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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lençóis Maranhenses

Este relato faz parte da viagem relatada em “Viajando Brasil – 2008 e Viajando Brasil – 2008 - II

23 de maio de 2008

Saí de madrugada próximo às quatro da manhã até para dar tempo de secar a lambança que fiz no chão. Mansamente fui deixando São Luis e vejam que grata surpresa, uma caboclo na beira da estrada vendendo café da manhã! E um ótimo café com leite e uns bijus para completar. Como uma terra com pessoas assim podem escolher um Sarney para governá-los?

Virei para Barreirinha e desanimei, a estrada é boa, mas forrada de lombadas, incrível basta uma casinha de terra batida que lá vêm lombadas inclusive duas que podem ser consideradas as maiores do Brasil senão quiçá do mundo, na volta irei fotografá-la. Onde podia errar o caminho errei nada grave e mais gente errava junto.

A emoção me pegou forte quando:

Na cidade parei no posto BR logo na entrada para abastecer e colocar água e novamente a sorte minha de ter exigido um bocal grande para ela, novamente a mangueira era de uma bitola larga e a água impulsionada por motor, vapt-vupt e a caixa estava cheia. Parada chave esta porque conversando com o pessoal para saber meus próximos passos já chamaram um menino que é guia oficial e tudo se resolveu. Tenho dois passeios marcados para os próximos dias e sou residente temporário de Barreirinhas com direito a conta de luz:

Já almocei o meu camarãozinho básico e escrevo enquanto estou aguardando o pessoal Cemar vir ligar a luz. Meu endereço em Barreirinhas aqui ó:

Tudo instalado enquanto esperava meu guia aproveitei uma gráfica próxima e mandei confeccionar uns cartões de visita atualizados e já com esta foto acima, por doze reais evito um monte de me empresta caneta e papel.

Neste ínterim conheci o Senhor Washington que estava com um quadriciclo igual ao meu e aí a coisa rendeu um monte, ele visita Lençóis há dezoito anos e mora aqui a nove, conhece tudo. Quase certo que nós iremos fazer umas trilhas juntos embora ele tenha me convidado para este domingo e aí tem F1 Mônaco além de eu ter fechado um pacote para de tarde ver a Lagoa Azul e o pôr de sol. De qualquer maneira a trilha vai dar certa porque tem uma outra pessoa que aluga quadriciclos e faz trilhas todos os dias então é só uma questão de combinação.

Mais tarde sai com o Julio meu guia para conhecer as melhores pousadas e restaurantes da cidade e já sei em que pizzaria eu irei jantar. Amanhã passo o dia nas dunas e por lancha irei até o mar, volta programada à tarde.

24 de maio de 2008
Tchan, tchan, tchan, fiz café no motor-home, um cappuccino em pó é verdade, mas tive que esquentar água. Aproveitei antes que me viesse buscar de lancha (Por sinal estaciona a uns dez metros do motor-home no rio Preguiça) levar a roupa suja na lavanderia esta era mais longe uns vinte metros e descobri uma panificadora que serve café da manhã desde a madrugada. 

O passeio de lancha vai pelo rio Preguiças até a praia de Caburé onde se divide por uma faixa de areia mar e rio. Paramos antes nas famosas dunas que é realmente uma visão impressionante, subi à primeira delas e voltei porque a minha língua ficou muita de fora e com isto ela raspava na areia. Fiquei na sombra com minha água de coco vendo uns macaquinhos fazerem arte ou ao contrário os turistas fazendo arte e os macacos assistindo hehehe. 

Na praia do Caburé almocei uns camarões fabulosos e depois sai para ir à praia, quando eu vi que ela era a mais de cem metros de distância quase desisti, por sorte alugavam quadriciclos ao lado do restaurante então... 

O resto da tarde soneca na rede e a volta por este belo rio. Noite uma pizza grande que sumiu inteira. 

25 de maio de 2008

À noite tive umas quedas de energia, depois vi que era mau contato na minha tomada interna, mexendo um pouco ela ligava novamente, como é dia de F1 a primeira coisa depois de tomar café (hehehe segunda vez que eu faço) foi tentar dar um jeito nisto, despuglei a tomada só que troquei as bolas, a que desliguei desconectava a casa e não a rede. Conclusão eu tomei um choque que me deixou iluminado. Deixei meia boca e amanhã vou desmontar o sistema e depois de foder com tudo eu chamo um eletricista. 

A corrida foi um show e para entendê-la teria que assistir mais um par de vezes tais as variáveis que ocorreram. Já no final dela sem eu ter feito nada a televisão perdeu o sinal. Nem pensei muito e corri no vizinho perguntando se ele tinha televisão e se estava ligada, ufa ele também estava assistindo a corrida. Na volta tentei achar o defeito e neca. Isto significa sem televisão comum até a volta a base.

Logo após o almoço fiz a excursão programada para os Grandes Lençóis, o Toyota veio me buscar em casa e junto com um grupo muito legal de gente de vários estados do Brasil. O carro tem uma plataforma atrás que o transforma em uma jardineira e vai para lá por trilhas dificílimas com trechos alagados que ele supera muito bem. Um ótimo passeio com um visual que para variar a fotografia massacra. 

Ficamos até o pôr do sol e na volta quando paramos para esperar a balsa comemos uns beijus com coco e leite condensado deliciosos. 

Amanhã além da lavanderia não tenho mais compromissos marcados e a trilha com quadriciclo acredito que deixarei para outra oportunidade. Como terei que fazer negociações em Belém com a balsa é melhor pegar dias úteis para poder acertar com tranqüilidade aquilo que é o objetivo número um da viagem.

26 de maio de 2008
Rotina matinal e saí para procurar uma tomada fêmea com dois buracos grandes para substituir na entrada da eletricidade na casa. Já está sendo um prazer andar na cidade, é olá para todos os lados e nem bem andei um pouco já encontrei o Didi que eu tinha conhecido no passeio de ontem e fomos nós revirarmos em todas as lojas, só uma tinha uma caixa próxima do que eu precisava, infelizmente era só de machos. Na lavanderia minha roupa ainda não estava pronta então voltei em casa a fim de ajeitar as coisas e eis que chega o Washington me convidando para ir para a trilha YES! Vapt-vupt sacola pronta, quadriciclo fora, casa fechada e se mandamos para o posto completar combustível e óleo. Por uma sorte imensa o posto não tinha óleo para os quadriciclos então fomos procurar o Alfonso, uma pessoa que mantém doze quadriciclos de aluguel e na cidade já tinha me falado que ele era um guia excelente. Aí começa uma história excepcional, são quase nove horas da noite e acabei de chegar da viagem que começou ontem e se transformou no melhor passeio ou aventura da minha vida e digo, também deve ter sido para todos que já o fizeram. Então sem banho ainda passo a descrevê-la.

Os personagens são: 

Alfonso Henrique Leal – Proprietário da Tropical Adventure, Lençóis sem ele passa a ser um guardanapo bonitinho, com ele uma aventura para nunca esquecer. Altamente motivador nos parecia como também fosse sua primeira vez neste paraíso tal o seu amor pelo local e pela sua profissão. Na foto à esquerda. http://www.tropical-adventure-expedicoes.com/

Marcos – Guia da empresa, rapaz simpático e prestativo, fica sempre atrás para ajudar a quem tiver alguma dificuldade. Também é guia líder na falta do Alfonso. 

Danilo e Sandra – Ambos médicos com especialidade em otorrinolaringologia, nunca andaram em um quadriciclo ou motocicleta apesar do Danilo confessar que em tenra idade ganhou um triciclo de pedal. A Sandra foi fundamental para que esta viagem ocorresse, foi ela que veio com desejo de conhecer Santo Amaro e assim o Alfonso preparou esta viagem para eles. Tem a sua base em Belo Horizonte e comem pouco queijo. 

Eduardo – Advogado em São Paulo, já conhecia os Lençóis e venho para cá desta vez unicamente para fazer esta expedição de quadriciclo. Tem como hobby a pilotagem de motocicletas em corridas de enduro e MotoCross. 

Washington de Sousa Fragoso – Quis o destino que o nosso encontro fortuito desencadeasse a série de coincidências que possibilitaram esta bela aventura. Ele é dono da pousada Parknáutico e tem um excelente suporte para motor-home de qualquer tamanho.

Seu endereço eletrônico é http://www.parknautico.com.br/intro.html e o e-mail parknautico@hotmail.com

Tal como eu nós temos o seu próprio quadriciclo. 

 João Leopold – Profissão anterior comerciante aposentado e a partir de agora propagandista oficial dos Lençóis Maranhenses, melhor propagandista oficial da Tropical Adventure e do Alfonso. 

 Chegando à base do Alfonso que têm uma boa estrutura com posto de combustível, oficina, loja de conveniência, etc. lá nós encontramos o mesmo e os outros em preparos finais para saírem de viagem e daí nos convidaram para irmos juntos. Como Santo Amaro já fazia parte das viagens que o Washington queria fazer aceitamos prontamente e chispamos para a minha casa para eu completar o resto de material da viagem assim como o Washington também. Combinamos se encontrar na balsa como de fato ocorreu. 

O começo efetivo são trilhas através de um mangue gigantesco que por ser temporada das águas ficam alagadas. Primeira vez na vida de chapéu. 

 

Muita água depois entramos efetivamente nos Lençóis Maranhenses. 

Uma explicação para estas fotos – Elas são os resultados do enorme profissionalismo do Alfonso, são setecentos e oito fotos, enquanto ele lidera a expedição é comum ficar de pé no seu quadriciclo andando e se virar para fotografar. Importante dizer que ele é piloto profissional de quadriciclo e tem excelentes classificações no Rali dos Sertões. Na mesma noite da nossa chegada ele nos entregou os dois cds com elas como presente. Eu mesmo bati uma única foto que é justamente aquela que está em cima mostrando o Alfonso e o Marcos. 

Já nas dunas: 

Primeiro banho. Um sonho, água translúcida por cima esverdeada e por baixo de um azul cristalino em uma temperatura ideal. Calculamos que poderíamos escolher entre as sete mil piscinas aquelas que melhor nos conviesse.

 

Não se desassociem do tempo, são horas de viagem e nada se repete. Em cada trecho são tantas emoções que não é incomum a quem faz este passeio derramar lágrimas perante a tanta beleza e por estar participando dela. Eu mesmo enquanto escrevo é comum elas escorrerem. Ter vivido isto é como uma expiação, o tribunal da vida me julgou inocente e a sentença fui eu poder usufruir a magnitude destes Lençóis Maranhenses.

 

Uma das cascatas (Tudo água doce) a beira do mar, é tanta água nos Lençóis que ocorre estas situações curiosas.

 

Constantemente atravessando água, Lençóis têm duas estações definidas que são inverno e verão, a primeira é porque chove e gera este tipo de espetáculo, a segunda é caracterizada por nenhuma chuva, as piscinas ficam raras e em troca as dunas ficam completamente brancas fazendo um outro tipo de espetáculo. Abaixo com o mar fazendo o fundo.

 

Paramos para o almoço em uma cabana de pescadores nômades, eles se estabelecem no inverno próximo à praia e longe de tudo e vivem da pesca salgando os peixes. No verão como o mar e o vento ficam muito fortes também eles se locomovem para a terra e cuidam de lavouras. Uma vida muito simples e preciosa. 

Ninguém de nós levou coisas para comer então eles fritaram uns peixes para nós. A situação virou motiva de risadas por um longo tempo porque os peixes servidos estavam salgados absurdamente e daí em diante tudo que íamos comer em outros lugares brincávamos que queríamos com bastante sal. A rapaziada acabou fritando uns peixes frescos que usam para eles obviamente e estes estavam deliciosos. 

E a viagem continua e muita água no caminho para a nossa alegria hehehe. Se observarem o Marcos está a pé, afinal alguém tinha que ver o quanto fundo a coisa ficava. 

E a viagem continua: 

Aja água embora isto não impedisse de eu manter meu cigarrinho aceso. 

Chegamos a Queimadas dos Britos, Dona Joana que aparece na foto abaixo é artista de cinema internacional, uma grande companhia fez um documentário sobre os Lençóis e ela apareceu. Também estamos no meio deste imenso santuário e depois de todo aquele peixe salgado a Coca que ela vende fica com um sabor inesquecível. 

E a viagem a Santo Amaro continua. 

As dunas voltaram. 

Abaixo uma tartaruga que o Alfonso diz ser comum por aqui embora tenha sido a única que vimos. O curioso nesta cena não está registrado, o Marcos que estava segurando a tartaruga avisou – Olhem o quadriciclo descendo! Era o do Eduardo que tinha deixado ele desengatado e sem freio de mão e estava disparando pela encosta da duna em direção a lagoa. O surreal da situação foi que ninguém se mexeu até porque ele já estava inalcançável e ficamos dividindo o olhar para a tartaruga e para o quadriciclo esperando o momento que ele entrasse na água. O fato é que eles são tão estáveis que nem sozinho conseguiu fazer alguma coisa errada, quando já próximo à água o guidão virou e ele acabou parando na beirada sem nenhum dano. 

Anoitecendo e ainda tinha chão até Santo Amaro. 

Chegamos a Santo Amaro a noite e fomos direto para a pousada, todos com o espírito em alta e diria que até ansiosos pelo dia seguinte. O Eduardo e o Alfonso que sabiam lidar bem com suas máquinas fotográficas já arrumaram uma televisão para assistirmos as fotos. Deslumbramento geral e muitas conversas, fato é que fomos dormir bem depois da meia noite. 

27 de maio de 2008 

Seis horas eu já estava de pé, o Washington já tinha saído para fazer compras e logo em seguida o Alfonso e o Marcos apareceram e de saída botamos gasolina nos quadriciclos. Um ótimo café da manhã com uma parada em um mercado para repor água e outras coisinhas e iniciamos a volta por outro caminho. 

Em alguns lugares passamos por areias movediças e isto me impressionava, até porque recentemente tinha relido Papillon e estava viva na memória a morte do seu companheiro de fuga em uma delas na costa da Venezuela que fica um pouco acima daqui. Senti várias delas e com o quadriciclo não tem problemas maiores agora a pé à coisa impressiona. 

Uma paradinha básica para ver a paisagem, trocarmos figurinhas, tomarmos água e fumar um cigarrinho. Os quadriciclos são muito estáveis então efetivamente fazíamos isto andando e a paisagem nós podemos curtir ela tranquilamente porque uma regra implícita é seguir os rastros do líder, as dunas pregam peças e elas podem machucar de verdade, por uma ilusão de ótica não se percebe que ela de repente cai quase noventa graus em uma altura que às vezes chega a mais de cinqüenta metros. 

E a jornada de retorno continua este tipo de alagamento que estamos passando na foto abaixo é o mais propício para areia movediça. 

Mais uma parada para banho. 

Algumas cenas me lembravam o filme Dersu Uzala que se passa nas estepes siberianas. 

Tudo feito com segurança, cada vez que a cabeça do Marcos sumia na água mudávamos o trajeto. 

A travessia nas piscinas era ótima, areia firme embaixo e água transparente. 

Chegando para almoço na Dona Luzia. 

A Dona Luzia tem este restaurante e pousada longe de tudo, porém a sua fama diga-se totalmente justificada de ótimos camarões na brasa já atingiu o mundo inteiro, todas as grandes companhias internacionais que filmaram os Lençóis almoçaram aqui e do Brasil o pessoal da Rede Globo também quando além dos documentários fizeram uma novela (?) chamada Casa de Areia, aliás, nem entendi o titulo, será porque só os Grandes Lençóis tem 155.000 hectares de areia? 

Abaixo já comidos e reiniciando a viagem. 

O visual mudou novamente, agora estamos passando por lugares com dunas imensas, alucinante o que vemos e que tão pouco a fotografia mostra. 

 

Começa o anoitecer. 

No mangue à noite, delicioso trajeto! 

