente de qualquer outra que eu tenha
vivido.
Adorável Christine, diga que não!
Christine Wolf Müller |
Christine / Cristina, Alexander / Alexandre – Esta família tem afinidades
até nos nomes.
O hotel já estava pago por eles e apenas fui conferir outras despesas.
Até entender que queriam saber o consumo frigobar foi bem difícil! Depois de
entendido, disse que não me lembrava. Então calculamos mais ou menos quantas águas
tínhamos tomado.
Este entender difícil tem explicação, o pinico que sustenta meu cérebro estava
lotado e até nos sonhos as línguas se confundiam (ops era a Iara me beijando).
Uma vez em Esquel/Argentina depois de um tempo neste país eu estava falando com um
frentista até que em um momento eu falei que era a primeira vez que eu entendia
tão bem castelhano, daí o Pedro comentou que estava falando em português
(relato: Do
not cry for me Argentina, I'm back.)!
No aeroporto
reencontramos o Dennis e o Franz, troca-troca de conversas regado a cafezinhos.
Dennis Leopold, Jürgen Müller, Iara Ribas e João Leopold - Fotografia Franz Benedik |
Em vários
momentos eu falava ao Max o quanto ele tinha sido importante, o quanto meu pai
e nós gostávamos dele. Este era o intuito, expressar ao vivo a verdade de
nossos sentimentos. Ele entendeu e isto foi maravilhoso!
A tradução do seu obituário: "Raramente sabemos o que é a felicidade, mas sabemos na maioria das vezes o que felicidade foi." |
Talvez a maior felicidade que podemos ter é saber que somos importantes para alguém.
Comentários
Eu sempre tive uma
percepção em relação a espécie humana que pela progressão geométrica da população,
seria quase impossível traçar uma linha genealógica com um alcance que
impressionasse.
Veja esta foto:
É a Bettina em Londres, a
foto foi tirada por sua mãe Gerda Krueger Wolf. Ela é a Bervely, ele é o
Donald, seus filhos chamam-se Christopher e Alexander e moram em Londres .
Vejam eles em uma escala genealógica:
Minna Luise Anna Otto Grube foi
casada com Conrad Heinrich Friedrich Grube, pais da minha avó Margarete Anna
Gruber. Ela, Minna Luise Anna Otto contraiu uma segunda núpcias com Paul Reimer.
Tiveram um filho chamado Oswald Reimer que passou a ser o irmão mais novo de Margarete
Anna Grube, só que agora com o sobrenome Reimer do segundo marido. Oswald
Reimer casou-se com Elvia Dixon, filha de Elvia com Fred Dixon. Deste
relacionamento nasceu Donald Reimer (Nosso primo em segundo grau) que se casou
com a Elvira e vierem deste cas...
Outro caminho: Uma prima de Beate Leopold Landsberg chamada Elvira
Rosalie Fleischer casou com um médico de nome Georg Moser em Magdeburg e tiveram
uma filha Inge Moser que nasceu em 29/07/1912 e morava em Londres...
Outro exemplo usando
aproximadamente um século partindo de:
Johannes Leopold/ Margarete Grube Leopold e João Cardoso
de Oliveira e Maria Sartorio de Oliveira, o primeiro casal tiveram um filho,
meu pai e o segundo dez filhos sendo uma minha mãe. Meus pais tiveram...
Assim vai. Se a Marilia Busse Simões filha da Cristina
Busse Seminari tivesse tido um filho (tinha a idade) minha mãe teria sido
tataravó em vida.
...Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha...
...Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava
Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que amava a filha que amava Carlos que amava Dora que amava toda a quadrilha...
A matemática desmistifica as religiões, se procurarmos as
nossas origens somente a partir da era comum o número de ramificações teria um
número que na matemática chama-se googol.
Este número não é infinito, mas é tão gigantesco que é muito difícil
quantifica-lo. Abaixo uma lenda conhecida, a história é lenda, a matemática é
verdade:
Conta a lenda que o inventor do jogo de xadrez foi agraciado pelo rei por sua invenção com um pedido. O inventor pediu pouca coisa:
1 grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro de xadrez,
2 grãos pela segunda casa,
4 grãos pela terceira casa,
8 grãos pela quarta casa
e assim sucessivamente até a 64º do tabuleiro.
Será que ele pediu pouca coisa?
1 grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro de xadrez,
2 grãos pela segunda casa,
4 grãos pela terceira casa,
8 grãos pela quarta casa
e assim sucessivamente até a 64º do tabuleiro.
Será que ele pediu pouca coisa?
O resultado é 18.446.744.073.709.551.615 grãos... ou seja, dezoito quintilhões, quatrocentos e quarenta e seis quatrilhões, setecentos e quarenta e quatro trilhões, setenta e três bilhões, setecentos e nove milhões, quinhentos e cinquenta e um mil, seiscentos e quinze grãos.
O inicio da era comum representa hoje aproximadamente 80 gerações (geração = 25 anos) e o tabuleiro de xadrez tem 64 casas.
Somos poeira ao vento (Dust in the Wind) como a Sarah canta na abertura deste relato.