Na balsa cruzando o Rio Preguiça.

 Ainda deu tempo de visitarem minha casa. 

A noite ainda não tinha terminado, além de ficarmos um longo tempo batendo papo quando todos se dispersaram eu comecei a escrever este relato e ainda excitado decidi sair para jantar e não deu outra logo em seguida encontrei a Sandra e o Danilo onde comemos umas pizzas juntos. Não demorou muito e apareceu o Alfonso com os cds de fotografias, infelizmente ele não podia ficar, pois já estava indo para São Luis porque a vida dele continua e amanhã serão novos privilegiados na trilha. Então fomos ao hotel onde estava o Eduardo e se despedimos novamente. 

28 de maio de 2008

Rotina matinal seguida de ir para a base do Alfonso para lavar o quadriciclo e trocar o óleo. Chegando lá o Marcos já estava quase pronto para levar um outro grupo para o Canto dos Atins percurso de um dia. Conversei com o grupo que ia e descobri que eles já tinham feito à trilha e apenas voltaram para repeti-la. Que vontade de ir junto! Não fui porque senti que era necessário escrever e de qualquer maneira irei fazer este passeio outro dia. 

Almocei na casa do Washington e de tarde voltei para escrever e selecionar as fotos. 

29 de maio de 2008

Rotina matinal e arrepios de ver a casa bagunçada, quando eu a varrer irei levar a areia para fazer uma nova duna que batizarei de Minon que é meu patrocinador oficial. 

Escrevi pela manhã e depois fui procurar o Marcos que já tinha saído para a trilha novamente então fui resolver outras coisas como prorrogar minha conta de luz, comprar cigarros, etc. Almoço e soneca. 

À tarde visitei meu amigo Washington na pousada Parknáutico enquanto esperava o Marquinhos voltar da trilha. Quando ele chegou já combinamos uma nova trilha no sábado até porque antes eu fui ao escritório principal para saber se havia agenda marcada para turistas e tinham dois encomendados. Explico porque isto, como eu tenho quadriciclo eles me deixam acompanhar sem custos. Amanhã uma turista alugou todos os quadriciclos apenas com o intuito de fazer uma viagem solo com o guia, me confirmaram que isto é comum de acontecer. 

Jantei com o Washington seguido de cinema. 

30 de maio de 2008

Continua a faina de escrever este blog e também aproveitando que a internet está camarada enviando algumas fotografias aos amigos. No resto rotina de morador de uma cidade pequena. 

 

 

E faço isto tudo com Jesus me refrescando.

 

À noite o Alfonso e o Marcos vieram me visitar recém chegados da trilha onde foram levar a turista que mencionei acima, não tenho a liberdade de dar detalhes, pois trata-se de uma princesa e fez parte do acordo deles o sigilo. Uma interessante estrutura foi montada porque ela foi para as dunas de Land Rover e somente lá usou o quadriciclo. Como o Alfonso confirmou a nossa viagem amanhã (Iremos com seis quadriciclos) é quase certo que terei mais alguns detalhes de quais foram às impressões dela. 

31 de maio de 2008


Eu seria capaz de fazer todos os dias estes passeios pelas dunas, que sensação fantástica de aventura e belezas sembra una cartolina! 

O percurso até o Canto do Atins é diferente do que realizamos a Santo Amaro e o ponto final da expedição é no Rancho do Buna. Nesta pousada almoçamos e a tarde volta. Confesso que o primeiro grupo para Santo Amaro foi uma companhia bastante melhor por dois fatores, o primeiro era o Alfonso batendo as fotos então o ritmo de todos era muito legal e hoje ao contrário as duas jovens senhoras que foram queriam bater as fotos elas mesmas e aí a coisa fica mais esquisita. E segundo um senhor que não entendi qual o relacionamento familiar se marido ou pai porque uma delas o chamava de pai, mas como já vi em outros casais este tratamento entre marido e mulher eu fiquei na dúvida, aliás, gostaria que Freud explicasse o uso destes termos, imagina na cama - vem aqui paizinho e meta este trabuco! Aí mãe! Mais rápido... Bom o fato é que ele mesmo que isto seja inimaginável não estava gostando da aventura ces’t la vie. 

Como já tenho em mente um retorno em breve para cá planejo combinar com o Alfonso esta expedição que visa dissecar de ponta a ponta os Grandes Lençóis e os Pequenos e escolher bem os parceiros. É muito interessante ter um pessoal prestativo junto, hoje mesmo por duas vezes eu socorri companheiros que encalharam e quando foi minha vez aconteceu de estar sozinho e último da fila. Pior ainda avisei o da frente que iria parar para dar uma colaboração às águas dos Lençóis. Então quando fui alcançá-los tinha um rio e eu não sabia o lugar onde eles tinham passado, optei pelo canto lógico e por algum erro escorreguei para o centro afundando demais o quadriciclo. Nisto também inexplicavelmente o motor morreu (Pensei imediatamente que havia entrado água no respiro do motor dando calço hidráulico), sem perder a cabeça pulei fora dele e isto o fez imediatamente flutuar comigo apenas o segurando, tentei um grito pedindo ajuda só por desencargo, pois nem ouvia o barulho dos motores. O negócio então era o empurrar até alguma coisa sólida coisa que fiz lentamente naquele mundaréu de água. Por uma sorte que me beneficia inúmeras vezes e até para passar tempo dei na partida e ele rodou o motor, ufa daí foi só encontrar um lugar mais raso e monta-lo. 

Para finalizar e induzir a você que leu esta aventura fazer ela eu coloco o que eu acho importante: 

- Nestas duas viagens seis companheiros (Três homens e três mulheres) nunca tinham andado de quadriciclo e isto não impediu em nada deles usufruírem bastante porque o aprendizado é muito rápido. 

- Todas as situações são muito bem administradas pelo Alfonso, só arrisca se machucar quem desobedece às regras e mesmo assim é difícil tal a estabilidade do quadriciclo e de seu poder de frenagem. 

- Poderia se temer o sol equatoriano e a grande exposição que somos submetidos, bom eu sou branco e para competir comigo só sendo albino e cá estou eu feliz e sorridente sem ainda ter descascado um pedacinho de pele durante toda esta viagem. Aqui efetivamente usei protetor solar fator 30 e foi mais que suficiente para eu estar protegido e intacto. 

- Preparo físico. Neste item eu sou campeão de levantamento de cigarro, de arremesso de xepa não mais porque o amor pela natureza impede este vandalismo. Eu levo uma vida sedentária ao extremo e músculos eu conheço só na sopa e mesmo assim afirmo que nenhuma dor ou cansaço eu senti e posso falar isto também dos companheiros que chegaram todos absolutamente intactos. 

- Ninguém teve nenhum tipo de machucado, arranhão ou indisposição. Só uma quase tentativa de assassinato de uma garota que nem era do nosso grupo. O que aconteceu é que a amiga dela derrubou a câmera fotográfica no rio Preguiças. Segundo o balseiro aquela era septuagésima câmara que caiu lá e foi se juntar com os 4.280 óculos escuros perdidos da mesma maneira. 

Amanhã sigo em direção a Belém.

domingo, 10 de agosto de 2008

Viajando Brasil – 2008 – II

26 de abril de 2008

Segunda partida programada para amanhã após o GP de F1 Espanha. No meu intimo não considero realmente uma segunda partida e sim apenas uma mudança insignificante de itinerário que acabou sendo altamente propícia tanto para o motor-home quanto para mim. Além dos vazamentos das caixas de água servida e detritos o pessoal da Trailemar descobriu outras coisas importantes que pela antecipação da descoberta deixaram de ser grandes problemas futuros.

Para mim acabou sendo muito bom porque irei voltar por Brasília e coincidentemente tem a etapa da Stock Car no próximo fim de semana e mais coincidência ainda é meu grande amigo Antonio Smolarek Junior estar lá em visita à filha o que me garante ótima companhia. Também foram corrigidos alguns problemas no meu computador e instalado o Google Earth e o Cd-rom Rodoviário da revista Quatro Rodas. O Earth é fantástico, só vendo para acreditar no quanto a tecnologia avançou.

27 de abril de 2008

28.058 quilômetros no hodômetro, a Br-116 belíssima, uns quinze minutos guiando para o ritmo assumir. Muito movimento mesmo sendo domingo, na serra levei muito tempo com o tráfego parando frequentemente. Dormi próxima a cidade de Americana em um posto chamado Borsatto, luz fácil em um ótimo pátio. A luz era de uma loja e fica na parede da frente sendo que o borracheiro autorizou o seu uso, depois de uma molhadinha na mão hehehe.

28 de abril de 2008

Eu iria fazer a revisão em Brasília, mas passando em Uberaba e com a concessionária na mão aproveitei para deixar isto resolvido, gente muita atenciosa estes da Prodoeste e os serviços foram de boa qualidade.

Aproveitei para serrar a eletricidade da seção dos pneus Michelin e jantei um rodízio de pizzas delicioso no restaurante que fica trás do posto, Tudo propriedade deste grupo.

Abasteci no posto Itamaraty em Aramina com a quilometragem de 28.864 e com isto foi para o espaço a idéia que o carro estava fazendo oito quilômetros por litro, deu 6,35. O total de pedágio em São Paulo/Anhanguera foi R$100,40 com dez paradas. Eu considerei caro, mais que o diesel que gastei para este trecho.

29 de abril de 2008

Eu diria “Puta que o pariu” se me fosse dado a falar palavrão, mas a estrada que me trouxe a Brasília é fantástica! Quando se passa pela cidade de Cristalina (Ela leva este nome por causa da mineração e lapidação da pedra cristal, parada obrigatória) andando um pouco mais se descortina na parte mais alta da estrada uma visão do planalto central. A cena é tão linda a ponto de sair lágrimas dos olhos e justifica toda esta minha vontade de viajar e viajar.

Foi também emocionante este retorno a Brasília, inesquecível o ano que morei aqui em 1972.

Grata surpresa foi o autódromo Nelson Piquet, excelentes instalações e um circuito da grande qualidade de asfalto e traçado que pude comprovar andando nele com o quadriciclo. O ambiente aqui assim como em todos os outros autódromos é de grande camaradagem e todos têm algo em comum que é o amor pelo automobilismo de competição.

30 de abril á 02 de maio de 2008

Meus vizinhos de motor-home são os dos pilotos William Starostik, Ricardo Zonta, Alceu Feldman, Cacá Bueno, Giuliano Losacco e outros e a convivência está muito agradável, hoje à noite o Dagoberto que assessora o piloto Starostik fez uma churrascada e a carne e o grupo foram ótimos.
 



Fui passear no Setor Militar Urbano para visitar o quartel em que prestei o serviço militar e fui convidado para participar do Batalhão da Saudade o que irei pensar. Abaixo eu na foto com o comandante da guarda.
 


Nem tudo são alegrias, o computador continua me infernizando, agora ele deu de não enviar meus e-mails, arf!

Procurando uma situação encontrei um relato fabuloso de uma aventura de motocicleta pelo Brasil, vale a pena ler http://www.motoviagem.com.br/jp_oiapoquechui.htm

Dias muito bons com reencontros dos velhos amigos e fazendo outros novos.

03 de maio de 2008

Brasília é mesmo surpreendente, zero de mosquitos e moscas, calor de dia e sempre noites frescas.

Dia feliz por que o meu amigo Diogo Pachenki ficou em segundo na qualificação da Copa Vicar.

Chute no saco, não encontro jeito de enviar e-mail, só dá mensagem de erro.

04 de maio de 2008

A decepção que foi a Stock Car com uma regra confusa de entrada de reabastecimento quando o pace car na pista alterando demais o resultado do segundo-lugar em diante foi diminuído pela excelente corrida do Diogo Pachenki terminando em segundo-lugar na Copa Vicar. Agora sensacional foi a corrida da Stock Junior, imperdível para quem tiver oportunidade de assistir.

Hoje foi mais um dia foi rico em rever velhos amigos e conhecer novos além de estar perto de algumas celebridades fora do automobilismo como o jogador de futebol Roberto Carlos e outros.

Agora de banho tomado, motor-home ajeitado e já com convite para jantar só me restará uma boa noite de sono para amanhã reiniciar a viagem por uma estrada que não é tronco e sim atalhos me levarão até Natal. Vejam só os nomes de cidades que irei passar – Bezerra, Rodovilândia, Boqueirão, Brejinho da Serra Negra, Cabeça do Nego, etc.

05 de maio de 2008

Saída pela manhã de Brasília muito simples, esta cidade é realmente fácil de entender o tráfego, um pouco de cerração coisa atípica por causa do ar seco, parei para abastecer em Planaltina no Posto Itiquira com 29.480 quilômetros no hodômetro. O preço do diesel R$1,99 e coloquei 107 litros, a média de consumo foi para 6,7 quilômetros por litro.

Distrito Federal e Goiás asfalto tapete e na Bahia também só que aqui os bons baianos não falham, enormes crateras surpresa que exigem muita atenção porque algumas delas podem arrancar o eixo do ônibus. Estrada maravilhosa com um céu enorme, plantações de soja, algodão, milho e outros incluindo pecuária em todo o percurso.

Parei cedo no Posto Royal que fica próximo à cidade de Eduardo Magalhães onde tem uma churrascaria chamada Paraná, gentilmente eles me cederam à luz e aproveitei para ajeitar o motor-home.

Um papo bom com os caminhoneiros que fazem à safra e depois cinema.

06 de Maio de 2008

Já fiquei de pá virada pela manhã, no Restaurante Paraná eles disseram que abriam as seis, na verdade o proprietário até apareceu para liberar a tomada e isto foi uma baita gentileza, mas café neca. Toquei o barco e pelas sete horas parei em outro posto lotado e pensei que este ia sobrar, neca! Tinham acabado de abrir e não tinham nada a oferecer, Bahia, Bahia arf.

Pelas oito e meia fiz mais uma tentativa e bingo, tinha o meu pão quente com manteiga e um ovo no meio. A curiosidade é que a lanchonete estava repleta de um mosquito quase transparente e enquanto esperava o meu pingado contei quantos tinha e deu 4.897.675, quando veio outro grupo acompanhado do batalhão de moscas eu entrei debaixo de um ventilador e lá pude comer um pouco mais sossegado. Ainda irritado andei mais uma hora sem prazer e aí parei liguei o ar condicionado e dei uma relaxada na cama. Por experiência quando as manhãs começam assim acabam virando um bom dia, então é só esperar.

Não deu outra, fui sentindo a paisagem mudar e de repente em uma curva...
Putz a foto não mostra o show que se descortinava a minha frente! A parada teve seu preço, eu tive de juntar os 10.400 DVDS que carrego nos armários que caíram. Quando fui entrar no acostamento a soma do freio e da torção do chassi na valeta porque acostamento foi uma gentileza minha na escrita às portas se abriram e como o Senhor Patrick mestre marceneiro da Trailemar faz móveis lindíssimos e funcionais se o carro ficasse estático deixa-os muito rasos de borda, com freqüência tenho que ajuntar as coisas que caem.

O pedaço acima culminou com o meu encontro com o Rio São Francisco.
Uma bela ponte e logo em seguida vem à cidade de Ibotirama. Como era hora do almoço e a cidade me pareceu assim como foi muito agradável entrei para conhecê-la. Moraria nela tranquilamente, cidade que eu gosto pequena e organizada. Comi alguns cachorros quentes acompanhado de um gostoso caldo de cana enquanto trocava uma prosa com os vendedores na praça. Passeie a pé até o cais e gostei da imagem da ponte vista por outro ângulo:



Só isto já compensou o dia e fez valer um dito da minha mãe que é quem canta de manhã chora à tarde, o contrário também vale hehehe. Aproveitando a sabedoria da Dona Norma ela também diz que quem come muito queijo fica idiota e isto deve explicar Minas Gerais.

A coisa não ficou só por aí, continuando na estrada abasteci – Posto Alto da Serra, hodômetro 30.280 quilômetros, 122 litros a R$2,01 o litro, média 6,1 km/l.

As paisagens que foram acontecendo são espetaculares o que torna esta estrada imperdível para os pés na estrada. Senti falta de alguém para partilhar comigo estas emoções. Digo duas coisas – Tirando o verde poderia ser o cenário ideal para filmes do velho oeste americano pela semelhança do cenário que vemos nas telas e outra se eu trouxesse uns argentinos para ver a paisagem eles chorariam por ver algo que aparentemente na América só eles tinham hehehe.

Para culminar este espetáculo de dia parei no posto Petroserra próximo a cidade de Seabra e o dono do restaurante o Senhor Dema cedeu gentilmente a luz em um ótimo lugar para estacionar. Depois janta e cinema.

Por falar em cinema que tristeza os filmes do Oscar, tirando Piaf o resto me parece que os diretores americanos estão comendo muito queijo.

Por aqui têm Tim não, sem celular e sem e-mail.

07 de maio de 2008

Aquela belezura toda que falei da estrada tem nome agora, chama-se Chapada Diamantina e o idiota aqui que se recusa a fazer programação deixando simplesmente as coisas acontecerem não percebeu que quando passou a cidade de Lençóis deveria ter entrado, na verdade até deu um impulso porque o nome da cidade inspirava, mas...

Fácil de ver o que eu perdi lendo neste endereço:
http://www.guialencois.com.br/

Eu digo que as fotos da Chapada que estão neste endereço são bonitinhas, ao vivo é espetacular.

Para os preguiçosos uma amostra:


Viagem muito gostosa e um brinde a Mercedes Benz, este meu ônibus é um prazer imenso guia-lo.

Estou em Sergipe na cidade de Umbaúba no Rodoposto Ipiranga Reforço II. Mudei a tática levemente para conseguir a energia elétrica, estacionei e fui tomar um café e daí já sondei com os funcionários se havia esta possibilidade, sim havia e quando fui procurar o gerente já sabia o seu nome que é João meu xará. Eita caboclo bom, quando eu falei aonde era a tomada que eu gostaria de usar já mandou bala na hora – E vai óleo no teu carro? E eu respondi que estava quase zero de combustível e tudo ficou bem. Que lugar ele me arrumou! Não resisti e bati uma foto com a camiseta do posto e mais um amigo na conta.


Hodômetro 31.013 quilômetros – Abastecimento 121 litros – Média 6,1 km/l.

08 de maio de 2008

O MST fechou a estrada em Alagoas e na Policia Rodoviária me avisaram para ir para Recife por Arapiraca. Quando chego ao trevo um caminhão cujo motorista estava procurando a mãe erradamente à zona de baixo meretrício era do outro lado, tampava a placa, conclusão, eu fui até bem próximo a Penedo (Sergipe) até sentir que o sol não combinava com o lugar que ele me torra o braço pedi informações e retornei porque era do outro lado.

É não é que o movimento sem terra acabou me dando uma oportunidade ótima de conhecer uma estrada espetacular! De Arapiraca fui a Palmeira dos Índios e depois Garanhuns Aí sigo para Caruaru e por esta eu posso ir para Recife em pista dupla, mas não o fiz. Aproveitarei para assistir a F1 Turquia na casa do meu amigo Luis Carlos em Campina Grande/PB.

A Patagônia merece ser vista, mas se os pés na estrada não fizerem este percurso vão ficar devendo algo muito grande para os seus olhos e espírito. De uma beleza impar e a única infelicidade é não haver acostamento para se parar então se admira andando. De qualquer maneira a subida da serra é feita em terceira marcha quase implorando pela segunda hehehe.

No momento estou parado no posto Raposão (Saída para Caruaru) em Garanhuns, meu novo amigo Bola dono da borracharia cedeu uma luz ótima que deixa o ar trabalhando tranqüilo, aproveitei para torrar água em um banho demorado e acho que irei comer uma feijoada no jantar. Feijoada? Pois é e nem deixo a geladeira ligada, isto é uma nova safra de alimentos prontos da Bertin, não têm conservantes e não precisa congelar.

Estranhando a foto? Pois ela tem uma curiosidade, seguindo a linha do poste de luz a esquerda tem uma fumaça, lá é a cidade de Caetés onde o Lula nasceu. Meus olhos ficaram embotados de lágrimas porque naquele tempo não devia existir pílula anticoncepcional hehehe. Bom, agradeço a eles pelos bons asfaltos que tenho andado. Tinha outra também hehehe

09 de maio de 2008

Em Caruaru parei para visitar meu amigo virtual Ângelo Lima, infelizmente ele não estava e conheci os pais dele e mais dois papagaios faladores. Por boa estrada segui até Campina Grande e aleluia, me prontifiquei a ser testemunha de um acidente, um caminhão tanque saindo do posto já com a manobra se completando teve um carro com o motorista sem paciência que tentou avançar por uma brecha e pimba deixou sua lateral no pára-choque do caminhão. Doce satisfação a muito ansiada, tem uns poucos motoristas que sabem ser muito irritantes querendo levar vantagem em tudo então de vez em quando algum pagar por isto me dá prazer.

Como é possível ver na foto eu estava esperando o caminhão sair quando o carro tentou passar pela brecha. Onde se vê o Fiat furgão passando havia outro caminhão estacionado.

Estacionei no Posto Brasília que fica Avenida Severino Cabral em frente a revendedora Mercedes que fiquei na vez anterior, é um estacionamento oficial com portas fechadas a um real o dia, o Senhor Valdemar providenciou a luz (Excelente) e digo que em breve este endereço constará nos guias de camping para quem fizer este trajeto pelo agreste alagoano e pernambucano tenha um ótimo local de parada quase no centro de Campina Grande. O restaurante do posto é muito bom também. Uma coisa gostosa de repetir o lugar é a quantidade de amigos da vez anterior que vem te cumprimentar.

Outra curiosidade no caminho de Garanhuns a Campina Grande é a concentração de jipes Toyota e vejam que no Acre se vê muito só que comparado com aqui lá é apenas mostruário. Acho que a Toyota escreveu um capitulo muito importante na história de várias cidades, talvez superior ao do Jeep.

10 de maio de 2008

Assisti a qualificação da F1 na casa do Luis e depois saímos para ver se eu encontro um novo enrolador para o meu cabo elétrico, não achamos então fomos afogar este desgosto com uns chopes acompanhados de empadinhas de camarão, bolinhos de bacalhau e outras coisinhas e pusemos a conversa em dia. De tarde agarrei meu travesseiro e dei o maior malho nele dormindo a tarde toda. Agora à noite o Luis vem me buscar para irmos comer pizza de peixe.

11 de maio de 2008

Fórmula um na casa do Luis e depois para não atrapalhar o dia das Mães deles voltei para o motor-home onde fiz uma faxina e organização geral.

12 de maio de 2008

De manhã fui visitar os amigos que deixei na concessionária Mercedes que fica em frente ao posto onde estou estacionado, uma ótima recepção e reclamaram porque eu não tinha estacionado lá novamente.

Por volta das onze horas o Luis veio me buscar para ir pegar as roupas na lavanderia e ao meio dia aproximadamente estava de volta à estrada rumo a Natal e mais precisamente ao camping de Pipa na praia com este nome.

Atenção aos que vierem a Pipa, bem antes de Natal fica a entrada e a sinalização pega de surpresa.

Por uma estradinha estreita embora asfaltada uns vinte e cinco quilômetros e ei-la!

O camping é fácil de achar http://www.macamp.com.br/_Campings/RN-Tibau-Pipas.htm
Amanhã ou depois coloco a minha opinião sobre ele, no momento eu sou o único cliente. Aproveitei o final de tarde para descer a cidade (250 metros do camping) e dei uma reconhecida geral, muitos restaurantes e já estreei um jantando mais cedo, padrão excelente e sei que com as refeições não terei dificuldades. O quadriciclo nasceu para este lugar, ufa até que enfim.

13 de maio de 2008

Pipa apresenta umas vantagens interessantes, na Bahia eu acordar cedo é ficar sozinho muito tempo, aqui pelo contrário, desci até a cidade e tomei um ótimo café em uma padaria batuta, voltei e a dona do camping que se chama Edinara já estava de pé antes que eu e trocamos figurinhas. Levei vantagem pegando um Zequinha premiado, ela sugeriu que eu aproveitasse a falta de sol e você fazer um passeio no Chapadão e isto acabou sendo ótimo, andei muito tempo por cima das falésias terminando na embocadura de um rio.


Aleluia que Pipa nasceu para um quadriciclo e até a cesta que carrego para levar Tequila (Nossa cachorrinha) revelou-se muito útil, se chover a sacola protege a bagulheira.

Viajar sozinho apresenta vantagens e desvantagens, a segunda é fácil de entender porque inúmeras vezes eu sinto a falta de partilhar, agora a primeira tem uma força grande que é deixar as pessoas locais terem mais liberdade de prosear, impressionante o número de cumprimentos e trocas de conversa que tive nesta viagem, aqui em Pipa até parece eu ser um cidadão local.

Abaixo o estacionamento do camping da Pipa:

O camping não tem frufru, simples de tudo, porém fora da temporada cabem três ou quatro motor-homes com tranqüilidade e a energia é muito boa. Conversando com a proprietária ela chega a ter trezentas pessoas acampadas na alta temporada, de qualquer maneira em minha opinião é que quem viaja para turismo nesta época tem miolos moles e deve comer muito queijo. De qualquer maneira quem quiser vir aqui que entre em contato antes narapipa_2@hotmail.com recordando a distância até o centro de Pipa é de duzentos e cinqüenta metros para carro, a pé cento e cinqüenta porque vai por um trecho diferente.

Almocei espetacularmente bem e de tarde após uma soneca fui para o outro lado de Pipa, ótimo passeio novamente. Na janta fui tirar a cisma se tinha tido sorte no almoço, putz foi fabuloso o jantar, camarão com ervas finas, um risoto cremoso e uma salada italiana que pedi para vir temperada. Então o restaurante passa também a ser um dos pontos altos de Pipa e aí vai o endereço: Café e Restaurante Golfinho, Avenida dos Golfinhos, 635 – Praia de Pipa.

Amanhã banho de mar na Baia dos Golfinhos, agora cinema e cama.

14 de maio de 2008

Hoje chove, mesmo assim fui até a praia dos Golfinhos cuja ida depende da tábua de marés, como me atrasei por causa da chuva ela já estava enchendo então só a vi a distância.

Também me atrasei para almoçar por causa da chuva, acabou dando um intervalo perfeito para ir e voltar antes dela cair novamente.

Pipa acabou sendo uma incógnita, é visível que o turismo aqui é muito intenso vide o número de pousadas, restaurantes e lojas e mesmo agora fora de temporada bastantes turistas na rua. Diria então que foi de bom tamanho a minha estadia embora fale isto com dúvidas até porque todos os dias foram cinzentos e hoje com chuva deixa a coisa mais esquisita ainda.

Amanhã de manhã pé na estrada.

15 de maio de 2008

Amanheceu com chuva forte e não tive opção, depois de dez anos ou mais tive que abrir o pacote da capa de chuva que a BMW havia me dado de presente e eu nunca tinha usado. Guardei a fiação elétrica, o quadriciclo e os calços de madeira e terminei sequinho, não era um presente de grego hehehe.

A Edinara apareceu para acertarmos a conta e trocamos mais uma conversa com ela avisando que tinha visto no noticiário chuva todo o nordeste e norte do Brasil, bom vamos lá que navegar é preciso.

Entrei na BR 101 e já limpou o tempo, fui tomar café muito próximo à cidade de Macaíba (Estrada para Fortaleza) e o local para eu virar a direita em direção a cidade de Touros. Não entendi bem porque se tem que sair da BR 101 para depois voltar. Eu vou acreditar que é para se desviar da cidade de Natal, de qualquer maneira ela não me interessava nesta viagem, pois já passei muitos dias nela com a Iara sendo uma das melhores viagens de turismo que fizemos, dissecamos ela de cabo a rabo inclusive fizemos as dunas de Genipabu com o nosso próprio carro. (Confirmado posterior a BR 101 cruza a cidade de Natal e é o melhor caminho para Touros)

Nesta estrada passa-se por uma usina eólica, pode-se entrar e está aí a foto:


Passa-se por muitas praias neste trecho, mais o que eu procurava estava no fim desta estrada e quando enxerguei o marco meus olhos lacrimejaram:


Pouco depois desta foto recebo uma ligação do meu amigo Eduardo, uma bela coincidência onde eu já pude verbalizar a emoção que estava sentindo.

Virando a direita se vai ao farol de Touros, eu fui visitá-lo e infelizmente ele só abre para visitação aos domingos.

Retornei uns poucos quilômetros e fui à cidade de Touros, cheguei à beira-mar e negociei a luz com a Pousada Atlântica (única na orla) e também o café da manhã. Comi um bom peixe no restaurante à esquerda e no boteco da direita já negociei uma lagosta para a janta. Pelo número de covis que vi lagosta aqui é pão com ovo do Brasil hehehe.

Tudo instalado eu saquei o quadriciclo (Obrigado Larangeira, você estava 100% certo em planificar a garagem de um modo simples de entrar e sair) e me mandei para o sul pela praia passando por aldeias de pescadores e algumas faixas desertas, o mar daqui não tem os deslumbramentos que normalmente associamos e nem é convidativo ao banho mais para uma tarde o passeio estava ótimo. Voltei pelo mesmo caminho e fui para o norte até o farol por uns caminhos ora praia ora em cima dos morros.

Na foto abaixo eu voltando e já vendo o motor-home:


Agora banho e depois vou lutar com as lagostas.

DICA PRECIOSA – No lado direito da Pousada Atlântico tem um pequeno restaurante chamado Bar Farol administrado pelo Senhor Lenilson (Apelido Roliço) e por sua esposa Marise, foi lá que combinei a lagosta e agora comento arf não tenho palavras então parodiando meu grande amigo Chico Maia “É de sair lágrimas”. Como ir ao marco zero da BR 101 é algo que qualquer pé na estrada deve querer ter em seu currículo podem ter mais este argumento que é – Depois fui comer no Lenilson! Podem até agendar por telefone (84) 3263-2660 ou (84) 9908- 3614. Curiosamente ele envia para qualquer lugar do Brasil por avião e digo que os camarões que ele me mostrou poderiam ser pegos com anzol de tão grandes. Paguei por duas lagostas cortadas na casca, uma tigela que devia ter mais duas lagostas cozidas e descascadas, mais aipim, um pirão fabuloso e arroz a quantia de R$60, 00, dava com tranqüilidade para umas três pessoas comerem a se fartar.

16 de maio de 2008

Dia de estrada, acordei tarde com um céu estupidamente azul que deixou a praia de Touros maravilhosa. Abasteci e fui colocar água na caixa do motor-home, ainda bem minha insistência com o fabricante que a boca dela tinha que ser grande, o posto da cidade de Touros tem uma mangueira com bitola gigante e a água vem empurrada por bomba, inacreditável levou em volta de dois minutos para eu enche-la.

Novos caminhos vicinais de boa qualidade indo por João Câmera com destino a Mossoró e Fortaleza. Gostei tanto que repeti parte dele por ter errado o caminho e só próximo a Natal em um posto de policia rodoviário foi que percebi, mesmo assim compensou voltar e seguir em direção a Bento Fernandes.

Já estou instalado em Mossoró e nem vi o nome do posto, conectei a eletricidade no borracheiro (Neguinho) e amanhã irei conhecer as salinas e a praia de Areia Branca. Devo ficar até domingo por causa da Stock Car em Curitiba e o sinal da Globo aqui está excelente.

17 de maio de 2008

Acordei com um céu azul e um sol que já cedo mostrava a força, não é a toa que a região é salineira. Além do sal por aqui tem uma grande produção de petróleo.