O inicio da era comum representa hoje aproximadamente 80 gerações (geração = 25 anos) e o tabuleiro de xadrez tem 64 casas.
Somos poeira ao vento (Dust in the Wind) como a Sarah canta na abertura deste relato.
Diante
da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para eu
dividir um planeta e uma época com você. Carl
Sagan (via Nelson Umbria)
No maravilhoso romance Havaí de James Michener ele traça
os movimentos genealógicos que formaram a população da ilha terminando no que
ele chama “Homem dourado”. Este Homem Dourado não significa a cor da pele
provinda da miscigenação racial e sim a sua interação ao que lhe cerca.
“...Somente na
compreensão do que estava acontecendo é que Hoxworth Hale poderia ser
considerado como um Homem Dourado. Em termos raciais, era basicamente haole. Em
termos emocionais, era totalmente haole. E era assim que se considerava. Na
verdade, tinha 1/16 de sangue havaiano, herdado de Alii Nui Noelani, que fora a
sua trisavó. Também tinha um pouco de sangue árabe, pois um dos seus ancestrais
europeus se casara por ocasião das Cruzadas, um pouco de sangue africano,
através de um ancestral romano, um pouco de sangue da Ásia Central, de uma
mulher austríaca que se casara com um húngaro em 1603, e um pouco de sangue de
índio americano de uma mulher Hale que enganara o marido, num canto remoto de
Massachusetts. Mas ele era conhecido com puro haole, o que quer que isso
significasse...”
“...Hong Kong considerava-se como puro chinês, pois seu
ramo de família casara apena com moças hakkas. Havia muitos Kees com sangue
havaiano, português e filipino, mas ele não tinha nenhum, um fato que se
orgulhava, discretamente. É claro que, de aventuras passadas do hui Kee, os
ancestrais de Hong Kong haviam absorvido muito de sangue mongol, manchu e
tártaro, mais um pouco de sangue japonês, adquirido durante as guerras do principio
do século XVII, mais um pouco de sangue coreano, por intermédio de um ancestral
que viajara por aquela península em 814, mais uma ampla herança indefinida das
tribos que haviam vagueado pelo sul da China desde o ano 4000 a.c. Apesar
disto, Hong Kong julgava-se puro chinês, o que quer que isto significasse...”
“...Ao embarcar no navio, o Capitão Sakagawa sentia-se
completamente americano. Demonstrara a sua coragem, fora aceito em Honolulu e
agora era desejado por alguém. Num certo sentido ele já era um Homem Dourado,
conhecendo tantos os valores ocidentais como os orientais. Podia se deleitar
com o seu americanismo recém-adquirido, mas também se orgulhava de ser um
japonês de sangue puro. É claro que este último fator era absurdo, pois ele
carregava heranças de todos os anônimos predecessores que haviam habitado o
Japão: alguns dos seus genes provinham dos peludos ainus do norte, de invasores
siberianos, de chineses, de coreanos entre os quais os seus ancestrais haviam
vivido, mais particularmente dos aventureiros indo-malaios, muitos dos quais
continuaram a viajar para leste, a fim de se tornarem havaianos, enquanto
outros seguiam para o norte, espalhando-se por diversas ilhas e se fundindo com
os japoneses. Assim, de dois antigos irmãos malaios, partindo de um ponto perto
de Cingapura, o viajante para o norte se tornara o ancestral de Shigeo
Sakagawa, enquanto o outro se tornaria o ancestral de Kelly Kanakoa, o surfista
havaiano que estava acompanhado por uma moça bonita, observando o fim do
desfile.
Olhando-se mais para
o norte, pode-se pensar em três antigos irmãos siberianos, um deles cruzando o
mar bravamente até o Japão, onde seus genes acabaram por encontrar abrigo no
corpo de Shigeo Sakagawa. Outro atravessou a ponte das Aleutas e chegou a
Massachusetts, onde seus descendentes se tornaram ancestrais índios de Hoxworth
Hale. Um terceiro, menos arrojado que seus irmãos, deslocou-se para o sul, ao
longo das rotas de terra já estabelecidas na região central da China, ajudando
a formar os hakkas e assim servindo como ancestral de Hong Kong Kee. Na verdade
todos os homens são irmãos. Mas a medida que as gerações passam, são as
diferenças que importam e não as semelhanças...”
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Dr. Med. Max Wolf e sua família – Ao brilho que deram na existência dos meus pais.
Dr. Med. Alexandre Leopold Busse – Sua intervenção neste relato foi fundamental!
Iara Ribas – Por fazer parte da minha história e pela troca de lembranças para este relato.
Dennis Leopold – A troca das lembranças desta viagem foram importantes para o posicionamento das datas e fatos ocorridos.
Frederico de Oliveira Leopold – Pela ajuda em confirmações de datas e outras dúvidas.
Luciane Daux - Pela sua prontidão em atender o meu pedido de ajuda e sua capacidade em ajudar.
Dedico:
Roberto Cordeiro Busse e Ana Maria Leopold Busse - Se nesta breve história houvessem heróis, vocês o seriam!