Depois do parto que é achar um café da manhã fui procurar uma praia em Areia Branca já cantarolando “Um dia Areia Branca meus pés irão tocarE vai molhar meus cabelos a água azul do marJanelas e portas vão se abrir pra me ver chegar...”. Bom a coisa não foi bem assim, Areia Branca é uma pequena cidade sem praia, mesmo assim parei e desci ao porto local e aproveitando que vi uma lan house para tentar resolver o meu problema de e-mail (Não consigo enviar). Ao meio dia eu saí aparentemente com laptop curado, arf estava não, o %&*&^$& do meu e-mail ainda não envia. Bom neste entre tempo visitei o mercado municipal e aproveitei para comprar mais onze filmes entre eles o Homem de Ferro.

As salinas margeiam os dois lados da estrada até Areia Branca, nada que faça babar, as montanhas de sal devem estar em algum lugar que não passei.

Na cidade me indicaram várias praias e optei por Upanema. Praia pequena e bem ajeitada e almocei no Hotel Costa Atlântico de frente a ela. Em troca de eu usar o restaurante eles me arrumaram luz e um bom lugar atrás do hotel.

Nem bem me ajeitei no estacionamento já tirei o quadriciclo e me mandei para a praia, fui até onde o Judas perdeu as botas e voltei para o outro lado onde nem Judas foi porque já não tinha mais as botas. Neste ponto foi divertido porque andei uns bons trechos sem ninguém por perto. Agora como praia ela fica devendo, não é de areia como conhecemos e muitos lugares tem uma argila esquisita que inclusive fez soltar as tiras da minha havaiana.

Uma curiosidade – Amanhã quero assistir a Stock e a televisão aqui é por parabólica, comentei isso com eles do hotel e foi dito que eu poderia assistir de um quarto só que quando eu vi o tamanho da televisão dei uma chiadinha, conclusão eles trouxeram uma tela grande e já deixaram pronta para mim no hall do hotel. Quanta pessoa boa à gente encontra pelos caminhos e em todos os lugares. Bom também não é bem assim, um casal de amigos que viaja de bicicleta e eu os acompanho pelo blog passou o diabo na África, em alguns lugares o pessoal gritava Mzungi pejorativamente (Brancos) e até que tentaram passar uma machete no couro deles eles resistiram, depois desta na Tanzânia pegaram um avião para o Egito. Passando pela Jordânia o esporte nacional da gurizada é atirar pedras nos ciclistas, contabilizaram cinco acertos antes de passarem para a Síria. Eles já passaram a Turquia e neste momento já devem estar em Nova Déli na Índia. Hehehe de bicicleta! Cada vez que eu acho alguma coisa difícil penso neles e sorrio para as minhas pequenas dificuldades.
Jantei no hotel e quando se trata de coisas do mar por aqui eles não têm medida de quantidade, comi deliciosos camarões e não mais que dois quilos.

18 de maio de 2008

Café da manhã, piscina com um sol absurdo de bom me preparando para a Stock às onze horas. E que corrida! Muito emocionante e todo o trabalho que tive em ver minhas unhas crescerem foi para o espaço roí todas elas até o talo.

Depois almoço, soneca e ponha soneca nisto, acordei as quatro e trinta porque o Nelson me ligou, além de atenuar a saudade conversamos sobre o que estava acontecendo com o meu correio eletrônico e a solução é simples, procurar um exu e dez pombas giras, saltar sete ondas e acender trinta velas de sete dias. Arrumei tudo menos às ondas porque a praia de Areia Branca é um espelho. Jantinha e preparação do motor-home para a partida amanhã.

19 de maio de 2008

Muitas despedidas deste pessoal simpaticíssimo do hotel Costa Atlântico e estrada com destino a Ubajara/CE mais precisamente no camping Marina que o Senhor Welger Neves colocou como indicação na seção de cartas da revista Motor-Home.

Entrando no Ceará a estrada ficou muito ruim e até entrar na rota Sol Nascente que cruza as praias próximas de Fortaleza não melhora nada. Nesta rota ficou bom até eu passar Fortaleza. Daí piorou nível ter que parar para passar se torcendo e foi assim até Sobral quando se pega um asfalto novo que vem até Ubajara. Esta subida da Serra da Ibiapaba oferece cenários fabulosos e me pergunto como da outra vez que passei não tinha reparado.

Cheguei já escuro no camping e uma vez estando aqui fica simples de entender o trajeto, obviamente errei e vim por uma estrada que eles chamam “carroçável”. Para quem vier entre na cidade de Tianguá, lá se cruza ela sempre em frente em direção a Ubajara, nesta cidade segue em frente pela rua principal até o fim dela onde se vira à esquerda e já à direita novamente continuando em uma estrada. Uns cinco quilômetros e do lado esquerdo aparecerá uma placa grande do camping.

Estou instalado com boa luz e daqui a pouco irei jantar. Sem janta a cozinheira não apareceu.

20 de maio de 2008

Depois do café fui até a cidade mais próxima chamada Ibiapina, aproveitei para levar o quadriciclo em um lavador, enquanto esperava minha vez subi a praça para tomar um cafezinho e foi uma boa surpresa a lanchonete com ótimos lanches a oferecer. Nas diversas prosas me indicaram os passeios a serem feitos e um deles eu fui logo após que é um mirante, putz a imagem que se tem da planície lá embaixo é de tirar o fôlego e esfriar as pernas e os testículos por causa da altura.

Voltei ao camping para utilizar uma das belíssimas piscinas oferecidas, infelizmente passei da idade de fazer algo por fazer, ou seja, entrar em uma água fria. Lembrei-me de Aruba quando a Iara e eu ficamos nas cadeiras rindo um monte quando víamos os marmanjos indo entrar na água, bastava eles encostarem o pé nela que davam uns pulinhos como Bambi hehehe. Naquela época nós dois entramos na água e tomamos um banho demorado, depois desta passamos encostado quinze dias no cassino e bateríamos se alguém nos convidasse para ir tomar banho da mar.

O almoço foi razoável para menos, carne que mordo e ela retribui me mordendo também não faz o gosto.

O estacionamento do motor-home abaixo e mais fotos deste local no endereço www.epagos.com/marinacampinghotel


De tarde fui por caminhos “Carroçáveis” até o teleférico, não é necessário usar trilhas para chegar porque tudo tem um asfalto de ótima qualidade. No meu caso optei pela aventura e por ser proibido o transito do quadriciclo na rodovia.

Na pousada já na entrada do parque pedi informações em uma pousada, o Senhor Gomes proprietário além de prestá-las me convidou a tomar um cafezinho cujos grãos ele tira da sua plantação e ele mesmo torra e nesta hora mistura com mel de cana. Fica um toque diferente e agradável e tomei sem açúcar quatro xicrinhas. Depois de boa prosa fui até o parque onde fica o teleférico. Por ele desce-se a uma gruta que pelas fotos é muito bacana além de outros lugares. Infelizmente (hehehe) ele funciona das nove as duas e trinta então curti só o visual. A risadinha foi porque ele desce em quase noventa graus então não foi tão infelizmente.
A ao lado para variar não mostra a verdadeira grandeza do visual. Tem uma coisa curiosa nesta foto, ela mostra bem eu com dois dedos esticados para baixo, depois de quarenta anos fumando os dedos ficam assim na posição que seguro o cigarro acho que o tempo todo.


Sai de lá e fui fazer o lanche em Ibiapina e valeu, tracei: Pastéis de carne, coxinha de carne, empadinha, pão de queijo saído na hora, etc. E isto acompanhado de uma vitamina batida na hora. Aí vai o endereço e ele pode ser muito importante para quem vier aqui – Lanchonete AGB embaixo do Hotel Pinheiros.

Já anoitecendo estou escrevendo com o quadriciclo na garagem e pronto para seguir viagem amanhã pela manhã com destino a Teresina e depois Lençóis Maranhenses.

Um argumento a mais para se vir ao camping Marina – Com a altura de novecentos metros o sol equatoriano fica mordedor para valer, então as donzelas e os mancebos podem dourar os seus corpos sem muito sofrimento já que a temperatura é amena. Particularmente eu me brônzeo porque quase todas as diversões são no sol e como tenho ojeriza de cremes neca de usar protetor, comecei lentamente em Porto Seguro e agora tenho certeza que vou rir nos Lençóis e sem goma no corpo.

21 de maio de 2008
Desci a serra e deu lombeira então estacionei em uma sombra e tirei um belo cochilo daqueles bem babados. Quando acordei tomei um Red Bull para ficar esperto agora que já é noite continuo eletrificado e pela sorte até o e-mail funcionou.

Que surpresa Teresina! Bela cidade de transito fácil e amplas avenidas. Tantos anos viajando e sempre passando pela beirada dela. Na saída se passa pela ponte Presidente José Sarney, arf até então estava feliz porque uma das avenidas principais da cidade chama-se John Kennedy e este merece a homenagem. Bom a ponte era esquisita nas entradas então...

Como ainda era cedo toquei o barco depois de um ótimo almoço que combinava com o calor, um bife de carne de sol com uma salada já temperada, nota 10!

Porém a maior sorte foi parar no Posto Santa Rita (BR 316 km 554,4) em Caxias / Maranhão, mesmo cedo decidi parar e o dono Sr. Antonio ficou de me arrumar à luz que no final nem foi necessário, pois quando fui pôr o espelho convexo que perdi na estrada a loja de acessórios já me arrumou a tomada. A sorte foi que um caboclo da borracharia, muito esperto por sinal deu uma olhada nas porcas dos meus pneus falou que elas precisavam de reaperto, fiquei meio em dúvida porque em Minas eu tinha pedido este serviço mesmo assim autorizei e acompanhei o serviço. Cacilda as bandidas estavam com muita folga e já pedi que ele reapertasse a suspensão também e não é que elas estavam com folga também! Bem que comentei lá em cima que o consumo de queijo deve deixar perturbados os mineiros, aqui pelo menos o mais fraco come três buchadas de bode por dia com os olhos do mesmo servindo de tira gosto.

Esqueci de comentar que o volume de animais soltos na estrada é algo impressionante, desde a Bahia isto é comum, mas para estes lados a coisa aumenta muito, sorte dos urubus que estão esbanjando saúde.

Agora banho e um caldo já encomendado na lanchonete. Amanhã São Luis outra cidade que sempre passei na beirada, mas agora assumem um prazer especial por ser a morada do casal Fernando e Andréa que neste momento estão em Minas Gerais pulando de frio e ainda por cima estão enfrentando estradas lotadas de motoristas mineiros comedores de queijo hehehe.

22 de maio de 2008
São Luis não estava tão perto quanto pensei, cheguei aqui já começo da tarde e tentei ir para o centro que fica muito longe e ainda por cima estava chovendo. Como tinha que comer fiz um retorno e parei em um restaurante de comida típica maranhense chamado Bob’s, comido deu uma preguiça e junto com a quentura e o abafado deu vontade de uma soneca, pedi luz para o pessoal do posto, mais do que isto eles me instalaram debaixo de uma cobertura o que me possibilita ficar com o teto e janelas abertas. Vou tirar o resto do dia para aproveitar que o sinal aqui é bom e atualizar a correspondência, ler e assistir uns filmes, São Luis que agüente ficar sem um turista hoje.

Arf eu fui sair do carro e encontrei um pequeno rio de esgoto e agora olhando a foto que bati logo que estacionei já enxergo a primeira mancha, baita vergonha, o pessoal me cede um lugar limpinho para ficar e eu deixo esta sujeira. Inacreditável o homem já ter mandado naves pelo universo, pousado na lua e um simples encanamento que foi pela terceira vez consertada continuar vazando.

23 de maio de 2008
De 23 de maio a 01 de junho o relato está no blog com o titulo “Lençóis Maranhenses”. Foi a minha melhor aventura e mereceu um espaço só dela.
01 de Junho de 2008
Até breve Barreirinha. Tanque de água cheio e estrada. Um pedaço de aproximadamente cem quilômetros muito ruim após eu ter entrado na estrada para Belém ainda no Maranhão. O Sarney não iria me falhar hehehe.

Parei no posto Magnólia no fim da tarde, negociei nos fundos com o eletricista a luz. O local tem uma boa assistência em restaurante e conveniência.

02 de Junho de 2008

Passado aquele trecho ruim só tapete até Belém, a estrada que foi considerada a número um em ruindade tornou-se passado, acho que agora nas dez piores e inclusive com a liderança está Minas Gerais com oito delas. Deve ser para imitar aqueles queijos europeus que vem tudo furado.

Como já conheço Belém nem entrei na cidade e logo peguei um chapa para me levar às balsas. Muita sorte o Mauro sabia tudo e me conduziu rapidamente ao local.

Dei sorte e a próxima balsa ia sair às sete horas da noite e isto era umas quatro da tarde. Feito o pagamento (R$1.700,00 ida e volta) me reuni com o pessoal que ia embarcar para trocar figurinhas e aguardar a chamada para subir na balsa. A companhia nos deu a janta em seu refeitório, um belo arroz e feijão com um ensopado de carne moída. Jantei em companhia dos meus parceiros de viagem o Gildo que estava acompanhado de sua esposa Adriana e a filha Gislaine vindos de Pernambuco com uma carga de alumínio e o Joelson vindo do Ceará com uma carga de banana. Oito e meia eu ainda assistia a logística de enfiarem trocentos caminhões onde caberiam vinte e cinco.

É inacreditável o que eles fazem de manobra para encaixar todo mundo ao ponto de recolherem meus espelhos retrovisores e dos outros. No último instante ainda pedi para deixarem um espaço para eu poder abrir a porta.

O motorista do caminhão vizinho enquanto estacionavam o meu não percebeu que ficou sem saída e quando finalmente a balsa partiu, ele se tocou da prisão e a confusão começou e o primeiro a se machucar foi meu carro com uma portada. Se raspando todo ele saiu fumegando e foi procurar os manobristas. Eu fiquei na boléia assistindo e seja como for nada se podia fazer.

Com as coisas se acalmando eu saio do motor-home também espremido somente para descobrir que não dava para ir a lugar algum. Dá para ir dá, mas somente por baixo dos caminhões e nesta escuridão preferi deixar para amanhã. De qualquer maneira tem que ter um jeito afinal são dois dias de viagem. Amanhã fotografarei para vocês entenderem melhor.

03 de Junho de 2008
Dá para se mexer sim, vira aqui vira ali e tanto se vai para frente como atrás no rebocador que eles chamam de empurradeira e onde fica o refeitório.

Acordei cedo e a foto é do amanhecer:

Tem que se espremer.



Ainda de manhã movimentamos os carros para que o vizinho pudesse abrir a porta, acabei ele e eu ficando com um pequeno salão a disposição.

Ontem no embarque um dos práticos fez uma coleta para comprar peixe, aleluia que decisão acertada, hoje no almoço nós comemos ele com arroz e salada, louco de bom!

Primeiro erro de grande porte eu cometi hoje. Quando eu ponho meus óculos de sol tenho que me precaver com relação às alturas porque ele não tem a lente multifocal. Quando saí do almoço eu tenho que passar da empurradeira para balsa e a diferença de altura é considerável e se junta aí o vão entre as duas, como os óculos não deixaram perceber a diferença eu saltei e foi terrível o impacto me dando um choque no meio da coluna que me jogou ao chão. Alucinado de dor puxei todo o macho que havia dentro de mim (três gramas) e garbosamente me encaminhei ao motor-home onde até agora não sei o que fazer para parar a dor. Mais adiante irei tomar um Beserol, por enquanto quero esperar para sentir a quantidade de dano ocorrida. Quando retornei mais tarde conferi a altura que era de aproximadamente um metro e cinqüenta.

Conversando com o pessoal da balsa eles disseram nunca ter visto um motor-home atravessando e pensei que talvez eu seja o primeiro, tem sentido já que a mobilidade de um motor-home se limita à cidade de Macapá. Em todo caso um outro caminhoneiro faz até Oiapoque, são seiscentos quilômetros de terra e ele comentou que está muito boa. Não irei, mas não deixa de ser mais uma opção de viagem para o futuro.

Vista do convés:



Mesmo com dores me movimentei para sentir a vida na balsa, além disto, cafezinho tem a disposição o tempo todo. Uma grande curiosidade é a interceptação da balsa por botes minúsculos a remo que se aproximam em diagonal e laçam-na fazendo um surf que eles dominam. Este pessoal sobe na balsa para fazer comércio, vendem cigarros, bolachas e outras coisas como comprar diesel infelizmente. Por uma questão de sanidade não fotografei, desaparecer no rio é só uma questão da vontade deles e o roubo do diesel é um problema conhecido pelos transportadores. A agilidade que este pessoal se movimenta é coisa de circo, crianças novas se equilibram sem pensar em situações que nem agarrado eu faria.

A comida servida é muito boa, jantei carne de panela ótima. Tanto o almoço como a janta é servida cedo até porque depois o pessoal se pega em um baralho. Infelizmente não irei participar porque as dores não me abandonaram. Agora finalizando este dia tomei o Beserol, depois banho e ajeitar o motor-home para o desembarque amanhã pela manhã. No começo ou no fim do Brasil sem emoção neste instante esperando que ela venha amanhã.

04 de Junho de 2008

Próximo às quatro horas da manhã já estava de pé com o café tomado para poder assistir o amanhecer e o estacionamento da balsa. Subi a cabine de comando e foi legal de ver a habilidade com que isto ocorreu.

Esta doca fica a uns quinze ou mais quilômetros de Macapá e logo saindo me dirigi a cidade ou mais precisamente ao marco zero que separa os hemisférios norte e sul. Neste caminho confesso que me saiu lágrimas de repente quando me toquei – Estou aqui! É o começo do Brasil!

Onde tem o marco é bastante interessante e o forte é o simbolismo de se estar no meio do mundo.

Sinta a sensação de estar em dois hemisférios visitando o empreendimento turístico “Marco Zero do Equador”. Eita dizeres esquisitos fica difícil sentir emoção com este empreendimento turístico, a mensagem ficaria melhor somente destacando o fato e eliminando o empreendimento. Afinal eu e qualquer outro que aqui chegar estará no meio do mundo onde o sol tem seu reinado constante.


Vejam que emocionante minha nádega direita está no hemisfério sul à esquerda no norte! No fundo um estádio de futebol onde cada trave é colocada em um hemisfério e a linha do campo o divide.

O Marco Zero é um obelisco de 30 metros de altura, que tem uma abertura no alto. De lá, é possível observar o fenômeno do Equinócio, quando em duas ocasiões no ano, em março e setembro, ao entrar a luz do Sol, uma bola de luz é projetada, a qual cai na Linha do Equador. Apresenta uma estrutura moderna, para receber turistas e visitantes, espaço de shows e salas para exposições. Para completar o cenário, um relógio de sol, no terraço, contribui para despertar ainda mais o fascínio por este ponto turístico.



As fotos acima foram batidas gentilmente por uma senhorita que estava no local chamada Jane.

Meu próximo passo foi visitar a Fortaleza de São José do Macapá e por pouco não perco o bonde, cheguei a entrar e fui barrado lá dentro por um guarda dizendo que a visita só seria possível com um guia. Como eu não estava me sentindo confortável não liguei para isto e me contentei com uma foto externa do local. Neste meio tempo chegou uma jovem senhora chamada Maria que trabalha na administração desta fortaleza e se prontificou a me servir de guia. Muita sorte, pois teria perdido um passeio interessante.

Segundo ela esta é a maior fortaleza construída no Brasil e data do ano de 1.782. Visitamo-la integralmente e são de sua autoria as fotos abaixo:



Atrás é o Rio Amazonas.


O padroeiro desta Fortaleza é São José e dentro havia uma estátua de madeira o representando-o, como este santo é o Padroeiro dos homens traídos bati esta foto e se for o teu caso a amplie e reze todo dia por ele. Já digo - Ele não cura isto, no máximo servirá de consolo porque ele foi mais idiota que você acreditando realmente que a sua mulher estava grávida do Espírito Santo. Observe a mão dele, está simbolizando uma masturbação e não foi esta a intenção do escultor, o fato é que roubaram o cajado que ele devia estar segurando.


Passando a vida para o básico era hora de trocar o óleo e fui à concessionária Mercedes, para não variar muito bem atendido e o mecânico não se limitou ao pedido e conferiu se havia vazamentos, ajustes, etc. E daí aconteceu o mais surpreendente de tudo que mostra o quanto a sorte bafeja em mim. Falei que minha tomada (a mesma de Barreirinha) não estava confiável e pedi a sua ajuda, putz quando ele pegou nela estava fervendo sem delongas ele já me avisou para eu comprar o conjunto coisa que sai imediatamente para fazer e consegui em uma grande loja de materiais de construção. Comprei um conjunto de gente grande e na instalação apareceu o vilão, o macho lazarento estava com o fio solto e o contato era superficial, além disto, já tinha queimado tudo internamente e detectamos um descascado original. ARF! Trocas feitas agora podem me conectar diretamente com Itaipu hehehe. Valeu Maramaldo!

Na continuação fiquei amigo do Helielson da administração e este foi uma outra sorte grande, terminando o seu expediente me serviu de guia na cidade onde fomos comprar os tanques para reserva de gasolina do gerador (Uma loja fantástica com uma variedade quase infinita de produtos) e outras coisas. Mostrou-me a orla e rodamos um bocado inclusive matando minha vontade de comer um hambúrguer do tipo em uma birosca que tinha um enorme movimento e ainda fazia este sanduíche com o gosto esperado e não de isopor como uns e outros.

Mais ainda me ofereceu a eletricidade da sua casa onde já conheci sua mãe, irmão e sobrinha.

05 de Junho de 2008
E aí estamos nós na foto abaixo na hora da despedida:







Fui até as docas confirmar o embarque que ficou marcado para as duas e trinta com partida as quatro e isto me daria tempo de chegar a Belém para ver o treino de classificação da F1 no Canadá. Voltei à cidade para reabastecer o gerador e o ônibus e aí aproveitei para procurar uma faixa abdominal já que as dores continuam me ferrando. Está difícil ser feliz e até por isto me pego sendo muito critico.

De volta as docas depois de um almoço mequetrefe eu estacionei fora liguei o gerador e puxei um ronco brabo. Duas e meia efetivamente permitiram a minha entrada no pátio e passado pouco tempo fui avisado que esta não iria sair e só amanhã as quatro da tarde haveria embarque. Arrumaram um lugar para estacionar e uma luz meia boca que somente agora a noite quando todos eles foram embora fornece energia suficiente para eu usar o ar. Já negociei para amanhã as oito um novo ponto de luz desta vez 220, o caboclo vai trazer a tomada da cidade e veremos. Para passar a tarde joguei um baralho com o pessoal que deu renda para amanhã pagar o favor da instalação elétrica.

Um dia crítico para mim, as pequenas dificuldades se tornam grandes pela dor que qualquer movimento impensado gera, se eu tusso então... O fato em uma viagem desta são os problemas de vários níveis e há de não se perder a fleuma, agora este sistema de balsas é de arrepiar a sensação de caos que gera. O pátio de estacionamento, por exemplo, é barro. A sensação é que ele não seca nunca porque mesmo com o calor a umidade do ar aqui é monstruosa.
Digo que estou a pensar seriamente em ir até Manaus até porque na volta terei que ir para Porto Velho e lá conheço as docas.
Alem de estar me acovardando este teclado $¨&¨%*&*&&(* voltou a trocar os sinais.

06 de junho de 2008

Nada de trazer a tomada e foi sorte porque onde ela iria ser instalada eu nem poderia ficar estacionado, de qualquer maneira quando o pessoal administrativo saiu sobrou energia para mim e o ar condicionado ficou a noite inteira ligado. De manhã com eles chegando caiu imediatamente e eles também hehehe. Aqui se usa corrente 110, diferente de todo o resto do norte e nordeste que o usual é 220.

Com o embarque programado a tarde aproveitei para ir dar um passeio na cidade de Santana onde se localiza o porto fluvial para navios de grande porte. Infelizmente não encontrei maneira de adentrar ao porto. Também não me esforcei para isto já que a dor não diminui. Fiz umas compras no mercado e almocei por lá depois voltei para as docas.

Quando iniciou o embarque já troquei uma prosa com o Roger que pilota um Volvo bi trem, pelo tamanho ele é o primeiro a entrar e o faz de frente. É tão ágil este bi trem que em uma única manobra dentro da balsa ele retorna e se posiciona de frente. Explico que todos entram de ré. Bom o fato é que eu estava pedindo ao Bene o encarregado neste dia do estacionamento para ficar na frente da balsa, fácil de entender porque, ficar assistindo a viagem em uma poltrona é coisa de primeira classe e ele refutou dizendo que na frente só as carretas. Aí foi que o Roger vendo meu pedido ser negado veio para meu lado e se propôs a intervir me explicando que as crianças do Bene estudam, gostam de leite, internet, etc. Consciente do drama que é a vida eu autorizei o Roger e eis eu aqui. Valeu Roger! Já aprendi como irei lidar com a balsa para Manaus, o covarde de ontem está animado hoje.


Eu falei que todos estacionam de frente e meu vizinho está de ré e explico – É uma carreta sem cavalo assim como muitas, para ganhar espaço em cada porto ela usa um caminhão diferente. Do lado direito está o caminhão do Roger que mora em Itapema/SC, hehehe o cavalo dele está alinhado com o meu ônibus e vejam onde termina a sua carroceria.

Uma curiosidade que acaba de acontecer, a balsa está se posicionando para tentar diminuir a diferença de altura da maré e acabou de derrubar duas árvores e uma casinha justamente aquela em que seria ligada a tomada para a minha casa.

Partimos mais de dez horas da noite, a balsa lotou.

07 de Junho de 2008
Rotina matinal e muita prosa nesta manhã gostosa, tal como a noite ela está fresca e o pessoal acabou se agrupando na frente da balsa.

Almoço com peixe cedido gentilmente por um transportador, pescada amarela e estava soberba!

À tarde baralho com a tripulação e inventei de tomar duas cervejas, seis horas da tarde já estava na cama, argh cerveja alegria no tomar para depois ficar bundão um tempão.

Ficar de frente com o motor-home na balsa é sensacional!

08 de Junho de 2008

Acordei muito cedo e para tirar o grude da noite um banhão e liguei o gerador para o ar. Café da manhã e vim escrever com a surpresa da internet entrar. Recebi uma correspondência do Nelson Martins Garcia que leu o meu blog e também será um próximo viajante de motor-home, infelizmente quando fui responder o sinal parou.

A aproximação de Belém é pelo Rio Pará, um gigante de águas o que me faz pensar qual será a sensação no rio Amazonas onde serão no mínimo doze dias de balsa.

Logística do descarrego efetuada o que não foi fácil porque a maré baixou. A companhia me cedeu espaço e luz (220) para ficar até amanhã onde daí eu irei procurar a balsa para Manaus.

Fui ao supermercado para as compras e depois assisti a F1 com uma imagem horrível (antena quebrou) e mais uma vez a coisa ficou esquisita por causa das regras de parada nos boxes com pace car na pista. De qualquer maneira fiquei feliz com a vitória do Robert Kubica e a corrida foi bastante emocionante.

O9 de Junho de 2008Rotina matinal e com dor fui desligar a luz, a Tropical Navegação tinha me fornecido um 220 com disjuntor de 60 ampères que deixou meu ar trabalhando seguro. Sai e contratei um moto-táxi para me levar às docas das balsas para Manaus. Chegando lá me lembrei que não tinha reposto o beserol e o Notuss e passei R$50,00 para o taxista ir comprar na farmácia enquanto eu fechava com a companhia a viagem para Manaus que iria sair às dez horas.

Fechei o frete por R$2.695,00 com a companhia J. F. de Oliveira Navegação Ltda. Como o símbolo deles é uma águia são conhecidos aqui como Passarão.

Como íamos sair as dez havia tempo de eu repor a gasolina do gerador e completar a água. E nada do motoqueiro voltar com o remédio o que me fez pensar que ele tinha me dado um golpe. No posto arrumei um outro conhecido do frentista que me foi buscar os remédios enquanto eu voltava às docas. Neste caminho fui soltar os detritos e água servida e a torneira dos detritos quebrou. Angustia dobrada, pois até então todas as pessoas que encontrei primavam pela honestidade e em toda viagem senti muita segurança às vezes nem fechar a porta de casa eu fazia e outra que a quebra da torneira acabava com a minha viagem.

Cheguei às docas e fui à administração para ver se eles tinham alguém da manutenção para me emprestar e neca, não havia então cancelei meu embarque e eis que quando eu saio o taxista primeiro chegou, a demora tinha sido porque a farmácia estava fechada e ele esperou, nem cinco minutos chegou outro. Com a fé voltando decidi eu mesmo tentar solucionar o problema da válvula. Eu sou meio frouxo rotineiramente, mas não pensem que tanto assim, o problema é que a maldita dor não me abandonou e ajoelhar ou se abaixar é um suplicio. Achei o problema e com uma chave inglesa eu consigo pegar parte do suporte e abrir. Puta azar da companhia, justamente onde eu estava parado que era um lugar limpo e calçado deixei a marca da minha passagem. Dando certo isto corri para administração para renovar o embarque, um parto que acabou dando certo e conversando com o encarregado ele me colocou na frente da balsa.



Neste ínterim o companheirismo já tomou conta, estamos viajando com apenas cinco motoristas, o resto é só carreta. O Luis, Fábio. Joceli, Adônis e eu e mais adiante porei a fotografia do conjunto já que serão de seis a sete dias de viagem.

Estou escrevendo às 16h36min e o que aconteceu foi o motor da empurradeira quebrar na saída e até agora nada de substituírem, já sabemos que virá o empurrador número 32 com outra tripulação e segundo a administração sairemos à meia noite. Menos mal na semana passada uma balsa partiu no meio e isto sim é jogo duro. Outra situação curiosa é quando a empurradeira quebra já navegando e as balsas ficam a deriva (São três balsas por empurradeira), como elas não tem âncora tem que se ter sorte de encalhar na beira o que deve ser um arrasa quarteirão no mato ou nos bancos de areia.

O nível dos companheiros é sensacional e aí vai alguma coisa deles – O Fábio ligando para a mãe e ela termina desejando que os anjos o acompanhem e ele responde “Mas escolhe anjos que saibam nadar mãe”. Uma do Joceli “Eu te passo a faca e te dou uma injeção de antitetânica”, ele quer ver o caboclo morrer de facada e não de tétano hehehe.

Neste clima de muito companheirismo e risadas jantamos todos juntos um arroz a carreteiro que o Luis preparou e estava uma delicia. Curiosidade é que a companhia não deu a menor satisfação e soubemos depois que só sairíamos amanhã.

10 de Junho de 2008

Rotina matinal até porque estou gostando muito do café com leite em pó e bolachas e depois fui assistir os trâmites de partida. Sete e trinta zarpamos numa manhã muito agradável.

No convés da empurradeira o Joceli e o Fábio, a cidade de Belém ao fundo.


Dia agradável entremeado com chuvas fortes que não incomodaram em nada nossa rotina a bordo, almoço bom e a janta eu dispensei para experimentar uma salada de atum em pacote comprada em Belém que comi com torradas, ótima opção!

11 de Junho de 2008

Rotina pela manhã com a diferença que agora estou ligado a luz da balsa. Não é o suficiente para o ar condicionado que por sorte o clima fresco não o faz tão necessário e quando eu o uso passo para o gerador.

Completamos o percurso sobre o estreito de Breves e estamos navegando no rio Amazonas.

Uma tripulação bacana comandada pelo Senhor José Luiz, um bom relacionamento com todos deixa a viagem com bastante harmonia. Café fresco a qualquer hora e experimentei uns frutos da região.

12 de Junho de 2008
Acordei um pouco mais tarde e fiz a rotina rapidamente para assistir o nascer do sol, só que fui ao lado errado da balsa como estamos navegando para o oeste o sol nasce atrás e até eu perceber perdi o espetáculo.

A imensidão do rio Amazonas encanta a qualquer momento, pequenas montanhas e platôs desenham a margem, uma sensação de paz toma conta do espírito em alguns momentos, nada absolutamente nada a se decidir. Obviamente não deixa de vez em quando de se preocupar com a água da caixa ou com a gasolina do gerador, já estou próximo de ter gastado cinqüenta litros de gasolina e só tenho mais quarenta de reserva. Em um dia ensolarado como hoje só é possível ficar dentro do motor-home com o gerador ligado.

De manhã tivemos uma conversa animada sobre religião com uma surpreendente participação do André segurança da companhia e evangélico, o nível ficou muito bom porque em qualquer dúvida ele sacava a bíblia do bolso e já mostrava a passagem a que estivéssemos nos referindo. Comentei que com a mesma força que ele teve para estudar este livro se levado a um estudo mais sério tranquilamente teríamos um doutor. A mais quebrando o dito que religião não se discute esta nos levou a estreitar ainda mais os laços de companheirismo.

Depois do almoço assisti ao filme “A Espiã”, uma história baseada em fatos reais que se passa na segunda guerra na Holanda, muito emocionante.

À tarde peguei a máquina para fotografar o cotidiano, abaixo da esquerda para a direita: Joceli, Adônis, Carlos (Responsável pelas carretas com refrigeração), Léo o contramestre do navio e o Fábio. Tirando o Carlos e o Léo o maquinário do resto estava fazendo cinco quilômetros por litro de álcool hehehe.



Dona Cléo a cozinheira mostrando uns cascudos vivos que provavelmente serão o jantar.

Bernardo Carvalho, mestre e segundo no comando pilotando neste momento. Conversamos sobre profissão que ele a exerce a mais de vinte anos em conduções de balsa pelo Amazonas me colocou que a maior problema é o encalhe da balsa. Diferente de um lugar que sofra influências da maré o rio sobe durante seis meses e vaza os outros seis então o encalhe não modifica pela altura das águas se tornando necessário uma logística e um trabalho danado para desencalhar. Esta dificuldade aumenta ainda mais se o encalhe for motivado por quebra de motor quando a balsa fica em deriva. Nas outras dificuldades como neblina, tempestade ou rio revolto a medida tomada é encostar-se à margem quando o radar não mais garante a navegação. São quase duzentos metros de embarcação.


Ao lado o companheiro Luis dando uma relaxada a sombra.


Uma sensação de imensidão, ao longe uma balsa igual a nossa é apenas um risco no rio.


13 de Junho de 2008

Vi meu primeiro boto cor de rosa ao vivo! Trânsito de grandes navios. Passamos pela cidade de Santarém.

Um dia importante em relação ao meu gerador, se a gasolina deu até aqui a sobressalente que falta dará até Manaus se não houver imprevistos. Quando a chuva se aproxima a umidade do ar se eleva muito e daí só o ar condicionado resolve.

A dor no peito ocasionado pelo acidente continua forte, porém só aparece quando passa o efeito do beserol.

14 de Junho de 2008
Ia passando batido em uma coisa que mostra demais as características dos meus companheiros de viagem. Quando ainda estávamos na dança do embarque eu fiz um cálculo para gasolina do gerador e achei que iria necessitar mais uns vinte litros e comentei com o pessoal isto, na hora dispuseram os vasilhames e deixei para depois ir buscar. Efetivamente saímos para compras e com toda a conversa e risadas esqueci da gasolina. Já noite o Joceli, o Adônis e o Fábio saíram para dar mais uma volta e surpresa quando eles voltaram com o Joceli carregando um tanquinho com vinte litros de gasolina. Pesem bem isto companheiros que estão lendo, eles tiveram o esforço de pegar um moto-táxi, arrumar a embalagem lá fora quando se lembraram e trouxer no muque desde o posto até a balsa! Muitas vezes quando analiso pessoas vejo se elas poriam o corpo na frente de um tiro para proteger um amigo, simples de imaginar que faço uma correlação com Clint Eastwood no filme que ele é segurança do Presidente. Bom neste caso eu digo que logo de saída tive este sentimento do Joceli para este nível de desprendimento. Dos outros companheiros igual disposição de servir e torço para que eles tenham sentido isto de mim também, é uma característica que valoriza muito o ser humano.

Hoje é o sexto dia que estamos todos juntos e o ambiente continua ótimo. O André segurança da balsa já se transferiu para outra que estava voltando (Parece que o ponto de perigo é o estreito de Breves) e o Luis pode sair em uma lancha com o Márcio (Marinheiro e ajudante de máquinas) para irem a uma cidade fazer compras (Buriti?). A confraternização com a tripulação já é completa e as histórias rolam de ambos os lados.

15 de Junho de 2008

À noite passamos por Parintins lugar famoso por uma festa do boi.

Hoje o Fábio aniversaria fazendo quarenta anos, o ancião da tribo sou eu com uma folga de quase dez anos, a Cléo fez um bolo e comemoramos seu aniversário no almoço.

Mais botos cor de rosa e um fim de tarde muito agradável.






16 de Junho de 2008

O ambiente está com um pouco mais de excitação pela proximidade do fim da viagem, passamos a manhã na frente da balsa e depois do almoço continuamos. Um dia nublado e fresco muito agradável.

No fim da tarde sem nenhuma combinação todos se vimos com as máquinas fotográficas na mão, o sol apareceu e o ambiente ficou muito propício para estas últimas recordações. Abaixo o Comandante José Luiz e eu no convés da empurradeira.


O Luis desmontando a nossa casa.







A viagem não acabou, eis que um enorme tronco fica preso entre a empurradeira e a balsa, na foto o Mestre Léo tenta tirar e não foi possível, então o comandante parou os motores e assim deu certo.


Parece simples parar o motor, mas não é. O combustível usado é um resíduo de petróleo que o sistema refina antes de injetar nas câmaras de combustão. Este sistema não permite, por exemplo, que esta empurradeira seja usada para manobra, nas docas é feita por outras que utilizam diesel. Então uma simples parada como esta exige que o chefe de máquinas Ademar ou no caso de hoje o marinheiro Márcio faça toda uma operação para ela acontecer, embaixo no exato momento em que ele estava tomando as providências para reacelerar o motor.



Como um finalmente a foto do Adônis dentro da boléia do seu super Volvo da TransZilli. Ele dos viajantes é o que tem mais vivência neste percurso e amanhã já em Manaus deverei segui-lo para pegar a rodovia para Roraima.


As luzes de Manaus já estão à vista e em breve deixaremos o Rio Amazonas no encontro das águas do Solimões e Rio Negro, uma lua quase cheia ilumina tudo garantindo uma bela despedida desta aventura.

17 de Junho de 2008
Quisera eu que ficasse na poesia que foi a nossa aproximação. No último instante nos preparativos finais para o desembarque, luz desligada, utensílios guardados e despedidas da tripulação além de combinarmos ir comer um chesse salada em um lugar que o Adônis conhecia próximo ao porto o comandante nos deixou amarrados em uma bóia no meio do rio. Logo veio à explicação, as rampas de desembarque estavam lotadas e teríamos que esperar nossa vez, sem mais eles zarparam com a empurradeira com a promessa que deveria acontecer no máximo entre duas a três horas o desembarque. Uma pílula quanto ao horário, todos nós fomos dormir e pelas três e meia da manhã de hoje fui acordado com um baque forte e lá fui eu para a boléia pensando ter estacionado arf, estávamos encalhados na margem apenas e nem quis saber por que voltei a dormir. Quase cinco horas da manhã me acordam com batidas na lataria e agora de fato estávamos nas docas para desembarque e o pessoal acenando para eu sair já que estava em primeiro, totalmente zumbi dei a partida e os caboclos nem se deram ao trabalho de tirar os calços, não entendi o que estava acontecendo e pulei-os com muito barulho. Esta doca é enorme e a subida forte, fui indo longe até que de repente ouvi um apito e não enxerguei ninguém, continuei e o apito tocou novamente e aí parei um tempo até chegar um guarda adormecido e eu de mau humor pedi desculpas a ele por tê-lo acordado. Em todo este caminho não tinha um infeliz para me dar uma informação. Precisava de uma autorização de saída e só poderia ser a partir das oito da manhã. Estacionei por lá mesmo e fui procurar os amigos, encontrei o Luis e juntos descemos já que o caminhão do Fábio tinha ficado sem bateria. Nem chegamos lá embaixo eles já estavam subindo. Trocamos conversa até abrirem à empresa e de posse da autorização eu estava livre, meus companheiros provavelmente só sairiam depois do meio dia porque eles necessitam que a receita fiscalize.

Para não me estressar mais já que Manaus é uma cidade muito grande contratei um chapa chamado Hércules para me levar até a saída para Roraima. Realmente longe quando chegamos lá paramos numa lanchonete para eu tomar meu café da manhã que eu pedi conforme eles anunciavam um chesse salada e uma vitamina, bom eles não tinham a salada e nem frutas em compensação tinham um quadro pregado na parede que Jesus garantia a prosperidade daquela casa arf. Mesmo assim matei a vontade do sanduíche e tomei um refrigerante natural da região chamado Coca-cola. Com o Hércules indo embora pau na estrada.

Quase passando batido – No caminho parei em um posto Shell para reabastecer o gerador e água. Muito bem atendido eles me forneceram água direto do poço tirado com bomba o que garante enchimento muito rápido. O posto chama-se Petromay e fica na Avenida Djalma Batista número 4.360.


No começo foi só alegria a estrada coisa que acabou rapidamente. Jogo muito duro realmente apesar de que isto combina com a travessia da selva amazônica, como o asfalto sumiu em muitos lugares o barro suja onde ainda ele existe dando uma imagem de trilha ao caminho. Muitas vezes meus armários não agüentavam a pressão e lá vinham panelas e outras coisas na minha cabeça. Golpes de chuvas torrenciais melhoraram ainda o clima da coisa inédita.

Passando a reserva indígena Waimiri Atroari, um show de paisagem diga-se embora seja proibido parar e tirar fotografias, filmar, etc. estacionei já no fim da tarde em um posto fiscal num lugar chamado vila Santa Luzia onde passarei a noite.

Amanhã Boa Vista embora o cumprimento do meu objetivo já tenha sido alcançado que é ter ido a todos os estados brasileiros. Boa Vista completará todas as capitais dos estados brasileiros, bom talvez não todas, não consigo me lembrar se eu já entrei em Palmas/Tocantins, bem pertinho vale?

18 de Junho de 2008
Realmente jogo duro à estrada, somente alguns trechos e nos últimos 120 quilômetros o asfalto fica razoável. Meta cumprida eu estou em Boa Vista.

Uma bela cidade se vê pelo planejamento de suas ruas largas e amplas avenidas que sustenta um crescimento por muitos anos.

Ainda na estrada lêem-se várias placas anunciando que em Boa Vista as faixas são dos pedestres, na cidade enquanto eu procurava a loja da Daniele irmã do Danilo de Campina Grande/Paraíba não encontrei nenhuma faixa de pedestre, propaganda enganosa hehehe. O que encontrei e muitos foram belos carros do ano escritos nos vidros SOS Educação eu senti na hora a situação, pois já encontrei semelhantes em quase todos os lugares que fui, é a greve dos professores ou da saúde como se eles estivessem muito preocupados com a educação ou com a saúde. O pedido era “Aumento de salários” e não encontro vinculação entre maiores ganhos com melhor ensino ou prestação de serviço na saúde

Acabei estacionando na frente da loja da Daniele e pudemos trocar muitas figurinhas e digo desde já que voltarei em breve para cá. Por Roraima vai-se em asfalto até a Guiana Inglesa e sua capital Georgetown e daí provavelmente tem estrada para o Suriname e para a Guiana Francesa. E para completar então farei a Venezuela, Colômbia e Equador assim completando a América do Sul.

Gostei demais da cidade, comprei umas lembranças interessantes tal como uma zarabatana fabricada pela tribo Yanomami que os missionários trazem para vender nas lojas de artesanato e outras coisinhas. Aproveitei a Daniele que me fez esta foto no monumento ao garimpeiro que foi um dos grandes responsáveis pela fundação desta cidade.


Para finalizar minha visita a esta cidade fui jantar com a Daniele e seu marido Márcio onde além das boas conversas matamos uns chopes e cá estou eu todo atordoado escrevendo. Agora cama e amanhã começo o caminho de volta a Manaus porque sábado tem Stock e domingo F1.

19 de Junho de 2008

Rotina matinal agora com uma ligeira alteração, como a dor não me larga beserol de cara, santo remédio pelo menos viro gente.

Abasteci com o diesel mais caro do Brasil R$2,49. Muita gente prefere is abastecer na Venezuela é tão mais barato que compensa embora as informações sejam desencontradas em relação ao valor de sete centavos a setenta centavos.

Sem novidades na estrada lembrei de parar quando passasse a Linha do Equador e eis a foto:
Estava tão depredada que nenhuma foto mais perto eu quis usar. O monumento tirando as trocentas inscrições arqueológicas que os homens de neandertal deixaram é muito bonito com a indicação da latitude zero e longitude 60*38*45. Esta rodovia foi projetada e inaugurada no Governo Geisel.

Para evitar cruzar a reserva indígena e numa eventualidade ficar lá à noite eu estacionei no posto fiscal da vila Jundiá novamente para pernoite.

Uma curiosidade – Saindo da cidade passei pela frente de um quartel que tinha um zoológico, retornei e pedi para visitar. As visitas só podem ser no domingo, mas vendo que eu já estava de saída autorizaram contanto que eu colocasse sapatos porque era proibido entrar de sandália. Dou uma fotografia minha para quem me explicar uma razão com um mínimo de lógica para isto, o zôo ficava completamente independente das instalações do quartel. Quanto ao zôo muito bacana, vi minhas primeiras araras na Amazônia, papagaios, um casal (?) de tucanos, três onças e um veado surpreendentemente dóceis e muito bem tratados. Meu computador insiste que eu use homossexual no lugar da palavra veado e não é o caso porque estou me referindo ao animal arf.

Outra curiosidade e esta da estrada, a Andréa mulher do Fernando (CASALNAESTRADA) mencionou que achava engraçado quando eu exagerava nos números quando me referia a alguma coisa, bom parece piada, mas num determinado trecho desta estrada eles devem ter dado para uma empreiteira tampar os buracos e quem o fez escrevia a inicial B U e o número. Comecei a reparar quando já estava no buraco tampado dez mil e alguma coisa, no dezessete mil e alguma coisa parei o carro para ter certeza do que estava vendo (Agora me arrependo de não ter fotografado) e um pouco mais adiante diminui para ler que já tinha entrado na casa dos vinte e dois mil e uns quebrados buracos tampados. Isto em cem quilômetros aproximadamente o que dava antes de serem tampados mais de duzentos buracos por quilometro ARF! Agora só faltam 3.245.678.987 para completarem o serviço.

Ao lado uma foto de paisagem comum por estas paragens, os igarapés proliferam nesta região e acredito por toda a Amazônia.




20 de Junho de 2008

Como combinei com o meu primo Arlindo que mora em Manaus e a mais de quarenta anos não nos víamos ele foi se encontrar comigo na entrada da cidade, um encontro feliz de parentes que só tem boas lembranças, os pais dele foram os meus segundos quando na minha pré-adolescência passei muitas férias na casa deles em São Paulo.

Fomos para a sua casa onde a rua em frente estava excelente para o motor-home. No caminho na cidade de Presidente Figueiredo eu já tinha me abastecido de água e combustível então foi só nivelar o carro e conectar a tomada elétrica.

Muita conversa gostosa, muitas lembranças revividas juntamente com sua esposa Beatriz e seu filho muito esperto que se chama Kim.

21 de Junho de 2008
Qualificação na F1 (França) e Stock Car em Santa Cruz com uma corrida espetacular foi à pedida. Depois uma visita a Associação Naturalista do Amazonas aonde vimos trocentos cadáveres de peixes, borboletas, insetos e jacarés mumificados e para culminar um enorme aquário com dois pirarucus vivos e mais uma série de menores com peixes da região. Saindo fomos ao porto para eu fechar com a balsa que ficou marcada para terça-feira faltando apenas à decisão Porto Velho ou voltar a Belém.

A tarde fomos passear em Ponta Negra onde continuamos nossas conversas tendo como fundo o majestoso Rio Negro, Da esquerda para a direita Arlindo, Kim, Beatriz e eu.

Mais tarde fomos ao supermercado onde fiz as compras necessárias para o retorno à balsa.

22 de junho de 2008
F1 espetacular senão por causa da vitória do Felipe Massa que foi muito facilitada pelas circunstancias e sim pelas belas disputas entre a terceira e oitava posições.

Depois disto fomos a um parque da cidade que serve também como instituto de pesquisas da vida animal e vegetal da Amazônia e pudemos ver entre outros os peixes-boi este admirável mamífero muito dócil. Imaginar que em outras épocas ele foi caçado indiscriminadamente e de uma maneira terrorista que consistia em enfiar duas rolhas em suas narinas quando ele subia a superfície para respirar e isto o matava sufocado.


Neste parque havia um espaço cultural onde o artista Téo Braga estava apresentando a sua obra me apaixonei por um quadro que retrata tucanos no seu ambiente natural e só não fiz negócio porque algo no olho do principal tucano em relevo deixava a desejar. Os olhos do tucano são de um azul impar o que não era o caso deste. Falei com o Téo sobre isto e ele falou que iria tentar resolver. Enquanto escrevo surgiu à idéia de sugerir a ele que compre um olho azul destes que enfeitam bichos de pelúcia. Quem vê um tucano sabe do que estou falando, esta ave é tão bela plasticamente que não parece ser um ser da natureza e sim uma invenção humana montada em uma fábrica chinesa.
Abaixo na foto debaixo para a direita – Kim, Beatriz, Arlindo, o artista Téo Braga e eu. O quadro é o que está atrás da cabeça do Arlindo.


Almoçamos uma bela posta de pirarucu mesmo que com muito dó porque os tínhamos visto vivos no dia anterior, infelizmente a carne dele é deliciosa e para consolo estes foram criados em cativeiros para esta finalidade de alimentar nós carnívoros.

Dia delicioso que culminou com olhar os álbuns de fotografias e eles foram à prova de quanto nós convivemos juntos em outras épocas com inúmeras fotos dos meus pais com o dele e mais nós em diversos locais.

23 de junho de 2008
Dia excelente, saímos pela manhã para visitar um zoológico mantido pelo exército aqui em Manaus, infelizmente segunda-feira é dia de manutenção e mesmo que um soldado nos indicasse uma pessoa que poderia autorizar entrar em caráter excepcional não quisemos importunar a rotina deles. Mesmo assim vimos um belo par de búfalos e pelo cuidado que eles estavam fiquei com a certeza que perdi uma oportunidade. Haverá outras, esta região se mostrou bastante agradável e a partir daqui existe uma série de aventuras que valem à pena, quando a estrada de Porto Velho a Manaus estiver inaugurada e inclusive estão construindo uma ponte sobre o Rio Negro e o Solimões isto aqui virará o paraíso dos viajantes de motor-home.

O melhor do dia foi sem dúvida poder conhecer pessoalmente o Walter Rubens, amigo de longa data pela internet onde disputamos alguns campeonatos de automobilismo virtual e sempre mantivemos um grande respeito um pelo outro e nos vermos pessoalmente criou uma empatia imediata de grande afeto. O Walter é engenheiro elétrico e trabalha aqui em Manaus como em Belém com redes de alta tensão atendendo inclusive a Petrobrás que explora gigantescos poços de petróleo aqui na Amazônia.
Pusemos em dia a conversa e almoçamos juntos, à tarde o Arlindo trouxe a Beatriz onde batemos esta foto. A partir da direita - Walter, Arlindo, Beatriz e eu.


Na troca de conversas o Walter transporta seus caminhões por uma empresa chamada Mississipi para Belém, bastou um telefonema seu para economizar R$1.000,00 e amanhã eu embarco de volta a Belém pela Linave substituindo a Passarão. Explico porque não irei a Porto Velho, a viagem além de passar pelos maiores focos de malária da Amazônia tem o inconveniente de subir o rio Madeira podendo chegar até dez dias dentro da balsa. Este período deixa o motor-home muito no limite de tudo (Água, gasolina do gerador, capacidade da caixa de água servida e detritos, etc.) então fazer ao contrário nesta viagem seria a grande pedida porque a descida leva a metade do tempo. Como eu estou com outros pensamentos o Acre e meu amigo Dr. Roraima terão que esperar.

No fim da tarde descemos na cidade velha onde tem o porto e um comércio intenso para eu comprar mais um bujão para gasolina e uma cadeira que fez muita falta na balsa. Tudo realizado a contento e fizemos mais esta foto para recordação.



24 de junho de 2008
Manhã dedicada a arrumar a casa e pegar a lavanderia (Excelente), nós almoçamos mais umas postas de pirarucu feitas desta vez em um fogão maçarico que as deixou ainda mais gostosas e logo após o Walter chegou para me levar às docas da companhia Linave para o embarque. O Arlindo e família me acompanharam também. Tramites acertado e já estacionado no parque de embarque se despedimos com a promessa primeira que em breve o Walter irá visitar a mim e aos amigos comuns no sul e que também voltarei.

25 de junho de 2008
São 10h20m e eu ainda estou no pátio sem nenhuma noticia de quando embarco. Faz parte esta espera, uma viagem tão longa e dependente de vários fatores horário marcado é apenas uma referência.

Corre por Manaus que a estrada Porto Velho/Manaus está a mais de vinte anos na promessa é bloqueada na sua construção pelos interesses de alguns políticos em manter este status atual que gera enormes lucros. Vou chutar que deve ter mais de duzentas balsas neste instante navegando pelos rios da região. E mais e esta com informação segura o trecho Porto Velho/Humaitá que já está pronto é terminantemente proibido o trafego de carretas garantindo mesmo com a estrada aberta que as balsas irão continuar.

Não comentei que já pelo sétimo dia na minha vinda para Manaus o fedor tomou conta das balsas pela deterioração das cargas. O diesel que mantém os congeladores ligados tem limitado a sua quantidade então obriga o responsável a ficar ligando e desligando os aparelhos.

Pode ser também que o mesmo vendeu uma parte do diesel. Daí tem que regular o gasto, pela quantidade de canoas que se atraca a balsa com este intuito esta hipótese é bem provável. Fora isto também as condições destas carretas frigoríficas são questionáveis e também poderia se julgar a distribuição da carga no seu interior. Um motorista me explicou que estas cargas não são jogadas fora, chegando ao destino elas são congeladas novamente e vão ser vendidas ao consumidor final. Isto deve explicar muita diarréia.

Mas deixemos o amargo de lado, agora são três horas da tarde e já fui até a cidade reabastecer de gasolina e comprei a tomada fêmea para fazer uma instalação mais decente na corrente elétrica da balsa. Quando voltei já me disseram para descer ao embarque. Bom eu ainda estou de frente para a balsa já que serei o último a entrar e devemos sair apenas à noite. Neste tempo já comecei os primeiros contatos como o Morais que viaja com a sua filha Wanderléia e pilota um caminhão Mercedes com baú fazendo mudanças de Manaus para todo o Brasil e o Carlinhos responsável pela arrumação dos equipamentos na balsa, este último muito gentil se comprometeu a arrumar bons lugares para nós.

Como a balsa irá parar em Santarém e lá poderei repor a gasolina estou largando brasa no gerador, com o ar ligado quero mais é que leve dez dias a viagem hehehe. Um exemplo de conforto e ao mesmo tempo uma boa hora para soltar as lágrimas é assistir ao musical Cats cuja música Memory abre as minhas torneiras com notável infalibilidade. Uma curiosidade quando bati a foto abaixo eu quis retratar o momento e a sorte quis que pegasse exatamente a mensagem que reproduz o meu sentimento! Deixe a lembrança voltar a viver, uma pena minha vida ter lembranças muito ruins entremeadas por ótimas então minhas lágrimas ficam confusas variando sentimentos bons e remorsos terríveis. Não é a toa que um dos meus filmes preferidos é o Feitiço do Tempo, seria mágico poder corrigir algumas atitudes idiotas que tomei.



A balsa completou-se e aí estou eu estacionado, na foto o Carlos responsável pelo estacionamento e logística.



20h30m estamos nos movimentando, o porto que estamos saindo fica bem no encontro das águas do Rio Negro com o Solimões e a partir daqui chama-se Amazonas.

Céu imenso e limpo, trilhão de estrelas e um planeta que vejo todas as noites sem nuvens que é Vênus. Ele se apresenta grandioso e brilhante a esquerda do Cruzeiro do Sul. Quanta suerte eu levo em relação ao clima, todas às vezes ele se apresenta conforme eu necessito. Até Pipa que o tempo estava nublado acabou colaborando para eu poder andar com o quadriciclo sem me torrar.

26 de junho de 2008

Um belo amanhecer e já aproveitei para conhecer o resto da tripulação. A velocidade da balsa descendo é surpreendente, o dobro pelo menos em relação à subida.

Já estou ligado à energia da balsa apenas para luzes e televisão, infelizmente ela é miserável e quase certo que o gerador deles está com problemas.

Neste exato momento cai uma tempestade tropical e dá vontade de por um calção e curti-la, no entanto deixarei para fazer isto na próxima. A balsa chocalha um bocado.

Noite maravilhosa e como disse o companheiro de viagem Rubens “Um hotel de milhão de estrelas”

27 de junho de 2008
Chegamos próximo às nove horas da manhã em Santarém o que significa que estamos descendo muito rápidos, enquanto eles descem umas carretas e sobem outras peguei um táxi e fui buscar gasolina para o gerador.

Estamos descendo o Amazonas em mais motoristas do que quando subi e aí fica difícil gravar os nomes de todos, o que mais simpatia eu senti foi pelo Sérgio (Transporta carros pela Sada), fumante como eu sempre têm um cafezinho pronto para um bico. Com a tripulação também o contato está sendo menor já que desde o café da manhã até a janta estou fazendo no motor-home. Já estou esperto em abrir os pacotes e para evitar louça como na panela mesmo. Um alerta: Tenho comido torradas com freqüência e a melhor disparada foi a da marca Marilan, em segundo Baudduco agora a marca Visconti socorro mamãe! Uma droga que insultou o ótimo patê francês que abri para a janta.

Retornando para antes da janta todo entardecer se reunimos na frente da balsa e desta vez o Joãozinho tem uma ótima cadeira para sentar. Um momento de paz e camaradagem delicioso temperado com uma brisa fresca. Quando as estrelas dominam o céu eu me recolho para um banhão, janta, blog e cinema.

28 de junho de 2008Manhã estranha, depois do café eu fui para a proa com a cadeira e puxei sem querer um sono refrescado pela brisa e com bons sonhos. Acordei com os companheiros chegando e não demorou muito para eu ir para o motor-home onde dormi até depois do meio-dia. Almocei uma feijoada da Swift em pacote deliciosa.

Explico porque não estou mais indo na empurradeira. Ontem eles compraram uma tartaruga e a deixaram amarrada debaixo de uma carreta, eu fico horrorizado quando vejo esta tortura e ainda mais sabendo que quando eles a assarem irão colocá-la viva sobre o casco em cima das brasas fazendo-a sofrer mais que Joana D’Arc. E não é que quando chego lá eles estavam comprando uma segunda tartaruga! É muito para minha cabeça. Eu não vi e foi contado pelos companheiros que eles também compraram uns tatus ou jacarés.

Fim da tarde na proa com os companheiros, sem dúvida o melhor horário de todos culminando com uma noite estrelada e o planeta Vênus sempre presente.

Hoje foi longe a conversa, quando falamos de religião aí a coisa ficou bom de verdade e novamente de vez criar divergências parece que uniu mais o grupo mesmo que as opiniões fossem diferentes.

Já passamos o estreito de Breves e amanhã estaremos chegando a Belém. Curiosidade: Desta vez vieram três policiais para escoltar, gente boa e bem armada. Uma menção muito especial ao Fabrício que mais adiante se encontra conosco na cidade como irei detalhar mais adiante. O Fabrício é o do meio de camiseta azul.


Como se vê se os piratas atacassem iam ter uma boa surpresa.

29 de junho de 2008

Belíssima manhã que acompanhei o nascimento na proa com o Manoel fazendo companhia.

Uma viagem muito feliz com ótimos companheiros, na foto abaixo a partir da esquerda – Rubens, Sérgio (Meu companheiro de cigarro e bicos de café), eu, Manoel, Renan e o Fabrício. Ajoelhados da esquerda para a direita – Um segurança que não fiquei sabendo o nome e explico por que: Este pessoal não brinca em serviço, em nenhum momento os vi desatentos ou em uma situação de pouca visão além que de noite os três faziam plantão integral. Ao lado dele o Mauricio e o Heitor.


O Morais e sua filha Wanderléia os primeiros que tive contato. O Morais trabalha com mudanças por todo este Brasil e a viagem para ele como também para mais alguns já é mais rotina já que Manaus é a sua base. A curiosidade é a filha viajando com o pai criando uma situação familiar muito bacana.


O Comandante Raimundo e eu






Segundo no comando Mestre Waldir.


Pilotando a embarcação no momento da foto o Contra Mestre José Maria à direita e o marinheiro Francisco.


Um azar justamente a pessoa com quem mais me relacionei da tripulação o chefe de máquinas José Grande foi o único que não tem fotografia, a curiosidade é que ele é muito parecido com o Doutor Campos cardiologista em São José dos Pinhais inclusive no tom da voz. E ambos curiosamente têm a mesma função que é cuidar dos corações, um de humanos e outro das máquinas. Na foto abaixo o segundo nas máquinas que é o Senhor Armando.


Olhando a foto acima se vê um carro forte, não estavam transportando nada e acho que o destino era ferro velho, os peixes agradeceriam se os mesmos fossem jogados no rio para serviram de moradia a eles.

Falei que a pessoa da tripulação que tive mais contato era o José Grande, erro simples porque algumas vezes ele dividiu o entardecer na proa com a gente. De fato a pessoa que estive com mais freqüência foi o Senhor Amorim responsável pela cozinha da embarcação, tratando-se de comida é um especialista e as poucas vezes que almocei ou jantei lá deu para sentir a qualidade do seu tempero. Como nesta volta eu abusei do ar condicionado também aproveitei para experimentar minhas habilidades culinárias, agora além de esquentar água também sei abrir pacotes e esquentar a comida então por isto e mais uma tartaruga é que aproveitei pouco às suas refeições.


Chegamos à volta de uma hora em Belém e felizmente a maré deixou o rio muito baixo para o atraque definitivo que eles calcularam por sete horas da noite então por sugestão dos companheiros fomos até a cidade. Enquanto alguns deles iam procurar caixas automáticos desci com o Sérgio para a orla onde enquanto esperávamo-los devoramos alguns abacaxis da ilha do Marajó e digo que nunca provei um tão delicioso quanto estes opinião que o Sérgio e depois todos os companheiros são unânimes em confirmar.

Na continuação passeamos na orla onde fizemos compras de artesanato marajoara de ótima qualidade, todos compraram muito e eu todo o estoque de cinzeiros para presentear os amigos e ver se isto acaba o tormento das casas deles não terem este equipamento de primeira necessidade hehehe.

Muita gente aproveitando o domingo e digo que melhorou ainda mais a imagem que eu tinha do povo desta cidade pela sua educação e carinho surpreendente.

Sentamos em uma ótima lanchonete chamada Tony onde fizemos um lanche soberbo, eu comi dois chesse filé quase incomparáveis. O segredo além de eles usarem boa carne é a maneira deles cortarem ela em pedaços pequenos o que facilita um monte comer sem vazar pelos lados.

Neste ínterim chegou o Fabrício para nos fazer companhia e o papo correu solto num entardecer para não variar magnífico. Além disto, aumentei meu conhecimento de sinuca levando umas surras homéricas do amigo Sérgio.

Aos amigos Fernando e Andréa (casalnaestrada) que me pediram para achar um lugar onde parar o motor-home em Belém e eu respondi que só passaria por ela e isto continua valendo, porém digo: Belém merece uma visita profunda, além deste povo tão gentil e educado a localidade de Icoaraci faz um artesanato marajoara excepcional que não vi paralelo no Brasil e na orla dela é que fomos passear então não se esqueçam do abacaxi e do Tony. E mais sabe como é conhecida Icoaraci? Vila Sorriso, precisa dizer mais alguma coisa?

O restaurante e lanchonete Tony fica logo após este restaurante da foto abaixo (Copiei porque ninguém levou máquina fotográfica)

Voltamos a balsa na correria porque naquele relax nem percebemos as horas e quando vimos a maré já tinha subido. Totalmente desnecessário a pressa desembarque só amanhã de manhã.

30 de junho de 2008
Próximos às nove da manhã eu recebi meu papel de desembarque e efetivamente saímos passadas as dez. Segui atrás do Renan e Mauricio para usar os atalhos para pegar a estrada Belém/Brasília e neste embalo foi o Rubens também que estava carregado e ia à direção de Fortaleza.

Já na estrada paramos para o Mauricio completar o óleo hidráulico e juntos tomamos um cafezinho e se despedimos. Mais adiante me lembrei de completar a água e consequentemente eles me passaram, depois voltei a passá-los já que o ônibus permite dez quilômetros a mais de velocidade que os caminhões.

O melhor mesmo acabou acontecendo quando decidi parar para pernoite no Posto Madeireiro, sempre que possível eu paro antecipado para negociar luz, completar o combustível e me adaptar ao local quando ainda não veio o movimento noturno. Neste caso engraxei as cruzetas além de verificar os óleos do gerador e motor. A oferta de luz foi maior que a necessidade, digo e repito que gente boa tem este Pará. Muito bem estacionado eis que chega o Heitor (Transporta carros até Manaus), muita alegria em rever tão rapidamente o amigo, depois de uma prosa cada um foi tomar seu banho e nos encontramos para tomar umas cervejas e jantar. Excelente a cozinha do posto e vale agendar para quem fizer este percurso este ponto de parada. A tirada do dia foi quando perguntei se o caminhão já o tinha deixado na estrada e a resposta muito bem humorada foi que não e pelo contrário ele deixava o caminhão na estrada e ia procurar socorro hehehe. Na verdade nos seus vinte e sete anos de estrada ele comentou que nunca teve que efetivamente parar na estrada, quando houve problemas sempre deu para chegar a um posto.

O Heitor e eu trocamos nossos planos de viagem que tem muita semelhança então amanhã se tudo der certo devemos jantar em Colinas no posto mil.

01 de julho de 2008
Só estrada porque quero chegar a tempo em Campo Grande/MS para assistir a Stock.

Passei pela cidade de Colinas e vi o posto Mil, infelizmente eram apenas duas horas da tarde e decidi tocar o barco, numa destas o Heitor que cruzei na estrada novamente de manhã quando parei para tomar café com meu pão com ovo decida à mesma coisa e aí... Como ele está com problemas no farol será muito difícil já que hoje rodei quase mil quilômetros.

A grande vantagem destas estradas longas é que elas mantêm postos com muita estrutura, no momento estou estacionado no Rodoposto Tabocão no estado de Tocantins com estacionamento coberto e luz elétrica.




02 de julho de 2008
Socorro mamãe! Todo o tempo que ganhei saindo de madrugada e sentando a pua já que faltam quase dois mil quilômetros até Campo Grande perdi numa vez só quando chegou à entrada de Brasília. Não se entra em Brasília e sim se segue para Anápolis, Goiânia, Aparecida e Rio Verde para ir a Campo Grande ou mesmo São Paulo. A estrada está pornográfica de tão ruim e para culminar a miséria mais um tempão parado por ela estar interditada (Uma mão só).

A Belém/Brasília está em boas condições, ela é uma reta gigante praticamente e só em um trecho no Tocantins está muito ruim. Como paisagem muito monótona com uma vegetação tipo cerrado, não há pássaros e poucos, muito pouco insetos marcam o pára-brisa. Já em Goiás isto muda para campos e colinas. Como um diferencial a coisa aqui funciona com velocidade e isto explica alguns caminhões com o motor quebrado. Ontem até que dois caminhões passaram por mim, hoje soltei a franga e usei a banguela direto, eu e os outros hehehe.

Como diversão eu peguei dois de uma vez só e explico, ultrapassando na faixa amarela eu não espero a justiça divina, faço de conta que não vi. O caboclo que se vire. Se um dia eu acertar alguém de frente e me espatifar podem conferir que estarei com um sorriso no rosto. No caso de hoje o lazarento estava ultrapassando em faixa uma enorme fila e não deu outra teve que forçar a entrada e bateu em outro carro. Só deu para ver de lado rapidamente até porque quando rio muito eu fecho os olhos.

Passando para as amenidades. Quase sem combustível e sem nenhuma parada até então a fiz logo após a estrada ter voltado a ficar razoável. O posto é o Recreio com bandeira Ipiranga próximo a cidade de Rianápolis em Goiás, aceita cartão Visa e pela estrutura vi que arrumaria luz com facilidade e assim o foi. O diferente foi à moça que me atendeu, comentei da sua roupa tão chique. Atente que não fiz o comentário para flertar, quem me conhece sabe que eu não faço isto com ninguém e sim o fiz pelo fato ser real. Bom a moça era a gerente o que explicava as roupas e na continuação da conversa ela perguntou sobre o ônibus e o meu trabalho, expliquei e logo em seguida chegou uma frentista, a Gislleny (nome da gerente) para mexer com a outra falou algo assim – Te dou um presente se você me disser o que é isto! A outra de bate pronto soltou – Este ônibus é uma casa que tem tudo e ele deve ser aposentado vivendo nela. Na mosca e mais adiante saberei se ela pagou o prêmio. Como deixei um cartão do blog para ela irei esperar um comentário para ela confirmar a história. Foi uma situação divertida até porque mais um entrou na conversa e o ambiente ficou muito relaxado. Este tipo de atenção explica o enorme movimento do posto sem dúvida. Na foto abaixo a partir da direita Gislleny e Vanessa.

03 de julho de 2008
Acordei por volta das quatro da manhã e fui para a estrada imediatamente, bem não tão rápido assim porque tive que acordar o motorista que tampou minha saída. Faltavam ainda uns mil quilômetros até Campo Grande e tinha que chegar hoje para instalação da casa, a Stock será no sábado por causa da F1 no domingo.

Passei Goiânia já de dia e arf um milhão de carros, caminhões e motocicletas já a entupiam, mesmo assim não houve erros de trajetória e peguei a saída para Rio Verde. Não existe uma estrada principal para Goiânia/Campo Grande e se usa umas nove ou dez estradas para se chegar lá. Esta primeira até Rio Verde estava uma loucura de tão ruim o que me deixou arrepiado com a possibilidade de enfrentar os oitocentos e tantos quilômetros faltantes. Em Rio Verde parei para pedir informações e por sorte achei um motorista que morava em Campo Grande e suas informações foram muito precisas Aparecida do Rio Doce, Caçu, Itarumã, Itajá, Cassilândia, Chapadão do Sul, Paraíso, Camapuã, Bandeirantes e Campo Grande. Que sorte grande se revelou estas estradas! Sem dúvida a região mais rica do Brasil. Depois da miséria da estrada de Rio Verde e um pedaço até Aparecida o asfalto virou tapete e pude apreciar as gigantescas plantações que se perdiam no horizonte. Algodão, milho, sorgo além de milhares senão milhões de gado nos pastos e todos com uma saúde visível e para isto bastam dizer que nenhum deles agitava o rabo para espantar insetos por sinal muito poucos realmente e o meu pára-brisa é testemunha.

Tudo conspirava para o meu prazer, o dia maravilhoso, o asfalto novo e até uma balsa tive que usar para já matar a saudade do Amazonas. O pôr do sol deslumbrante coroou este dia e às nove horas da noite cheguei ao autódromo. Três mil quilômetros realizados com facilidade embora isto implicasse em raríssimas paradas e sem almoço nenhum dia bastando um Red Bull quando eu começava a molengar.

Facílimo o estacionamento já aproveitei que os amigos iam sair para o supermercado para ir junto jantar. Campo Grande é uma cidade belíssima e o mercado dispunha de um restaurante muito sofisticado, muita conversa e depois um sono sem banho nenhum.

04 de Julho de 2008

De manhã cedo já pedi ao Mário proprietário da Trailemar fabricante do meu carro que está presente em todas as corridas da Stock com o seu motor-home atendendo ao piloto Alceu Feldman para dar uma olhada em pequenos problemas (Antena da televisão, placa da calefação, etc.) resolvendo o possível e dando as coordenadas do que fazer quando chegar a Curitiba.

Depois disto um banho e fui visitar os amigos nos boxes, acabei ficando com o João pai do piloto Atila Abreu que fez um excelente oitavo lugar na classificação. De tarde comemos bolo em honra ao aniversário de sua esposa Alexandra.

Muito bate papo com os amigos neste ambiente cordial e para colorir termino o dia de hoje com a frase do Valdenir quando eu comentei que após um longo tempo eu iria voltar para casa – Você vai fazer um pinto-stop!

05 de julho de 2008
Outra manhã magnífica embora nos últimos dias tenha passado um frio brabo à noite, cada vez que isto acontece me lembro que o cobertor pesado (Durmo com um leve) está debaixo da cama. Impressionante o que três mil quilômetros para baixo faz com o clima.

Tomei meu café e como havia ainda um tempo antes de começar a qualificação decidi bater umas fotos com os amigos que servem de suporte aos pilotos. Abaixo o Francisco do casasobrerodas que atende o Cacá Bueno, o Antonio Jorge Neto e o Popó Bueno.





Corrida de sábado e ainda neste horário confuso (Campo Grande é uma hora menos que Brasília) impediram de eu fazer mais fotos daí voltei a casa para assistir a qualificação da F1 e vibrei muito com o segundo lugar no grid do Mark Webber, logo em seguida começou a Stock que preferi assistir pela televisão do motor-home e ela foi espetacular!

Sem dúvida e não por eu estar junto à corrida do Átila Abreu mostrou aos que entendem de automobilismo que está presente mais um piloto no nível dos campeões. Eu chamo este algo mais de inteligência de corrida e que o Cacá Bueno até então não tinha igual.

Com a bandeirada final ainda sendo agitada voei para o pódio e pude participar de perto da alegria dos vencedores.

Depois com mais tranqüilidade fui fazer umas fotos para mostrar os companheiros que participam destes eventos. Abaixo a Alexandra e o João Abreu com o filho Átila no meio, só felicidade após tão brilhante corrida.

Quase toda a equipe embora um dos personagens principais não esteja presente que é o Jorge de Freitas dono da equipe. Neste momento posavam para a televisão com o lindo troféu que já tinha sido dado à mãe de presente pelo aniversário de ontem.






Abaixo a esquerda o piloto Marcos Gomes com o amigo Alex. O Alex e a esposa são os responsáveis pelo motor-home do Medley que atente o Valdeno Brito, Ricardo Mauricio e o próprio Marcos Gomes. Foi uma festa na Medley porque o Ricardo ficou em primeiro e o Marcos em segundo e se o Valdeno não tivesse quebrado ficaria com o terceiro e isto valoriza mais ainda a colocação do Átila já que a equipe do Andréa Matheus trabalho em outro nível em relação as demais.

Com a debandada geral termino esta parte com a foto do meu amigo Mário proprietário da Trailemar com o Alceu Feldman que terminou a corrida em um excelente sétimo lugar deixando-o candidato a ficar entre os dez que disputarão o campeonato nas últimas quatro corridas.

Agora é preparar o carro e iniciar o rumo para Bragança Paulista onde pegarei minha mãe para lhe dar uma carona até São José dos Pinhais. Lá também aproveitarei para rever meu amigo Alex Almeida e tentarei entrar em um acordo para que ele transforme este blog em um site mais fácil de lidar.

Sai na frente do pessoal com prévia combinação de pararmos na cidade de Três Lagoas como assim se sucedeu. O Alex seguiu viagem depois deste encontro e o Francisco, o Mário e eu dormimos nos posto (Real)

06 de julho de 2008

De manhã o Mário e eu saímos juntos e logo nos separamos porque eu iria parar para assistir a F1 em Silverstone. Show de corrida com ótimas variáveis e uma brilhante vitória do Lewis Hamilton na chuva.

Depois tomei m banhão e fui para a estrada por pouco tempo porque logo em seguida bateu uma lombeira e estacionei para tirar uma soneca que acabou se transformando em um grande sono e só na manhã seguinte continuei rumo a Bragança Paulista.

07 de julho de 2008

As estradas paulistas são a coisas mais maçantes para se andar, que adianta estas super pistas tão limitadas em velocidade? Além disto, uma paisagem repetitiva e sem emoção onde a maior parte do tempo fica-se olhando o velocímetro porque a única plantação que se vê por aqui é de radares.
Cheguei à casa da minha irmã e isto sempre é ótimo, atualizamos a conversa e logo veio o Vicente marido da minha sobrinha Cristina e quem eu considero independente do relacionamento familiar um amigo muito especial. Mais um tempo chegou o Alex Almeida e logo após uns papos fomos a luta na decisão de como iríamos simplificar esta lide lazarenta do blog. Muito capacitado o Alex fechamos um negócio de transformar isto em um site e se você leu até aqui é porque ele já está funcionando. Sortido de vida foi o nome que escolhi.

Na foto abaixo o exato momento que o Alexandre Almeida registrava o domínio deste nome.

08 de julho de 2008
Malas da mãe acondicionadas no motor-home e ela instalada saímos em direção a base, viagem tranqüila que fizemos em seis horas ponta a ponta e para contradizer o Fernando (casalnaestrada) que colocou em seu blog que a Régis Bittencourt foi a pior estrada que eles andaram. Eu que a conheço muito por ser a que mais vezes viajei achei que no momento a volta está um tapete me fazendo crer que a proibição do álcool está fazendo acontecer um efeito inesperado no casal.

Estes quase quatro meses de viagem e uns vinte e quatro mil quilômetros andados foram adoráveis, tirando obviamente as dificuldades que a péssima conexão da Tim fornece e a surra que este &^%&^&* de laptop me deu todo o restante foi amplamente justificado. É uma visão da grandeza e da beleza do Brasil ampliada e necessária para se dar um lustre no nosso orgulho em ser brasileiros e responsáveis por tudo isto aí.

Uma explicação do por que viajar dada pelo mestre Amir Klink e que copiei do blog casalnaestrada:

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.
Pós-escrito – O site Sortido de vida chegou a entrar no ar e estava adorável, infelizmente não havia sido feito um orçamento e a idéia que eu captei é que seriam tão razoáveis os custos que não mereceriam menção. Foi um engano terrível, os custos de um site são altíssimos e se tornam inviáveis para a finalidade que estes escritos se propõem.